Tribunal de Justiça de Pernambuco Poder Judiciário Gabinete do Desa. Valéria Bezerra Pereira Wanderley 2ª TCRC SEGUNDA TURMA DA CÂMARA REGIONAL DE CARUARU APELAÇÃO CÍVEL Nº XXXXX-66.2009.8.17.0500 AP ELANTE: ESTADO DE PERNAMBUCO APELADO: GERSON SOARES DA SILVA RELATORA: DESA. VALÉRIA BEZERRA PEREIRA WANDERLEY EMENTA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CONDENATÓRIA. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. AJUIZAMENTO PELO CONSUMIDOR/DEVEDOR. PEDIDO PROCEDENTE NA ORIGEM. TÍTULO REGULARMENTE PROTESTADO. INCONTROVERSA QUITAÇÃO POSTERIOR DA DÍVIDA. CARTA DE ANUÊNCIA EMITIDA PELO CREDOR. PROTESTO BAIXADO. INSCRIÇÃO NEGATIVA MANTIDA NO SERASA. MANUTENÇÃO INDEVIDA. BAIXA. RESPONSABILIDADE DO OFÍCIO DE PROTESTO DE TÍTULOS QUE SOLICITOU A INSCRIÇÃO NO ÓRGÃO ARQUIVISTA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO PELOS ATOS DE TABELIÃES E REGISTRADORES OFICIAIS QUE, NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES, CAUSEM DANOS A TERCEIROS, ASSEGURADO O DIREITO DE REGRESSO CONTRA O RESPONSÁVEL NOS CASOS DE DOLO OU CULPA. DANOS MORAIS DEVIDOS.RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. O cerne recursal se limita a apuração acerca da responsabilidade pela baixa das inscrições negativas, decorrentes de protesto de título, em cadastros de inadimplentes e se devida a indenização por danos morais. Sabe-se que, a decorrência lógica do sistema de protesto de títulos: O título é protestado e o próprio Ofício de Protestos encaminha a inscrição do nome do devedor para os órgãos de proteção ao crédito. Dívida quitada. Protesto cancelado. Ausência de comprovação nos autos de que o Cartório de Ofício Único de Cumaru solicitou a baixa nos cadastros de proteção ao crédito, o que deveria ter sido providenciado imediatamente após o cancelamento do protesto. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. Tabeliães e registradores oficiais são particulares em colaboração com o poder público que exercem suas atividades in nomine do Estado, com lastro em delegação prescrita expressamente no tecido constitucional (art. 236, CRFB/88). O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem danos a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. No caso dos autos há evidente nexo causal e os pressupostos de caracterização de danos morais, extrapolando-se a hipótese de mero transtorno ou dessabor suportado pelo autor/apelado. Recurso conhecido e improvido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos da Apelação Cível acima referenciados, ACORDAM os Desembargadores integrantes da Segunda Turma da Primeira Câmara Regional de Caruaru-PE, em sessão desta data, e à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório, voto e ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante deste julgado. Caruaru, data da certificação digital. VALÉRIA BEZERRA PEREIRA WANDERLEY Desembargadora Relatora