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3 de Maio de 2024

Quem é o "japonês bonzinho" da Lava Jato?

Seria ele o real vazador que "vende informações para as revistas"?

Publicado por Geison Paschoal
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É difícil ver um preso da Operação Lava Jato sem a companhia dele. Newton Ishii é um dos coordenadores da carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

O "japonês", como é conhecido, agora é investigado por vazar parte da delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. O documento, apesar de sigiloso, teria chegado ao banqueiro André Esteves do banco BTG Pactual, preso na última quarta-feira.

A suspeita surgiu na gravação que levou a prisão do Senador Delcídio do Amaral. Newton trabalha há 40 anos como policial e já chegou a ser expulso da PF em 2003 acusado de corrupção e de integrar uma quadrilha de contrabandistas, mas depois de uma sindicância interna foi reintegrado.

O agente nega as acusações, a Polícia Federal não deu declarações mas garantiu que a investigação será rápida. Na semana que vem já devem ser ouvidos os envolvidos com o vazamento.

A questão não é o “japonês”, mas quem está por trás dele. O seu depoimento estava marcado para sexta (27), mas foi desmarcado e nenhuma outra data foi marcada. O problema também não é a rapidez da investigação, mas sim a necessidade de investigar de maneira correta a história. Ou seja, começou mal e vai terminar em nada.

Newton Ishii gosta de aparecer, está sempre posicionado quando as câmeras registram os presos da Lava Jato entrando nos carros. Em circunstâncias normais, ele deveria ser afastado. Mas não estamos em circunstâncias normais.

Ele é ficha suja, membro da corporação desde 1976. Foi preso em flagrante em 2003 e reintegrado através de uma decisão judicial. A Operação Sucuri desbaratou uma quadrilha envolvida na facilitação de contrabando em Foz do Iguaçu. Ishii se aposentou em outubro de 2003, mas em abril de 2014 a aposentadoria foi revogada e ele voltou à ativa.

De acordo com o blog Expresso, da revista Época, ele responde a processos na esfera criminal e civil, além de uma sindicância. Mas goza de uma “confiança da direção” segundo a nota.

Mas confiança de quem ora bolas?

Temos um policial federal acusado de corrupção, que responde vários processos, e que, por uma razão misteriosa, permanece onde está porque é, talvez, acima do bem e do mal?

Como diz aquela máxima: “Jabuti não sobe em árvore". Se ele está ali, alguém colocou. Com um currículo desses, retornando por ordem judicial, o lugar do “japonês" seria uma atividade marginal. Mas quem o colocou ali na frente? Quem está ‘bancando' Newton Ishii?

Esta pergunta precisa ser respondida, pois é o verdadeiro autor dos vazamentos, alguém que, aliás, não terá seu nome revelado porque, assim como Ishii, também goza de confiança da direção.

Culpar o "japonês bonzinho"como o real vazador que "vende informações para as revistas" seria fácil demais, afinal, ele é o suspeito ideal. Sempre visível e com um passado suspeito.

Segundo o jornalista Fernando Brito: 'não obstante Delcídio Amaral ser "um rato", é preciso saber as circunstâncias em que lhe armaram a ratoeira e se houve nisso "mãos de gato"; "O fácil, muitas vezes, é o caminho da ilusão".


Com informações de DCM e Record

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