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1 de Maio de 2024

Manifestantes mudam nome da ponte estaiada para Vladimir Herzog

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Por Lúcia Rodrigues

Um grupo de manifestantes que participaram do protesto em frente à Rede Globo em São Paulo, na noite desta quinta-feira, 11, Dia Nacional de Luta, mudou o nome da ponte estaiada da marginal Pinheiros de Otávio Frias de Oliveira para jornalista Vladimir Herzog. Vlado, como era conhecido, foi assassinado sob tortura no DOI-Codi (centro de tortura do Exército) paulista, em 25 de outubro de 1975.

O protesto é simbólico (sobre o nome oficial foi colada uma faixa com o nome de Herzog), mas foi um março na história da luta por justiça e pela democratização da mídia, que está concentrada na mão de poucas famílias. A Rede Globo e a Folha de São Paulo são duas empresas que fazem parte desse oligopólio, como é conhecido popularmente a concentração da informação.

A ponte estaiada que serve de cenário para o SPTV foi inaugurada pelo ex-governador José Serra (PSDB) e pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), em 2008, e recebeu o nome de Otávio Frias de Oliveira, ex-proprietário da Folha de São Paulo e pai de Otávio Frias Filho, atual dono do Grupo Folha.

O jornal dos Frias foi um dos apoiadores da ditadura militar, assim como a Rede Globo. Relatos de vários ex-presos políticos denunciam que a Folha cedeu, inclusive, carros do jornal para o transporte desses prisioneiros para os centros de tortura da repressão.

Roberto Marinho é outro ícone do apoio à ditadura. Como recompensa, recebeu dos militares, em 1965, a concessão pública. A Globo foi parte da estratégia da ditadura de massificar nacionalmente a versão dos fatos que interessavam ao governo. De lá pra ca seus tentáculos se ampliaram. Hoje a Globo opera em todas as plataformas da comunicação: TV, TV a cabo, rádio web, AM, FM, jornais, revistas, internet.

Segundo João Brant, membro do Intervozes, um das entidades organizadoras do protesto e que atua pela democratização da mídia, a fortuna dos três herdeiros de Roberto Marinho representa atualmente a 18ª fortuna do mundo. Se tornaram poderosos à custa da concessão pública, ressalta.

Concessão pública

Todas as emissoras de rádio e TV são concessões públicas. O governo federal repassa a determinados grupos econômicos e famílias o direito de veicular a informação. Essas concessões são renovadas no Congresso Nacional sempre a toque de caixa, sem a participação da sociedade. Como vários parlamentares e políticos são donos de emissoras de rádio e TV não há interesse em discutir o assunto.

A maioria da população não sabe que os Marinho não são donos da Globo, que Edir Macedo não é dono da Record, que Silvio Santos não é dono do SBT, que João Sayad não é dono da Bandeirantes. Todos eles receberam concessões públicas para operar, mas não são donos do canal de informação. Suas propriedades se restringem aos prédios e equipamentos utilizados na produção do conteúdo.

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