EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO E CORRUPÇÃO DE MENORES - PRELIMINAR DE INTEMPESTIVIDADE SUSCITADA PELA PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA - NÃO OCORRÊNCIA - RECURSO TEMPESTIVO - MÉRITO - ABSOLVIÇÃO - NÃO CABIMENTO - AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS - PALAVRAS COERENTES DA VÍTIMA E DAS TESTEMUNHAS - RECONHECIMENTO DE PESSOAS REALIZADO SEM A OBSERVÂNCIA DO ARTIGO 226 , DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - PROCEDIMENTO DISPENSÁVEL NO CASO CONCRETO E EXISTÊNCIA DE OUTRAS PROVAS PARA COMPROVAR A AUTORIA DO DELITO - APLICAÇÃO DA MINORANTE DO FURTO PRIVILEGIADO - VIABILIDADE - APLICAÇÃO, DE OFÍCIO, DO CONCURSO FORMAL DE CRIMES - NECESSIDADE, POR SE TRATAR DE SITUAÇÃO MAIS BENÉFICA AO ACUSADO. - Nos termos do Tema Repetitivo 959, o termo inicial de contagem do prazo para o Ministério Público é a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão. O mesmo raciocínio é válido para a Defensoria Pública de forma que, demonstrado que foi observado o prazo recursal cujo início se deu com a efetiva entrega dos autos, descabe falar em intempestividade do recurso - Havendo prova cabal da materialidade e da autoria dos crimes de furto e corrupção de menores descritos na denúncia, consubstanciada nas palavras da vítima e das testemunhas, colhidas sob o crivo do contraditório, resulta inviável a absolvição - A inobservância dos preceitos do artigo 226 , do Código de Processo Penal , não acarreta a imediata absolvição do acusado, que foi perseguido pela vítima e apreendido na posse da res furtiva logo após o crime. Nesses casos, a possibilidade de falso reconhecimento é praticamente obliterada e não impõe a necessidade do procedimento previsto em Lei, que é realizado "quando houver necessidade" - Tratando-se de réu primário e res furtiva com valor inferior a 01 (um) salário mínimo, reconhece-se o furto privilegiado, valendo lembrar que a escolha do benefício aplicável, dentre aqueles previstos no § 2º do artigo 155 , do Código Penal é ato discricionário vinculado do julgador - Presentes os requisitos legais do artigo 70 , do Código Penal , deve ser realizado o concurso formal de crimes, ainda que de ofício, por se tratar de situação mais benéfica ao acusado.