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2 de Maio de 2024

Concurseiros movimentam R$ 50 bilhões ao ano por vaga no emprego público

Para a maioria, "ganhar bem, sem trabalhar muito", além da estabilidade, são os grandes incentivos à manutenção do foco no estudo

há 10 anos
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Na entrada da maior escola preparatória para concursos públicos de Brasília, panfletos empilhados sobre o balcão convidam os alunos para uma palestra sobre Vida de concurseiro: o equilíbrio emocional em suas mãos. Para quem sonha em trabalhar para o Estado, manter os estudos e a saúde em dia é tão desafiante quanto acompanhar o lançamento de editais, os índices de concorrência e as disciplinas exigidas em cada seleção.

Seduzidos pela promessa de uma vida tranquila após a aprovação, mais de 10 milhões de brasileiros abriram mão de carreiras, família, amigos e tantas outras coisas, para se dedicar única e exclusivamente a decorar fórmulas, leis, conceitos, além de aprender macetes em aulas, vídeos e apostilas. Querem porque querem a estabilidade, a palavra mais venerada nos cursinhos, onde o significado atribuído a ela é o de “algo que faz você ganhar bem, sem trabalhar muito”.

Em um país em recessão técnica, com a economia crescendo pouco e o nível de emprego estagnado, a proposta de bater cartão em órgãos públicos se torna ainda mais tentadora. O mercado que inclui cursinhos, livros didáticos e realização das provas movimenta no Brasil algo em torno de R$ 50 bilhões por ano, segundo a Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac). Boa parte desses recursos circula em Brasília, a capital dos concurseiros.

A rotina dos aspirantes a servidores — em sua maioria, jovens — não costuma variar muito: acordam cedo, estudam, fazem rápidas pausas e retomam os estudos. É assim até a hora de dormir. Apesar das recomendações, não são todos os que encontram tempo e disposição para se exercitar ou fazer algo alheio ao universo dos concursos. Acabam se distanciando das notícias e, nos poucos momentos de conversa, a pauta quase sempre são as provas.

Marina Lopes tem 22 anos. Cursou artes cênicas em Goiânia, de onde, há um mês, saiu rumo a Brasília para “arrochar nos estudos” e ser a primeira funcionária pública da família. “Não é fácil. Quando me sento em um barzinho, parece que estou fazendo algo errado”, desabafa ela, com “saudade da balada e da pescaria”. Foi no meio do curso, concluído sem muita empolgação, que ela ouviu dizer que o funcionalismo oferecia “um futuro mais certo”.

Concentrada na missão de virar delegada ambiental da Polícia Federal, Marina não se acanha em assumir o principal motivo que a empurrou para a vida de concurseira. “Quero trabalhar menos e ganhar mais: é isso. Se não disser que é isso, estarei mentindo”, diz a estudante, apossando-se de um discurso uníssono nos cursinhos.

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