APELAÇÕES CÍVEIS. PROCESSO CIVIL. CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. ABORDAGEM DE SEGURANÇAS DO SUPERMERCADO SOB ACUSAÇÃO DE FURTO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA RECONHECIDA NOS AUTOS – AUSÊNCIA DE PROVAS DO REGULAR EXERCÍCIO DE DIREITO – FILMAGEM DA SEGURANÇA NÃO APRESENTADA PELA REQUERIDA – ACUSAÇÃO INJUSTA DE FURTO DE SABONETE – CONDUÇÃO DO CONSUMIDOR A UMA SALA FECHADA PARA REVISTA E VERIFICAÇÃO DOS PRODUTOS COMPRADOS NO SUPERMERCADO – SITUAÇÃO VEXATÓRIA VIVENCIADA PELO CONSUMIDOR NA FRENTE DE OUTRAS PESSOAS QUE ULTRAPASSA OS LIMITES DO RAZOÁVEL – DANOS MORAIS EVIDENCIADOS E MANTIDOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO MODIFICADO – ADEQUAÇÃO DO VALOR PARA ATENDER A DUPLA FINALIDADE DE EFETIVAMENTE COMPENSAR A VÍTIMA PELOS DANOS SOFRIDOS E SERVIR DE DESESTÍMULO DA PRÁTICA DE NOVOS ATOS ILÍCITOS OU ABUSIVOS PELO OFENSOR, BEM COMO COM OS PARÂMETROS ESTABELECIDOS POR ESTA CÂMARA. JUROS DE MORA A PARTIR DO EVENTO DANOSO – RELAÇÃO EXTRACONTRATUAL ENTRE AS PARTES. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. APELAÇÃO DESPROVIDA E RECURSO ADESIVO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. No caso, resta incontroverso sobre a aplicação do Código de Defesa do Consumidor e da inversão do ônus da prova, de modo que cabia à Requerida/Apelante comprovar que a abordagem ocorrida no seu estabelecimento não foi abusiva, contudo, assim não o fez. Extrai-se dos autos, que a Requerida não apresentou o vídeo de segurança, muito menos apresentou testemunhas que tenham presenciado os fatos alegados pelo Autor/Apelado. De outro lado, o depoimento do Autor foi confirmado, por sua testemunha, ouvida como informante, no sentido, de que foi conduzido por segurança para uma sala fechada, na frente de outras pessoas, sendo acusado de furto de sabonete, pelo simples fato de ter atendido o celular. 2. O fato do Autor ter admitido que o segurança o atendeu com educação e que continua cliente da requerida, não afasta a injusta acusação de furto, muito menos o sentimento de cárcere privado, ao ser conduzido à uma sala, para revista e verificação da nota e produtos comprados, sendo inegável o abalo emocional, pela situação vexatória vivenciada, o que demonstra prejuízo de ordem extrapatrimonial, de modo que mantém-se a indenização por danos morais. 3. O quantum indenizatório fixado na sentença não se mostra adequado ao caso, considerando que a Requerida é uma empresa de grande porte, razão pela qual a pretensão da Requerida/Apelante de redução da indenização não merece amparo, porém, comporta a majoração, contudo, não no montante sugerido pela Apelante Adesiva, mas sim nos termos já fixados, em casos similares, por esta Corte. 4. A Requerida/Apelante não tem razão quanto a inaplicabilidade da Súmula 54 do STJ no caso, tendo em vista que a relação entre as partes é extracontratual, assim, os juros de mora incidem a partir do evento danoso. 5. Sentença reformada em parte, para majorar a indenização por danos morais. 6. Recurso do Requerido Desprovido. Recurso adesivo do Autor Parcialmente Provido.