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5 de Maio de 2024

A Carta de Palocci fala sobre quem somos!

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Enaltecida por uns, criticada por outros. A carta de desfiliação do ex-ministro Antonio Palocci é um documento que diz bem mais sobre o Palocci do quê a respeito de Lula e do PT. Ela fala do País que somos e dos políticos que temos. É para ler e refletir!

O Palocci não trouxe novidades em sua carta. Depois de quase três anos de Lava Jato, o brasileiro já tem uma opinião formada. Mesmo para os que acreditam que tudo não passa de uma grande conspiração "das elites" contra os mais pobres, é inegável que a corrupção tomou conta do País. Mas o Palocci provoca uma reflexão importante: até que ponto o fanatismo é capaz de cegar as pessoas para questões tão óbvias?!

Ou será que não estamos míopes? Simplesmente acreditamos que é assim mesmo. Que vale a pena ser desonesto quanto se tem um grande objetivo em mente? "Pois os fins justificam os meios!" Nesse sentido, a Carta de Palocci fala sobre os brasileiros, sobre quem somos e naquilo que acreditamos. Fala sobre os políticos que elegemos e o País que estamos construindo...

Por esse ângulo, o Lula estaria correto. Sendo ele grande redentor de um povo massacrado e explorado por séculos afins, teria o direito de fazer algumas coisas sobre as quais não se pode falar abertamente, somente na presença de aliados, na discrição da biblioteca do Alvorada. O pecado ou a reverência estaria, portanto, no ato de publicar o que se fez, não ao ser cúmplice ou crítico aos mal feitos.

É por isso que agora Palocci, o "Judas Traidor" é odiado por tantos, e também enaltecido por outros (que antes o odiavam). Palocci falou sobre presentes, financiamento espúrio da atividade política, propinas e sobre comportamento (anti)ético dos governantes. Não que ele seja santo ou honesto. Nem faz questão de fingir que é. Até porque participou ativamente daquilo que agora resolveu revelar.

Mas pensa bem, não é possível que tais revelações sejam somente criações de uma mente brilhante, digna de um roteirista de hollywood. Também não é justificável que, mesmo sendo verdade, credite-se somente a falta de caráter do delator, ao seu interesse em escapar da lava jato. É obvio que a motivação primeira é reduzir a sua pena ou ganhar o perdão judicial. Mas isso é só o primeiro impulso. Há mais motivações em Palocci, como o sentimento de abandono em alguém que dedicou a vida a uma um líder, um partido, uma causa...

Quando se viu sozinho numa cela, percebeu que o líder era um simples humano, cheio de falhas; o partido, nada além de um partido, corrompido como todos os demais, na luta pelo poder a qualquer custo; e a causa não era tão nobre. Não a ponto de valer a pensa mofar na prisão para mantê-la viva!

Em suma, o que Palocci diz em sua carta é verdade. Ele não é herói nem vilão ao fazê-lo e só o fez porque, usado e descartado, não tinha outra opção para tentar escapar das garras da justiça. Não se enganem, o Lula faria o mesmo, se tivesse essa possibilidade!

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