PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA Segunda Câmara Cível Processo: APELAÇÃO CÍVEL n. XXXXX-10.2013.8.05.0080 Órgão Julgador: Segunda Câmara Cível APELANTE: ANDRELINA LOPES DOS SANTOS e outros Advogado (s): KELLYANE MOREIRA DA SILVA RODRIGUES, VINICIUS CERQUEIRA BACELAR, RONALDO MENDES DIAS, ERICA MEIRELES MOREIRA DE ARAUJO, AGLAY LIMA COSTA MACHADO PEDREIRA APELADO: EMPRESA BAIANA DE ÁGUAS E SANEAMENTO S/A - EMBASA e outros Advogado (s):ERICA MEIRELES MOREIRA DE ARAUJO, KELLYANE MOREIRA DA SILVA RODRIGUES, RONALDO MENDES DIAS, VINICIUS CERQUEIRA BACELAR, AGLAY LIMA COSTA MACHADO PEDREIRA ACORDÃO APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. EMBASA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. IRRESIGNAÇÃO QUANTO AOS VALORES DAS FATURAS. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR . RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO PRESTADOR DE SERVIÇO PÚBLICO. RISCO EMPRESARIAL. inscrição indevida nos órgãos de proteção ao crédito. DANO MORAL CONFIGURADO. MONTA INDENIZATÓRIA INSUFICIENTE. NÃO ATENDIDOS OS POSTULADOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. MAJORAÇÃO DEVIDA. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE. APELO DA EMPRESA ACIONADA CONHECIDO E NÃO PROVIDO. RECURSO DE APELAÇÃO DA ACIONANTE PROVIDO. I - A questão posta em juízo orbita em torno da existência, ou não, de efetivo fornecimento de água no imóvel da autora no período de 2004 a 2011, bem como a existência de erro nas faturas de cobrança e na inscrição dos dados da autora nos órgãos de proteção ao crédito. II - A Constituição Federal , no seu art. 37 , parágrafo 6º , bem como o CDC , nos artigos 12 e 14 , estabelecem a responsabilidade objetiva dos prestadores de serviço público pelas intercorrências decorrentes da atividade mercantil por eles desempenhadas, apenas sendo elidida nas hipóteses de culpa exclusiva da vítima ou de terceiro, desde que este terceiro seja alheio ao serviço de fornecimento de energia. III - In casu, as partes pactuaram entre si um contrato de abastecimento de água, responsabilizando-se a empresa acionante em fornecer água para o imóvel da autora. Porém por motivo alheio à sua vontade, o serviço não foi prestado de forma correta, pois as faturas de consumo foram enviadas e cobradas com altas variações de consumo, sem que o abastecimento de água estivesse de fato ocorrendo. Por isso, resta patente a conduta abusiva da empresa ré, pela falha na prestação do serviço de fornecimento de água, causadora de aborrecimentos, insegurança, frustração e constrangimentos à autora. IV - A prova do dano moral, no caso vertente, é o próprio fato ofensivo causado pela empresa ré e a inscrição indevida dos dados da autora nos órgãos de proteção ao crédito, sendo despiciendo a exigência da comprovação do prejuízo. V - O QUANTUM INDENIZATÓRIO fixado em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) é módico e encontra-se fora da realidade demonstrada nos autos e os valores arbitrados nesta Corte de Justiça, motivo pelo qual é necessário majorá-lo para R$ 10.000,00 (dez mil reais), pois assim desempenhará o duplo papel de compensar a vítima e punir o agente. VI – Sentença reformada em parte. APELO DA EMPRESA ACIONADA CONHECIDO E NÃO PROVIDO. APELO DA ACIONANTE CONHECIDO E PROVIDO. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelações Cíveis Simultâneas nº XXXXX-10.2013.8.05.0080 , provenientes da 5ª Vara de Relação de Consumo, Cíveis e Comerciais da Comarca de Feira de Santana, figurando simultaneamente como apelantes e apelados, ANDRELINA LOPES DOS SANTOS e a EMPRESA BAIANA DE ÁGUAS E SANEAMENO S/A – EMBASA. Acordam os Desembargadores componentes da Turma Julgadora da Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia em, à unanimidade de votos, EM CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO APELO DA EMPRESA ACIONADA e CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO PELA ACIONANTE, e assim o fazem pelas razões adiante expostas. Sala das sessões, DES.(A) PRESIDENTE ADRIANO AUGUSTO GOMES BORGES Juiz Substituto de 2º Grau - Relator PROCURADOR (A) DE JUSTIÇA