TJ-ES - Apelação: APL XXXXX20108080021
ACÓRDÃO EMENTA: CIVIL – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE DE SERVIDÃO DE PASSAGEM – EXISTÊNCIA DE OUTRO ACESSO AO IMÓVEL DA AUTORA – NÃO DESNATURALIZAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE PROTEÇÃO POSSESSÓRIA NO ACESSO SOB LITÍGIO – SERVIDÃO DE PASSAGEM E PASSAGEM FORÇADA – DISTINÇÃO – NÃO CARACTERIZAÇÃO DE MERA TOLERÂNCIA – PROVAS CONTUNDENTES DO EXERCÍCIO DA POSSE E DO ESBULHO – DIREITO DE PASSAGEM RECONHECIDO – RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. A passagem forçada não se confunde com a servidão de passagem. Aquela, tem seu fundamento na necessidade, na indispensabilidade de passagem por determinado local em razão do encravamento de prédio. Esta, por sua vez, não pressupõe encravamento, não se apresenta como necessidade real e absoluta, nem é indispensável ao uso do prédio. Observa-se que o caso vertente, conforme declarado na sentença recorrida, trata-se de servidão aparente, para a qual, ao contrário da passagem forçada, é irrelevante o fato de o imóvel da autora não estar encravado e o fato de existir via alternativa para acesso. 2. N ão há de se afastar a servidão de passagem quando existe outra via de acesso à propriedade da autora, se o caminho fechado pelo réu é o que melhor atende aos interesses daquela. Restou suficientemente comprovado que a autora utilizava-se da passagem mesmo quando essa ainda se constituía em uma faixa de terra, nos idos de 1998 e, continuou a utilizá-la após a construção do apelante ter avançado em direção ao mangue, vindo a ter obstado seu uso somente em 2008. Nota-se, pois, que a autora utilizou a passagem objeto do litígio por aproximadamente 10 (dez) anos. 3. O conjunto probatório evidenciou, de forma suficiente, que a autora exercia posse sobre servidão permanente e aparente, de modo que configurada a posse anterior da autora sobre a servidão aparente, bem como o esbulho pelo réu, ante a notificação colacionada à fl. 17, merece ser mantida a procedência do pedido de reintegração de posse. 4. Recurso conhecido e improvido.