Congresso: técnicas de negociação
“A partir do incremento da conciliação como instrumento para solucionar conflitos, a sociedade tem assimilado uma progressiva mudança de cultura. Tanto que o novo Código de Processo Civil que tramita no Congresso Nacional, em sua redação, já prevê esse artifício para o julgamento de ações.” Assim se manifestou o advogado Fernando Horta Tavares durante a mesa redonda “Técnicas de Conciliação”, que integrou o 1º Congresso Mineiro de Conciliação.
O advogado entende que a conciliação é o caminho mais viável para que sejam encontradas soluções amigáveis e todas as partes fiquem satisfeitas.
Ele apresentou alguns elementos que considera imprescindíveis para a solução acordada dos conflitos, entre eles, a informalidade das conversas, a identificação clara dos problemas e das possíveis soluções, o caráter confidencial das discussões, a confiança no conciliador e a concessão de plenos poderes às partes. Fernando Horta Tavares afirma que somente com esses princípios combinados existe possibilidade de conciliação entre as partes.
O palestrante ressaltou que tais princípios conferem legitimidade à conciliação, além de evitar desgastes, recursos intermináveis e execução de sentença. “Uma das características mais importantes da conciliação é seu caráter democrático, ou seja, não há vencedor ou vencido. Todos ficam satisfeitos”, finalizou.
O administrador e consultor de empresas Hélcio Padrão apresentou “A arte de fazer perguntas”. Como pontuou o palestrante, o conciliador não pode ter preconceitos ao indagar. “Outra virtude importante é ter calma interior e saber escutar. É necessário morrer, nesse instante, para poder ouvir. Só após a resposta completa, outra pergunta deve ser feita”, disse.
O consultor explicou, ainda, que as perguntas devem ser feitas sempre na ordem direta. Citou alguns exemplos: “O que aconteceu? Quais são os fatos? Pode descrevê-los?”. Hélcio Padrão sugere que, posteriormente, outras perguntas referentes à descrição dos sentimentos devem ser realizadas.
A arte de perguntar
“As perguntas sempre devem ter como foco buscar os fatos essenciais, sem rodeios, para que o fim seja alcançado. Às vezes, nem é necessário aprofundar a questão. Quando a conciliação é alcançada, o objetivo foi alcançado , resumiu Hélcio Padrão.
E, finalizando as exposições, o psiquiatra Arnaldo Madruga abordou “O manejo das emoções na gestão dos conflitos”. Como ele ressaltou, emoções e conflitos marcam toda a existência do ser humano. “O recém-nascido já entra em atrito com as pessoas próximas visando marcar território”, exprimiu.
O psiquiatra explicou que todas as pessoas convivem durante sua existência com o choque entre a emoção e a razão. “A razão é antídoto natural contra o conflito. Nesse contexto, o conciliador deve adotar sempre a postura de neutralidade, de imparcialidade, para que a comunicação se realize com respeito”, constatou.
Arnaldo Madruga enfatizou que os conciliadores devem ser criativos diante das partes visando à construção de um acordo equilibrado. “Os reais interesses e desejos devem ser mapeados para que os sentimentos sejam sincronizados. Todos devemos ter em mente que sempre temos que ceder para que em outros momentos possamos ganhar”, concluiu.
A mesa redonda foi conduzida pelo juiz Eduardo Gomes dos Reis, do Juizado Especial de Belo Horizonte.
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