Homens são chicoteados em trem no Rio por agentes da SuperVia
"Sou trabalhador, acordei às 5h da manhã para trabalhar", desabafou Carlos dos Santos Fernandes, um dos passageiros que diz ter levado socos e chicotadas nesta manhã por agentes da SuperVia, concessionária do transporte ferroviário do Rio, durante o desembarque na estação de Madureira. Ele, e outro passageiro, foram à 29ª DP (Madureira) registrar o caso.
Segundo Carlos, que diz ter sido alvo de socos no rosto e no peito, e chicotadas no braço, cerca de dez agentes participaram das agressões. Carlos contou ainda que dois policiais militares viram toda a ação e nada fizeram para impedir. A vítima afirma que toda a ação, inclusive a suposta inércia da PM, foi filmada por outro passageiro pelo celular.
Procurada pelo G1, a assessoria da PM disse que, até o momento, não recebeu nenhuma reclamação sobre os policiais, mas promete que vai apurar o caso junto ao batalhão da área.
O passageiro, que tem 22 anos, mora em Engenheiro Pedreira, na Baixada Fluminense, e trabalha como auxiliar de serviços gerais numa loja de móveis em Madureira, diz que pegou o trem por volta das 6h20. Quando chegou à estação foi surpreendido pelo tumulto. "As portas dos vagões estavam abertas. Eu estava tentando saltar para ir para o trabalho, mas os funcionários da SuperVia não deixavam. Tinha até um homem dando soco inglês e a PM não fez nada" .
Olavo Dahlskjaer, de 23 anos, disse na delegacia que levou dois socos nas costelas e uma chicotada na perna durante o desembarque em Madureira, além de ter tido a mochila rasgada. "Eu filmei tudo. Aparece a PM parada, não fazendo nada para impedir. Os funcionários bateram em muitas pessoas, inclusive senhoras, mulheres com crianças no colo e idosos. Foi geral. Quem tava na frente, eles davam chicotadas".
A 29ª DP já abriu uma investigação para apurar o caso. Segundo o responsável o inspetor Valdir Rodrigues dos Santos, as duas vítimas serão encaminhadas para exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal. O inspetor explica também que a SuperVia deve ser oficiada para identificar os funcionários suspeitos de agressão. Após a investigação, o delegado decide se vai abrir inquérito ou não sobre o caso.
Imagens flagraram agressão
(clique aqui para assistir)
Imagens flagraram na manhã desta quarta-feira (15) agentes da SuperVia agredindo passageiros na estação de Madureira. As imagens mostram que os agressores chegaram a utilizar uma espécie de chicote contra eles.
O que diz a SuperVia
A SuperVia divulgou nota sobre o incidente e promete tomar providências: "Com relação às imagens dessa manhã, na estação de Madureira, a SuperVia Concessionária de Transporte Ferroviário S/A, informa que os agentes de controle são orientados a coibir tentativas de depredação ao patrimônio público, atos de vandalismo e condutas que coloquem em risco os demais passageiros e a operação regular dos trens.
Os excessos apresentados não estão de acordo com o Código de Ética e Conduta da SuperVia e as ações dos vândalos não servem de razão para reações violentas. É importante ressaltar que todos os agentes de controle são treinados para tratar com respeito e dignidade os passageiros. Neste caso, a Empresa irá apurar rigorosamente os fatos e tomar as devidas providências".
Concessionária confirma um detido
O diretor de marketing da SuperVia, José Carlos Leitão, falou, em entrevista por telefone à Globonews, que um funcionário da concessionária foi afastado após o incidente. As imagens mostram, no entanto, três ou quatro agentes agredindo os passageiros mesmo após as portas dos vagões terem sido fechadas e já com o trem em movimento.
Segundo ele, os funcionários não são orientados a agredir passageiros, mas ele não descarta a possibilidade de terem havidos excessos por parte dos agentes. Leitão informou ainda que a Polícia Militar foi chamada e que só este ano 200 pessoas foram presas por impedir o fechamento das portas dos vagões.
"É preciso lembrar que estamos vivendo neste momento, por culpa do sindicato, uma situação anormal. Os ânimos estão muito exaltados e nós não sabemos, estamos apurando neste momento, o que é que exatamente houve. A pessoa pode ter sido provocada. Havia um princípio de tumulto na estação e convenhamos que quem segura as portas é marginal e num momento desses não dá para chegar para chegar para pessoa e pedir 'por favor, o senhor gostaria de sair à porta, o senhor está impedindo o prosseguimento da viagem do trem'. Podem ter havido realmente excessos, mas volto a lembrar que segurar a porta é crime e esse ano já foram 200 para a cadeia".
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