TJ-MT - DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE: ADI XXXXX20198110000 MT
ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DO DES. PAULO DA CUNHA GABINETE DO DES. PAULO DA CUNHA DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (95) AUTOR: PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO REU: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO EMENTA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – PRELIMINAR – INCOMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ARGUIDA PELA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA – INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL EM FACE DE NORMA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – NORMA CONSTITUCIONAL DE REPRODUÇÃO OBRIGATÓRIA – PRELIMINAR REJEITADA – MÉRITO – LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N. 629/2019 – PROCESSO LEGISLATIVO DEFLAGRADO PELA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA – INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL – VÍCIO DE INICIATIVA – AFRONTA AO ARTIGO 106, INCISO I, DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL – COMPETE AO PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA A INICIATIVA DE LEI COMPLEMENTAR QUE TRATE SOBRE A ORGANIZAÇÃO, ATRIBUIÇÕES E ESTATUTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL – AUTONOMIA FUNCIONAL E ADMINISTRATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – INCONSTITUCIONALIDADE DO INSTRUMENTO NORMATIVO EDITADO PELA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO – TRIBUNAL DE CONTAS – ÓRGÃO COMPETENTE PARA O JULGAMENTO DAS CONTAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO – ARTIGO 47, INCISO II, C/C ARTIGO 105, PARÁGRAFO ÚNICO, DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL – AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica e dominante no sentido de que as normas instituídas na Constituição Federal que conferem iniciativa reservada de lei devem ser necessariamente observadas pelos Estados-membros, independentemente da espécie normativa envolvida” ( ADI n. 4142 ). É de competência do Procurador-Geral de Justiça a iniciativa de lei complementar estadual que versa sobre organização, atribuições e o estatuto do Ministério Público. Nesse sentido, se a Casa de Leis deflagra processo legislativo no intuito de criar norma a conferir novas atribuições ao chefe do Ministério Público, afronta ao artigo 106, I, da Constituição Estadual. A usurpação de competência legislativa do Procurador-Geral de Justiça para propor lei complementar que cuida de atribuições dos órgãos e membros do Ministério Público estadual representa, igualmente, subtração da autonomia e independência do Ministério Público, conferida pelo artigo 104 da Constituição Estadual. O STF, no julgamento da ADI n. 3715 -MC, reafirmou o entendimento de que compete ao Tribunal de Contas o julgamento das “contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio, ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário (art. 71 , II , CF/88 )”.