Homem é solto após 26 anos preso injustamente
Vicente Benavides, um agricultor mexicano, condenado à pena de morte em 1993 por estuprar e matar uma menina de 21 meses, obteve uma notícia que esperava a tanto tempo confinado: finalmente poderá retornar a sua casa.
O julgamento do mexicano começou dia 15 de março de 1993 e terminou em 20 de abril do mesmo ano com a condenação à pena capital em San Quentin, a única prisão da Califórnia que executa pena de morte.
Sua advogada, Cristina Bordé, quando viu os guardas da emblemática Penitenciária Estadual de San Quentin liberando seu cliente, começou imediatamente a chorar. Foi o dia em que Bordé, que tem cidadania colombiana e americana, conseguiu o que considera a maior vitória do Direito Penal de sua vida: salvar uma vida.
"Foi um momento extraordinário, que ocorre muito poucas vezes. Quase não consigo achar palavras", diz a advogada, que conversou com a BBC Mundo sobre como conseguiu a libertação de um homem que passou 26 anos preso injustamente.
O caso Benavides
O episódio pelo que Vicente Benavides foi condenado ocorreu em novembro de 1991, quando ele tinha 42 anos, na cidade de Delano, na Califórnia. O fazendeiro estava cuidando da filha de sua namorada à época, que havia ido trabalhar.
Depois de descobrir que a menor tinha conseguido sair do apartamento, encontrou-a muito mal, do lado de fora do prédio onde viviam. Depois de passar por vários hospitais durante oito dias, seu quadro clínico foi piorando e a pequena morreu de um ataque cardíaco. A essa altura, o mexicano já estava preso.
Os informes médicos diziam que haviam sido detectadas feridas na região genital e golpes na cabeça e no abdômen, elementos usados para acusar Benavides de estupro e assassinato.
Contudo, quase todos os médicos que testemunharam no julgamento voltaram atrás e se retrataram, dizendo não terem visto os boletins médicos completos que indicavam que não havia evidências de abuso sexual quando a bebê foi examinada no primeiro hospital.
Eles disseram reconhecer que seus ferimentos genitais podem ter sido causados durante o tratamento médico. Bordé e sua equipe apresentaram em 2007 um documento de 395 páginas para tentar provar a inocência do cliente.
Esse documento acabou sendo a chave para que um juiz da Suprema Corte da Califórnia decidisse absolver o fazendeiro mexicano e determinar sua libertação.