TJ-MG - Apelação Cível: AC XXXXX20228130024
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - SUSPEITA DE FRAUDE - INTIMAÇÃO PESSOAL DA PARTE AUTORA - IRREGULARIDADE NA CONSTITUIÇÃO DE ADVOGADO - INFORMAÇÃO DE CAPTAÇÃO DE CLIENTES - ART. 34 , INCISOS III E IV DA LEI Nº 8.906 /1994 ( ESTATUTO DA ADVOCACIA )- VEDAÇÃO EXPRESSA - EXTINÇÃO DO FEITO, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, POR AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS DE CONSTITUIÇÃO E DE DESENVOLVIMENTO REGULAR DO PROCESSO (ART. 485 , INCISO IV , DO CPC/2015 )- ÔNUS SUCUMBENCIAIS - ART. 104 , § 2º , DO CPC . - Tendo em vista a suspeita de fraude, foi determinada a intimação pessoal da parte autora, para que informasse se possuía conhecimento acerca da propositura da presente demanda, esclarecendo sobre a forma como se deu a contratação de seu advogado - Consoante informação obtida pelo oficial de justiça, o autor declarou ter sido procurado pelo causídico para celebrar o contrato de prestação de serviços advocatícios - Nos termos do art. 34 da Lei nº 8.906 /1994, constitui infração disciplinar valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a receber (inciso III), assim como angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros (inciso IV) - Considerando que o patrono do autor foi constituído por meio de captação de clientes, prática expressamente vedada pelo Estatuto da Advocacia , urge a extinção do feito, sem resolução de mérito, por ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo (art. 485 , inciso IV , do CPC/2015 )- No caso concreto, não há dúvidas de que foi o patrono do apelante quem deu causa à propositura da demanda, devendo suportar o pagamento dos ônus sucumbenciais, conforme prevê o art. 104 , § 2º do CPC . V.V. APELAÇÃO CÍVEL - PRETENSÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - PRELIMINAR DE EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO - CAPTAÇÃO DE CLIENTES - CONDUTA ANTIÉTICA - APURAÇÃO EM PROCEDIMENTO ADMISTRATIVO - REJEIÇÃO DA PRELIMINAR. A captação indevida de clientes é infração prevista no código de ética da OAB (art. 34 , IV , da Lei nº 8.906 /94). Tal prática deve ser apurada administrativamente, sem impedir o exercício do direito de ação da parte que reconhece a formalização do contrato de prestação de serviços advocatícios.