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5 de Maio de 2024

Os 10 anos da morte de Nise da Silveira

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1905. Precisamente no dia 15 de fevereiro daquele ano, nascia em Maceió uma das personagens mais marcantes na história mundial da psiquiatria. Filha de um jornalista e matemático, Nise estudou no Colégio Santíssimo Sacramento, localizado no bairro do Farol, e com apenas quinze anos entrou na Faculdade de Medicina da Bahia, formando-se em 1926, como a única mulher no meio de 157 homens presentes na turma.

Aos 21 anos e com o diploma de médica, paradoxalmente, ela admitiu não ter vocação para a medicina. Com a morte do pai, um mês após sua formatura, Nise teve a vida virada pelo avesso e pouco tempo depois arrumou as malas rumo ao Rio de Janeiro onde, em 1933, passou num concurso federal para o cargo de médica psiquiatra na Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental.

Dois anos depois foi presa pela polícia de Getúlio Vargas acusada de comunismo, e, só em 1944 voltou a trabalhar com a psiquiatria no Centro Psiquiátrico de Pedro II. Nessa época, Nise descobriu que novos métodos estavam sendo usados no tratamento de esquizofrênicos: o eletrochoque; a insulinoterapia, processo de injetar e insulina no sangue, e a lobotomia, cirurgia que desliga os lobos frontais do cérebro, deixando o paciente em estado neurovegetativo. Negando-se a pratica-los ela travou uma batalha contra a psiquiatria convencional e foi transferida para a parte de terapia ocupacional do hospital. Rebelde desde criança, mas dona de uma personalidade doce e gentil, a mulher de ar infantil esteve sempre à frente de seu tempo.

Primeiro abriu uma sala de costura. Percebendo que os pacientes se inscreviam cada vez mais, ela implantou a arte terapia, com várias oficinas de expressão artística, e a terapia com animais. Começou a trocar informações com outro grande nome do estudo da psiquiatria, o suíço Carl Jung, e, já com várias obras publicadas, ela se dedicou ao estudo do inconsciente humano para compreensão da loucura. Como resultado, fundou, em 1952, o Museu da Imagem do Inconsciente, onde expunha as obras produzidas por seus pacientes.

Com um acervo imenso, o reconhecimento tardio da sociedade e comunidade científica só aumentou a importância da psiquiatra que, embora tenha sofrido muita discriminação, nunca deixou amargar suas esperanças de ver no amor e na arte o fim do preconceito frente à loucura. Uma década após a sua morte, Nise possui, além de menções em vários trabalhos de filósofos, poetas, médicos e artistas, uma legião de seguidores que continuam usando seus ensinamentos como inspiração para uma psiquiatria mais humanizada.

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