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6 de Maio de 2024

BAE Systems é acusada de corromper funcionários públicos na Europa

Publicado por Expresso da Notícia
há 14 anos
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Um aristocrata austríaco foi acusado de pagar subornos em nome de BAE Systems - companhia global que desenvolve e produz sistemas de defesa avançada, segurança e projetos aeroespaciais. Count Alfons Mensdorff-Pouilly, de 56 anos, é a primeira pessoa investigada

por corrupção lighada à maior empresa de defesa da Europa.

Ele foi ouvido na semana passada no Highbury Corner Magistrates Court, no norte de Londres, onde respode à acusação de ter violado a Section 1 of the Criminal Law Act 1977. Ele está detido, sob a acusação de conspiração para promover corrupção de agentes públicos, até a audiência de 5 de fevereiro, para fixar a sua fiança.

O departamento anticorrupção da Inglaterra - The Serious Fraud Office (SFO) - acusou Mensdorff-Pouilly de agir como um agente encarregado de subornar funcionários dos governos da Áustria, República Tcheca e Hungria, para obter em troca contratos de fornecimento de jatos de caça e armamentos a estes países. O SFO alega que a atividade de corrupção aconteceu entre janeiro de 2002 e dezembro de 2008.

Mensdorff-Pouilly, que mora em Luising, já esteve preso na Áustria no ano passado, em uma investigação conjunta do SFO, do Ministério de Defesa, da polícia local e promotores de Viena. Ele é a primeira pessoa a ser detida pelo SFO como resultado de uma investigação envolvendo a em BAE Systems. Outras prisões são esperadas á medida que as investigações avançarem.

Harald Schuster, o advogado de Mensdorff-Pouilly em Viena, reclamou que não teve nenhum contato com o cliente, e que, por isso, não poderia fornecer nenhuma informação à imprensa. “Ele é inocente, e não fez nada disso que estão acusando”, afirmou Schuster.

A BAE Systems, em nota, informou que só iria comentar o caso depois que as acusações fossem apresentadas oficialmente.

6 anos de investigações

A investigação do SFO sobre as acusações de corrupção em contratos de fornecimento de sistemas jatos militares pela BAE Systems já duram seis anos, e atravessaram três continentes. As investigações vêm lançando uma nuvem sobre a reputação do grupo, que pode vir a perder bilhões de líbras em contratos de defesa.

A investigação focalizou os procedimentos da companhia na Áustria, a República Tcheca, África do Sul e Tanzânia, onde é acusada de ter feito pagamentos ilegais a funcionários públicos para ganhar contratos ou como recompensas por contratos que já tinham sido assinados.

O grupo BAE Systems sempre negou que tivesse conhecimento de pagamentos ilegais, assegurando que as transações foram feitas antes de a Inglaterra classificar como crime o envolvimento de empresas inglesas em corrupção em países estrangeiros.

Em outubro, o SFO informou que, finalmente, obteve a autorização do advogado-geral da Inglaterra para processar a companhia tão logo termine a investigação. Um porta-voz do órgão disse que a investigação estava progredindo rapidamente, mas se recusou a informar a data prevista para o fim dos trabalhos.

O SFO anunciou a sua intenção de buscar autorização para agir judicialmente contra o grupo depois que a BAE Systems passou a se recusar em colaborar. O SFO poderia ter aplicado uma multa de até 500 milhões de líbras, enquanto a empresa sustentava que o valor não poderia ultrapassar 20 milhões de líbras.

Um porta-voz do SFO disse que o órgão permaneceu aberto a negociações com a BAE, algo que em seis anos nunca evoluiu.

Proteção do governo

Uma outra investigação, de maiores proporções, movida pelo SFO com foco nos procedimentos da BAE com a Arábia Saudita, foi derrubada em 2006, depois que o governo britânico interveio, temendo que as repercussões pudessem prejudicar a relação da Inglaterra com aquele país. A transação envolvia 10 bilhões de líbras em fornecimento de novos sistemas de defesa para a Arábia Saudita.

