DECISÃO: ACORDAM os Magistrados integrantes da Segunda Câmara Criminal do egrégio Tribunal de Justiça do Paraná, à unanimidade, em negar provimento ao recurso, reconhecendo-se, ex officio, a existência de crime único, com readequação da pena e consequente substituição. EMENTA: APELAÇÃO CRIME. POSSE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO SUPRIMIDA (ART. 16 , PARÁGRAFO ÚNICO , IV , DA LEI N.º 10.826 /2003).ALEGADA ATIPICIDADE DA CONDUTA, COM BASE NA INCIDÊNCIA DA ABOLITIO CRIMINIS TEMPORALIS E DA ENTREGA ESPONTÂNEA DA ARMA. DESCABIMENTO. CRIME PRATICADO EM 2012 E ENTREGA DA ARMA QUE SÓ OCORREU EM RAZÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE. PEDIDO DE APLICAÇÃO DAS ATENUANTES DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA E DO DESCONHECIMENTO DE LEI.IMPOSSIBILIDADE. PENA JÁ FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ARTIGO 21 DO CÓDIGO PENAL QUE PRECEITUA QUE O DESCONHECIMENTO DA LEI É INESCUSÁVEL.RECURSO DESPROVIDO E, EX OFFICIO, RECONHECIDA A EXISTÊNCIA DE CRIME ÚNICO, CONDENANDO-SE O RÉU APENAS PELO ARTIGO 16 , PARÁGRAFO ÚNICO , IV , DA LEI 10.826 /2003.1. A hipótese de extinção da punibilidade prevista no art. 32 da Lei 10.826 /2003 pressupõe a entrega voluntária da arma à autoridade policial, não fazendo jus à benesse o agente que é flagrado portando ou possuindo o artefato.2. A incidência de circunstância atenuante não tem o condão de reduzir a pena aquém do mínimo legal, nos termos da redação da Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça.3. Inaplicável a atenuante expressa no art. 65 , inciso II , do Código Penal , quando o réu tem consciência da ilicitude da conduta praticada. O arguido desconhecimento da Lei não encontra justificativa após a publicação da Lei, tornando-a oponível a todos.4. Quando crimes que tutelam o mesmo bem jurídico e que têm a mesma vítima forem praticados no mesmo contexto fático, deve ser reconhecida a existência de crime único. I. (TJPR - 2ª C.Criminal - AC - 1365276-9 - Rio Branco do Sul - Rel.: José Mauricio Pinto de Almeida - Unânime - - J. 02.07.2015)