Então, é possível quebrar a criptografia do WhatsApp. Ulalá!
Se o aplicativo sempre diz que não tem condições técnicas e operacionais de ajudar a polícia e a Justiça em investigações, como é que o Operação Hashtag grampeou acusados de preparar atos terroristas?
Leitores do Espaço Aberto são testemunhas de que o blog tem se posicionado clara, enfática e frequentemente favorável ao bloqueio do WhatsApp, todas as vezes em que seu controlador, o Facebook, não colaborar com investigações criminais.
As últimas manifestações a respeito disso, aqui no blog, podem ser lidas nas postagens O WhatsApp não pode ficar acima das leis, de maio deste ano, e Bem-vindo o bloqueio do WhatsApp quantas vezes for necessário, que abordou o bloqueio decretado nesta semana pela Justiça do Rio e derrubado cerca de cinco horas depois pelo presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski.
Mas eis que a Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (21), a operação antiterror "Hashtag", que prendeu dez pessoas supostamente ligadas ao Estado Islâmico e que estariam planejando ataques durante as Olimpíadas.
E o que se revela na Hashtag? Que é possível, ora bolas, grampear o WhatsApp, mesmo com seus mecanismos de criptografia e sem que o aplicativo, aparentemente, tenha colaborado com as investigações.
Quem revelou essa façanha? O próprio ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em entrevista coletiva.
Ele explicou que as investigações incluíram a interceptação de conversas em aplicativos como Telegram e WhatsApp.
Dito isso, jornalistas presentes à coletiva perguntaram a Moraes sobre como a polícia agora conseguiu acesso às conversas do aplicativo.
O doutor, é claro, não quis explicar a técnica usada. "Qualquer mecanismo de investigação não deve ser falado numa entrevista coletiva para avisar um suposto terrorista sobre como se investiga", justificou Moraes. Apesar da não cooperação do WhatsApp, o ministro disse que a investigação tem "outros meios".
Então, a pergunta que fica é esta: se o WhatsApp diz não dispor de condições técnicas e operacionais de ajudar a polícia e a Justiça em investigações, como a polícia pode ter conseguido acesso as mensagens, muito embora o aplicativo utiliza a criptografia, para proteger a leitura de dados com "grampos" tradicionais?