No DF, servidores ganham para testar game e ver filmes antes de estreia
Com salário de R$ 7 mil, grupo verifica pontos como violência em jogos. Seção recebe por ano mais de 150 de candidatos interessados em estágio.
Para um grupo de 24 servidores do Ministério da Justiça, em vez de operação Lava Jato ou Polícia Federal, o que importa é filme, novela e videogame. A fim de atribuir a chamada classificação indicativa (que determina qual faixa etária deve ter acesso a um determinado conteúdo), os funcionários têm de "testar" os produtos antes que cheguem às prateleiras do país. São eles os responsáveis por garantir que um produto chegue ao "público certo".
No quinto andar de um dos anexos do ministério, em Brasília, Rafael Vilela é responsável por chefiar um setor que monitora o conteúdo de games – incluindo aplicativos de celular e jogos de RPG. Pela sala dele, em meio a Pikachus e Yoshis, circulam cerca de mil jogos por mês.
Todos os artigos físicos, que serão vendidos em lojas, têm de passar pelo crivo do analista de 27 anos. Parte dos videogames virtuais, classificados previamente pelo desenvolvedor, também é “vistoriada”.
“Adoro videogame, mas jogar é o mínimo que faço aqui. A parte administrativa é a que mais demanda. Mas como é algo de que gosto, vale a pena”, afirmou o chefe, que conta com salário de R$ 7 mil por mês. “Algumas pessoas me pedem dicas de games, porém evito falar porque senão pode até atrapalhar o mercado”, brincou Vilela, falando ao lado de um PlayStation de última geração.
Estudante de design na Universidade de Brasília, Vitor Ferreira é um dos 15 estagiários que trabalham no local. Ele foi aprovado dentre mais de 170 currículos que chegam ao ministério, vindos até do Amapá e de Santa Catarina. “Eu sempre quis desenvolver jogos e para mim esta é uma oportunidade sensacional”, disse o jovem de 22 anos, que recebe bolsa de R$ 650 e garante nunca soltar spoiler.
Para conseguir a vaga de estágio, o candidato tem de passar por pelo menos seis provas de redação – duas delas em inglês. “Boa parte do trabalho aqui vai ser escrever relatório, inclusive em outras línguas, explicando por que aquele jogo não é aconselhado a menores de 16 anos, por exemplo”, continuou Rafael Vilela.