APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - CHEQUE - SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA PUBLICADA SOB A ÉGIDE DO REGRAMENTO PROCESSUAL DE 1973 - INSURGÊNCIA DO EMBARGANTE. AFRONTA AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE - PREFACIAL SUSCITADA NAS CONTRARRAZÕES DO EMBARGADO - ARGUMENTOS EXPOSTOS NO RECLAMO DO ACIONANTE, CONTUDO, QUE GUARDAM PERTINÊNCIA COM A FUNDAMENTAÇÃO DO "DECISUM" OBJURGADO - OBSERVÂNCIA AO TEOR DO ART. 1.010, II, DA CODIFICAÇÃO EM VIGOR - REJEIÇÃO. A falta de impugnação na peça recursal dos motivos expostos na sentença revela a ausência de fundamentos de fato e de direito ( CPC/2015 , art. 1.010 , II ), requisito de regularidade formal do recurso. "In casu", embora tenha o embargado, na resposta ao apelo manejado pelo devedor, arguido ofensa ao princípio da dialeticidade, verifica-se a pertinência dos argumentos constantes nas razões de insurgência, havendo conexão entre as temáticas deduzidas e o conteúdo do comando sentencial, motivo pelo qual não merece acolhimento a proemial. ILEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM" - CESSÃO DE QUOTAS SOCIAIS EM MOMENTO ANTERIOR À EMISSÃO DA CÁRTULA OBJETO DA EXECUÇÃO - AUSÊNCIA DE ARQUIVAMENTO DA ALTERAÇÃO CONTRATUAL NO ÓRGÃO COMPETENTE - EFICÁCIA PERANTE TERCEIROS PREJUDICADA - INTELIGÊNCIA DO ART. 1.057 , PARÁGRAFO ÚNICO DO CÓDIGO CIVIL - RESPONSABILIDADE SOCIETÁRIA VERIFICADA - REJEIÇÃO, NO PONTO. Os sócios de sociedade empresária são autorizados, pelos arts. 1.003 e 1.057 do Código Civil , a ceder sua quota para outrem, sendo imprescindível a averbação do contrato particular e o arquivamento da alteração social no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins para que seja considerada eficaz perante terceiros. No caso em análise, ainda que o embargante tenha cedido suas quotas sociais em momento anterior à constituição do crédito, não há como considerar ser parte ilegítima a figurar no polo passivo da execução de título extrajudicial em razão da falta de arquivamento da alteração contratual no registro competente. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - DETERMINAÇÃO NÃO RECORRIDA COMO UM TODO - IMPUGNAÇÃO LIMITADA AO ALCANCE DA MEDIDA - RESPONSABILIDADE DO EMBARGANTE EVIDENCIADA - AUSÊNCIA DE FUNÇÕES RELATIVAS À ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE - IRRELEVÂNCIA - ATO QUE ATINGE TODOS OS SÓCIOS, SEM RESTRIÇÕES - TÓPICO DESAGASALHADO. "Para os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica, não há fazer distinção entre os sócios da sociedade limitada. Sejam eles gerentes, administradores ou quotistas minoritários, todos serão alcançados pela referida desconsideração." (STJ, REsp XXXXX/MG , Rel. Min. Luis Felipe Salomão , j. em 12/4/2016). Assim, apesar de o embargante não atuar na função de administrador/gerente da sociedade empresária CVT Gráfica e Editora Ltda, os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica lhe alcançam. PENHORA DE DOIS BOXES DE GARAGEM - DEFENDIDA SUA IMPENHORABILIDADE POR CONSTITUÍREM BEM DE FAMÍLIA - VAGAS QUE POSSUEM MATRÍCULAS PRÓPRIAS NO REGISTRO DE IMÓVEIS - HIPÓTESE QUE NÃO ABRANGE O CONCEITO MAIS AMPLO QUE IMPEDE, EM SITUAÇÕES PECULIARES, A DIVISIBILIDADE DO BEM - OBSERVÂNCIA À SÚMULA N. 944 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - TESE AFASTADA. Nos termos da Súmula n. 944 da Corte de Cidadania, a vaga de garagem que possui matrícula própria no Registro de Imóveis não constitui bem de família, podendo, assim, ser penhorada. Considerando que, no caso em testilha, os dois boxes de garagem de propriedade do embargante possuem matrículas individualizadas e autônomas, não há se falar em impenhorabilidade. EXCESSO DE PENHORA - AUSÊNCIA DE AVALIAÇÃO DOS BENS - IMPOSSIBILIDADE DE AFERIÇÃO - PEDIDO A SER FORMULADO DIRETAMENTE AO JUÍZO DA EXECUÇÃO EM OPORTUNIDADE POSTERIOR À VALORAÇÃO - PRECEITO CONTIDO NO ART. 685 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973 ( CPC/2015 ART. 874 )- TESE DESACOLHIDA. A penhora dos bens do executado deve servir de garantia para a satisfação do principal, acrescido de correção monetária e juros de mora, honorários e despesas processuais, a teor do art. 659 do Código Buzaid. Outrossim, estabelece o art. 685 do revogado Regramento Processual que, após a realização de avaliação dos bens penhorados, poderá haver a redução da constrição aos bens suficientes a garantir o crédito exequendo. Desse modo, ainda não procedida à avaliação dos bens penhorados, inviável é a acolhida do pleito de levantamento da constrição sobre aqueles supostamente excedentes ao valor do débito. Neste caso, cabe aos devedores, após a referida valoração, formular pedido de redução da penhora, nos autos da própria execução, ao Magistrado de Primeiro Grau. (TJSC, Apelação Cível n. XXXXX-25.2011.8.24.0078 , de Urussanga, rel. Robson Luz Varella , Segunda Câmara de Direito Comercial, j. 28-11-2017).