TJ-MT - APELAÇÃO CÍVEL: AC XXXXX20128110091 MT
APELANTE: ELIOS JOSÉ LOPES APELADO: JORGE SILVESTRI DA SILVEIRA E M E N T A: RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE C/C INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS – PROCEDÊNCIA – ART. 1.210 , § 2º , DO CC/2002 – PRETENSÃO PETITÓRIA E POSSESSÓRIA QUE NÃO SE CONFUNDEM – TESTEMUNHAS E DEPOIMENTO PESSOAL DO AUTOR - AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE DE ÁREA MAIOR OCUPADA POR INÚMEROS POSSEIROS – RECONHECIMENTO EM AUDIÊNCIA – AUSÊNCIA DE POSSE – VENDA DA POSSE DA FRAÇÃO REMANESCENTE AO AUTOR APENAS EM 2004 – RECONHECIMENTO DO DIREITO À REINTEGRAÇÃO DA FRAÇÃO DA ÁREA CUJA POSSE NÃO FOI ANTERIORMENTE ALIENADA AO RÉU – PRETENSÃO INDENIZATÓRIA AFASTADA – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. “O possessório e o petitório não se baralham. Não pode haver confusão nas ações que possuem fundamento na posse enquanto exercício de poder fático, daquelas que possuem por base o direito de propriedade. Com efeito, no juízo possessório discute-se exclusivamente o 'jus possessionis', vale dizer, a garantia decorrente da proteção jurídica concedida ao fato da posse. No juízo possessório protege-se o possuidor contra atentados de terceiros em decorrência das faculdades jurídicas originadas da posse. No juízo petitório, ao reverso, protege-se as faculdades e poderes jurídicos originados do direito de propriedade. Vê-se assim a manifesta distinção entre ambos, havendo latente (sic) e inconciliável distinção na causa de pedir.” (MELLO, Cleyson de Moraes; FRAGA, Thelma Araújo Esteves. Org. O NOVO CÓDIGO CIVIL COMENTADO. Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2002. p.1111). Se, além de o proprietário autor reconhecer em juízo que adquiriu apenas a propriedade da área maior, ocupada por inúmeros posseiros, o antigo possuidor da parte dessa área cuja posse se disputa, reconheceu em juízo que antes de vender a posse de tal área ao referido adquirente (autor) já havia alienado a posse sobre 2/3 (dois terços) de referida área ao antecessor do réu, descabe a reintegração do proprietário na posse de toda a área. Tal reintegração deve restringir-se à fração da área cuja posse não fora previamente alienada ao requerido.-