Saudades Social Democracia Clássica
Breve desabafo de uma pessoa inconformada
A Social Democracia Clássica vigente até a década de 1970, ou melhor dizendo, até o desmantelamento do Estado de Bem Estar Social, tomou rumos muito longínquos da sua inicial proposta evidentemente socialista. No Brasil pode-se concluir que o caminho escolhido pela Social Democracia foi de se afastar, e muito, do propósito de atender às necessidades do povo como a massa manobrada impiedosamente pelo sistema. Perdeu-se totalmente a face esquerdista, de tutela dos direitos do pobre, do oprimido, do segregado, do marginalizado. Como um paradoxo, a política que se chama de social adota medidas liberais, NEOliberais de como proceder politicamente no país. Brasil, país subdesenvolvido, de terceiro mundo (qual a expressão politicamente correta da vez para se referir aos países em que diariamente pessoas morrem de fome?) ou seja qual for o nome específico, sofreu cruelmente os efeitos dessa mudança. Não que o povo tenha usufruido muito do Bem Estar Social, mas as medidas neoliberais foram positivas para o país? Melhoraram as condições dos serviços estatais prestados ao cidadão? A educação de todos os níveis foi elevada? O mestrando da área de humanas sabe o que é Poder Executivo e a diferença dele para os outros poderes? A prestação pública da saúde melhorou o seu atendimento e qualidade? As pessoas pararam de morrer nos corredores dos hospitais?
Ah mas há a justificativa ECONÔMICA de que o país se estabilizou monetariamente, a economia cresceu, as ações de empresas brasileiras aumentaram de valor, o gasto estatal diminuiu com as privatizações! Tudo bem, concordo que o âmbito econômico é importantíssimo para um país mas não é o ÚNICO. Durante esse processo não houve preocupação com o social, com educação, cultura, saúde, moradia. A qualidade de vida do brasileiro médio na melhor das hipóteses não desbarrancou ladeira abaixo. E a falta de atenção aos aspectos sociais da vida do brasileiro tem inúmeros efeitos colaterais. Aumento da criminalidade. Aumento da pobreza e miséria. População carcerária gigantesca e basicamente composta pela população marginalizada e vulnerável. Não visualização do pobre marginalizado como um ser humano igual a mim, digno de uma vida minimamente decente.
Vamos concordar de que a vida até a década de 1970 era bem mais fácil de ser vivida e com menores problemas e maiores esperanças de um futuro melhor. Na época do Bem Estar todos saiam ganhando, os ricos com seus lucros muito bem investidos e os pobres com suas necessidades assistidas pelo Estado. Suportar e viver sob os efeitos colaterais da pós modernidade não é para qualquer um.