Eduardo Cunha, do PMDB, diz que proposta atual seria "lei do Google e da Globo"
O deputado, depois de "decidir estudar o tema", constatou que o projeto traria mecanismos de "controle da navegação pela Rede". Mais grave, diz Cunha, é a "é a guerra da Globo contra as teles e os provedoras de conexão. Um dos pomos da discórdia é a neutralidade na rede para acesso de conteúdo. Reconheço ser correta a descrição do PL para essa neutralidade, mas garantir a tal neutralidade não pode significar um cerceamento da oferta de serviços diferenciados para quem quiser e puder pagar por eles". Segundo a interpretação do deputado, "simplesmente os provedores de conteúdo querem garantir o seu monopólio de acesso à rede e, com isso, evitar o aumento de concorrência". Segundo ele, "se não seguirmos uma linha democrática, passará pela Casa uma pouco ortodoxa 'lei do Google e da Globo'". Para o parlamentar, "é preciso garantir a neutralidade, mas sem afetar a livre concorrência e tampouco permitir monopólios reais de conteúdo já existentes". Cunha chega a dizer que a contratação do ex-secretario da Câmara Mozart Vianna de Paiva pela Globo para acompanhar o andamento legislativo teria como foco o Marco Civil da Internet. "As teles e outros também estão representados na Câmara exercendo o direito de alertarem aos parlamentares sobre as incoerências da proposta. Em resumo, o assunto virou guerra" .
"Devemos buscar a neutralidade da Internet, assim como a neutralidade dos interesses comerciais dos que querem viver da Internet, como empreendimento e negócio. Caso contrário, nós, na Câmara, viraremos agentes comerciais e não defensores da sociedade" , diz ele. "Não consigo ver o PT, por exemplo, defendendo os interesses da Globo, como muito se especula" , provoca. "Definitivamente, o que querem levar da votação não traduz o perfil democrático que desenha o Brasil de hoje", conclui o deputado.