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22 de Maio de 2024

Denunciados pelo MPF, médicos são condenados em Americana (SP) por fraude em perícia na Justiça do Trabalho

Mediante pagamento de propina, eles forjaram relatório que beneficiaria empresa em ação trabalhista

há 6 anos
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A pedido do Ministério Público Federal, a Justiça Federal em Americana (SP) condenou dois médicos a quatro anos e oito meses de prisão por fraudes periciais que beneficiariam a empresa Corttex Indústria Têxtil em um processo trabalhista. Ambos estão entre os alvos da Operação Hipócritas, deflagrada em 2016 para combater um esquema voltado a burlar ações judiciais desse tipo em diversos municípios de São Paulo. As irregularidades favoreciam grandes companhias, prejudicando pessoas que teriam direito a indenizações por problemas de saúde relacionados ao trabalho.

Francisco Cláudio Barbudo e Albino Vicente Rodrigues Cantanhede atuaram em conluio em um processo movido contra a Corttex para eximi-la de responsabilidade por disfunções ortopédicas que um ex-funcionário desenvolvera durante o período de trabalho na empresa. Os médicos atestaram que a lesão no ombro direito e a artrose no quadril não tinham relação com as atividades do ex-empregado, mas as provas apontam que ele frequentemente carregava rolos de tecido de até 70 quilos nas costas devido à falta de equipamentos para o transporte das mercadorias.

A fraude só não teve sucesso porque a juíza responsável pela ação trabalhista identificou vícios e parcialidade na perícia, descartou as conclusões apresentadas e deu ganho de causa ao ex-funcionário. Investigações posteriores do MPF demonstraram que os laudos foram forjados mediante o pagamento de R$ 2 mil a Albino, perito judicial na ação. O dinheiro foi depositado por Francisco, assistente técnico que a Corttex indicara para atuar no processo. Ambos combinaram os termos dos relatórios que seriam ajuizados, na tentativa de mostrar convergência entre a tese da defesa e a avaliação médica oficial.

E-mails armazenados no computador de Albino revelam os crimes. Francisco chegou a indicar que o perito concluísse o relatório com trechos de laudos disponíveis na internet para afastar o vínculo entre os problemas de saúde do trabalhador e as funções que desempenhava na Corttex. Em outra mensagem, dias antes da finalização da perícia judicial, o assistente técnico da empresa enviou a Albino o comprovante de depósito dos R$ 2 mil e o teor do laudo médico que a defesa havia apresentado à 1ª Vara do Trabalho de Americana, onde tramitava a ação movida pelo ex-empregado.

“Francisco encaminhou mensagens eletrônicas a Albino sugerindo o texto da conclusão dos laudos. Não houve troca de informações sobre o quadro clínico do periciando, mas um acordo para afastar o nexo causal entre as patologias e as atividades laboradas, em troca de vantagem indevida”, destacou o MPF em manifestação que levou à condenação dos réus.

O número da ação penal do MPF contra os médicos é 0001209-17.2017.403.6134. A tramitação pode ser consultada aqui.









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