Sérgio Côrtes anuncia providências contra epidemia de dengue
Da Redação Às vésperas do início do verão, o secretário de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, falou sobre as providencias que estão sendo tomadas para evitar uma possível epidemia de dengue, segundo ele, a grande preocupação de quem lida com a saúde pública. O secretário foi entrevistado no programa Deles e Delas, na TV Bandeirantes, onde foi entrevistado por autoridades em saúde.
Participaram do programa, fazendo perguntas ao secretário, os pesquisadores Roberto Medronho, chefe do departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da UFRJ; Luiz Roberto Tenório, ex-secretário de Saúde de Niterói; João Marcelo Ramalho, diretor-geral do Hospital do Andaraí; e Luis Fernando Soares, presidente do Cremerj.
- A epidemia de 2008 foi uma das que teve maior letalidade, principalmente de crianças. Já em março, lançamos a idéia do Rio Contra a Dengue 2009: montamos uma comissão de especialistas para discutir medidas para que não ocorra a epidemia. Outro campo é o do combate ao mosquito. Temos um déficit no número de agentes nos municípios. O Governo do Estado e o Ministério da Saúde tomaram a decisão de formar uma Força Estadual de Agentes de Endemias - disse Côrtes.
O secretário lembrou que, no dia 24 de outubro deste ano, mil bombeiros receberam o diploma de agente de controle da dengue, após a conclusão do curso ministrado por técnicos das vigilâncias Ambiental e Epidemiológica da Secretaria de Saúde e Defesa Civil.
- Vamos capacitar mais 1.500 bombeiros nos próximos 20 dias, totalizando 2.500 profissionais que passarão a trabalhar como agentes de controle da dengue, indo de casa em casa. Eles vão trabalhar de 8 da manhã às 8 da noite, de segunda a sexta e eventualmente aos sábados.
O ciclo da doença chega ao auge durante as chuvas de verão, quando a fêmea do mosquito Aedes aegypti é fecundada e deposita seus ovos em locais com acúmulo de água. Este ovo pode viver por até um ano antes eclodir. A fêmea, precisando de energia, passa a atacar as pessoas e a transmitir a doença. Em meados do mês de março, quando a temperatura começa a diminuir, o ciclo vai chegando ao fim e os casos da doença começam a cair.
- Antes não tínhamos unidades que funcionassem fora do horário, por 24 horas, apenas três Unidades de Pronto-Atendimento (UPA), durante a epidemia. Os infectados tinham de procurar as emergências de hospitais. Os médicos já estavam sobrecarregados antes da epidemia e os hospitais não tinham lugar para fazer a reidratação, então os pacientes acabavam voltando para suas casas. Quando surgiam as dores, o quadro se complicava - explicou o secretário sobre as necessidades dos pacientes infectados com dengue.
O déficit de médicos é outra causa dos transtornos da rede pública de saúde. Um exemplo foi o concurso para médico, realizado em 2002, que sofreu com o abandono de 70% dos aprovados, principalmente por causa dos baixos salários.
- Desde 2003 começou uma precarização dos médicos, que foram contratados por uma cooperativa e sem garantias. Cooperativa não é solução. Não há planos de cargos e salários para os cooperativados, não há perspectiva de crescimento. Estamos no momento de enfrentar esta situação. Precisamos voltar a estimular os profissionais a se interessarem pelo Sistema Único de Saúde, além de avançar na questão do médico generalista, seja clínico ou pediatra - afirmou Côrtes.
O secretário citou a necessidade de reorganizar o sistema de saúde:
- Os postos de saúde têm como função fazer consultas e acompanhamento médico. As UPAs funcionam para o pronto-atendimento, para pequenas emergências. As grandes emergências ficam a cargo dos grandes hospitais. Acredito que agora, com a união dos poderes municipal, estadual e federal, vamos conseguir fazer este ajuste - assinalou.