Tribunal de Justiça do Estado da Bahia PODER JUDICIÁRIO PRIMEIRA TURMA RECURSAL - PROJUDI PADRE CASIMIRO QUIROGA, LT. RIO DAS PEDRAS, QD 01, SALVADOR - BA ssa-turmasrecursais@tjba.jus.br - Tel.: 71 3372-7460 PROCESSO Nº XXXXX-02.2022.8.05.0057 ÓRGÃO: 1ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CLASSE: RECURSO INOMINADO RECORRENTE: BANCO BRADES CO S/A ADVOGADO: ANTONIO DE MORAES DOURADO NETO RECORRIDO: JOAO VIANA DOS SANTOS ADVOGADO: VIVIANE DE JESUS SOUZA ORIGEM : Vara do Sistema dos Juizados - CÍCERO DANTAS RELATORA: JUÍZA NICIA OLGA ANDRADE DE SOUZA DANTAS JUIZADO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO INOMINADO. ALEGAÇÃO DE COBRANÇA INDEVIDA DE ANUIDADE. CARTÃO DE CRÉDITO NÃO SOLICITADO. AUTOR COLACIONA EXTRATO DEMONSTRANDO DESCONTO INDEVIDO. ACIONADA ALEGA QUE AUTOR POSSUI CARTÃO MÚLTIPLO E JUNTA FATURAS QUE DEMONSTRAM QUE NÃO HOUVE UTILIZAÇÃO DO CARTÃO NA MODALIDADE DE CRÉDITO. DESTA FORMA NÃO SE DESINCUMBIU DO SEU ÔNUS PROBATÓRIO – ART. 373 , INCISO II , DO CPC . SENTENÇA QUE RECONHECEU A INEXISTÊNCIA DO DÉBITO, CANCELAMENTO DA ANUIDADE, RESTITUIÇÃO EM DOBRO DOS VALORES DESCONTADOS E DANOS MORAIS CONFIGURADOS E FIXADOS EM PATAMAR ADEQUADO PELO JUÍZO DE PISO (R$2.000,00). RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1. O Fornecedor tem direito de cobrar pelos serviços que oferta, fixar-lhe seus preços, mas tem obrigação legal de informação adequada quando da oferta, como lhe impõem os artigos 6º , inciso III e 30 do Código de Defesa do Consumidor . A contratação do Cartão múltiplo na modalidade crédito não restou comprovada nos autos em que pese ter acostado as faturas, estas demonstram que o autor não efetuou nenhuma compra no crédito, contudo demonstram a cobrança irregular da anuidade. 2. Assim, caberia à parte acionada a prova inequívoca de que o serviço foi efetivamente contratado, contudo, não o fez, respondendo de forma objetiva pelos danos causados ao consumidor. 3. A lei não prevê critérios para o arbitramento da indenização por danos morais. A doutrina e a jurisprudência vêm fixando determinados aspectos a servirem de parâmetro: a gravidade do dano cometido, o grau de culpa do agente, a capacidade econômica das partes, a função punitiva da indenização, seu caráter pedagógico e as consequências dos danos na personalidade do sujeito de direito. 4. É pacífico que a fixação da verba reparatória reside no poder discricionário do Julgador, que levará em consideração os detalhes e as características do caso concreto. Na presente hipótese, entendo adequada a fixação da indenização em R$2.000,00 (dois mil reais), mormente em razão da quebra do dever de confiança e configuração de desvio produtivo do consumidor. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. RELATÓRIO Relatório dispensado, na forma do Enunciado 92 do FONAJE: “Nos termos do art. 46 da Lei nº 9099 /1995, é dispensável o relatório nos julgamentos proferidos pelas Turmas Recursais”. VOTO Mantida a sentença prolatada pelo M.M. Juiz a quo pelos seus próprios fundamentos, nos termos do art. 46 da Lei 9.099 /95. Diante do quanto exposto, VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO para MANTER A SENTENÇA, em todos os seus termos. Custas e honorários, estes em 20% do valor da condenação a cargo do recorrente vencido. NICIA OLGA ANDRADE DE SOUZA DANTAS Juíza Relatora