Uma ação da SFO contra a decisão do governo foi arquivada no ano passado. A transação com a Arábia Saudita gerou mais que 40 bilhões de líbras em vendas para BAE, negócios que vinham sendo feitos desde que foi formalizado um acordo pela ex-primeira minsitra Margaret Thatcher, em meados da década de 80.

Os negócios da BAE com a Arábia Saudita já estiveram sob a investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

4 séculos de história

A BAE Systems é uma das maiores empresas de sistemas e equipamentos militares (ar, terra e forças navais) do mundo. A história do grupo, iniciada há 450 anos, está associada à expansão do império britânico.

A trajetória do grupo remonta a 1560, com a inauguração da primeira fábrica de pólvora do império britânico (Royal Gunpowder Factories), na Abadia de Waltham em Essex. O local é até hoje reconhecido como o mais antigo centro de produção de explosivos do Reino Unido. A partir de 1672, a fábrica esteve sob a gestão de sucessivas gerações da família Walton, que esteve á frente do negócio até 1735.

A partir de 1780, porém, a preocupação com a segurança, qualidade e economia nos fornecimentos de de pólvora levou o império a olhar a empresa com outros olhos. Em outubro de 1787, o governo britânico comprou a Royal Gunpowder Factories de John Walton pela quantia de 10 mil líbras. A companhia viveu sob a gestão estatal por 204 anos, contribuindo para a expansão do império britânico com pólvora e armamentos pesados.

Sob a gestão da coroa britãnica, a Royal Gunpowder Factories pôde prosperou em volume e qualidade, beneficiada pela demanda que surgiu durante o período da Revolução Francesa e as guerras napoleônicas, a partir de 1789 e culminando com a vitória de Waterloo, em 1815.

Durante o Século 19, enquanto ainda produzia pólvora para uso de exército na Guerra da Criméia, em levantes na Índia e na Guerra dos Bôers, acompanhia diversificou a produção. Além do uso em explosivos militares, cresceu de forma expressiva o uso da pólvora para fins civis, como minas de extração de minério, construção de túneirs e de estradas de ferro.

A Primeira Guerra Mundial produziu outro significativo aumento na demanda para explosivos, o que levou a Royal Gunpowder Factories a expandir suas atividades para satisfazer as exigências dos exércitos. A produção foi transferida da Abadia de Waltham por causa do crescente receio de ataques de aéreos futuros. As constantes pesquisas levaram a Royal Gunpowder Factories a desenvolver o TNT e um explosivo novo, o RDX.

Na Segunda Guerra Mundial, a Abadia de Waltham manteve ainda uma unidade de produção que, durante os primeiros dois anos da guerra, era a única planta a produzir o explosivo RDX. Mas com a transferência de produção para outras fábricas de artilharia ao redor do país, levou ao fechamento definitivo do local. Em 1943, foi finalmente desativada a Royal Gunpowder Factories.

Em 1945, o local tornou-se um centro de pesquisa para propulsores militares e explosivos mais potentes. O centro de pesquisa continuou no local até 1991, quando o governo britãnico reorganizou seus estabelecimentos de pesquisa, foi decidido o fechamento do local, encerrando um ciclo de mais de 400 anos de produção de explosivos e pesquisas para fins militares na região.

Liderança

A BAE Systems é líder na produção de armamentos e equipamentos (tanques, canhões, jatos) para usomilitar no ar, na terra e em forças navais, além de se destacar em sistemas de eletrônica avançada, segurança, soluções de informática e serviços de apoio. Com aproximadamente 105 mil funcionários espalhados pelo mundo, as vendas da BAE superaram 18,5 bilhões de líbras (US$ 34,4 bilhões) em 2008.

É hoje a segunda maior companhia de defesa global, com clientes em mais de 100 países, segundo o Defense News Annual Ranking. Em 2008, o grupo registrou como patentes próprias mais de 200 invenções novas.

O grupo está estruturado em quatro áreas operacionais principais, organizadas para atender ao mercado interno de Austrália, Índia, Arábia Saudita, África do Sul, Suécia, Reino Unido e EUA.

O grupo emprega mais de 25 mil engenheiros no desenvolvimento de sistemas de defesa, segurança e setores aeroespaciais.

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