SÚMULA DE JULGAMENTO Juiz Atílio César de Oliveira Júnior (Relator) E M E N T A - RECURSO INOMINADO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER/ENTREGAR - MEDICAMENTO - SOLIDARIEDADE ENTRE OS ENTES PÚBLICOS - FÁRMACO NÃO INTEGRANTE DA RENAME - INEXISTÊNCIA DE AVALIAÇÃO DO CONITEC - NECESSIDADE DE INCLUSÃO DA UNIÃO NO POLO PASSIVO - PERTINÊNCIA DO ENTE DE MAIOR ENVERGADURA CUJAS COMPETÊNCIAS SÃO RELACIONADAS À INTEGRAÇÃO DO MEDICAMENTO - INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL - SENTENÇA DE EXTINÇÃO MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. A saúde é direito garantido pela Constituição Federal , nos termos de seu art. 196 : Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. É entendimento pacífico das Cortes Judiciais Pátrias que os entes públicos são solidariamente responsáveis a dar concretude ao postulado sufragado. O Pretório Excelso, por exemplo: Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. MUNICÍPIO. CIRURGIA. DIREITO À SAÚDE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. O recurso extraordinário, ao alegar que o acórdão recorrido ofende o preceito do art. 198, versa questão constitucional não ventilada na decisão recorrida e que não foi objeto de embargos de declaração, faltando-lhe, pois, o indispensável prequestionamento (Súmulas 282 e 356 ). O acórdão impugnado, ao garantir o acesso da agravada, pessoa de insuficientes recursos financeiros, a tratamento médico condigno ao quadro clínico apresentado, resguardando-lhe o direito à saúde, decidiu em consonância com a jurisprudência desta Corte sobre o tema. Precedentes. Consolidou-se a jurisprudência desta Corte no sentido de que, embora o art. 196 da Constituição de 1988 traga norma de caráter programático, o Município não pode furtar-se do dever de propiciar os meios necessários ao gozo do direito à saúde por todos os cidadãos. Se uma pessoa necessita, para garantir o seu direito à saúde, de tratamento médico adequado, é dever solidário da União, do estado e do município providenciá-lo. Precedentes. Agravo regimental desprovido. (STF. AI XXXXX AgR, Relator (a): JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 26/06/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-161 DIVULG XXXXX-08-2012 PUBLIC XXXXX-08-2012) Ocorre, porém, que em relação aos medicamentos ainda não incorporados à Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), é necessário que a União Federal integre a lide, porquanto é órgão de sua estrutura (Ministério da Saúde) que procede a esses afazeres, nos termos do art. 19-Q da Lei n. 8.080 /1990, culminando em competência absoluta da Justiça Federal (art. 109 , I da CF ). O próprio Supremo Tribunal Federal, no bojo dos Embargos de Declaração no RE n. 855.178, sugrafou: Ementa: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. DESENVOLVIMENTO DO PROCEDENTE. POSSIBILIDADE. RESPONSABILIDADE DE SOLIDÁRIA NAS DEMANDAS PRESTACIONAIS NA ÁREA DA SAÚDE. DESPROVIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 1. É da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que o tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado, porquanto responsabilidade solidária dos entes federados. O polo passivo pode ser composto por qualquer um deles, isoladamente, ou conjuntamente. 2. A fim de otimizar a compensação entre os entes federados, compete à autoridade judicial, diante dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização, direcionar, caso a caso, o cumprimento conforme as regras de repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro. 3. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na ANVISA deverão necessariamente ser propostas em face da União. Precedente específico: RE 657.718 , Rel. Min. Alexandre de Moraes. 4. Embargos de declaração desprovidos. Assim, até certo ponto, revejo entendimento anterior para me alinhar às dicções legais acima mencionadas, que, também, vêm sendo seguidas pelas E. Turmas Recursais: E M E N T A - RECURSO INOMINADO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO - HILANO GF-20 - PARTE PORTADORA DE GONARTROSE, GONARTROSE PRIMÁRIA BILATERAL, TRANSTORNOS INTERNOS DOS JOELHOS E OUTROS TRANSTORNOS DO MENISCO - POSTULANTE ASSISTIDA PELO SUS - DIREITO À SAÚDE - FÁRMACO NÃO PADRONIZADO NO RENAME - MEDICAMENTO DE AQUISIÇÃO E FINANCIAMENTO PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE - OBRIGATORIEDADE DE INCLUSÃO DA UNIÃO NO POLO PASSIVO - SENTENÇA REFORMADA EM PARTE - RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM - RECURSO PREJUDICADO. (TJMS. N/A n. XXXXX-19.2021.8.12.0110 , Juizado Especial Central de Campo Grande, 2ª Turma Recursal Mista, Relator (a): Juíza Patrícia Kelling Karloh, j: 11/03/2022, p: 14/03/2022) E M E N T A - RECURSO INOMINADO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR COISA CERTA COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA - DIREITO À SAÚDE - GARANTIA CONSTITUCIONAL - FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO NÃO DISPONIBILIZADO PELA REDE PÚBLICA - MEDICAMENTO NÃO PADRONIZADO NO RENAME - DECISÃO QUE EXTINGUIU OS AUTOS SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO EM RAZÃO DA NECESSIDADE DE INCLUSÃO DA UNIÃO FEDERAL NO POLO PASSIVO - SOLIDARIEDADE ENTRE OS ENTES FEDERADOS - MEDICAMENTO DE AQUISIÇÃO E FINANCIAMENTO PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL PARA O JULGAMENTO DO FEITO - OBRIGATORIEDADE DE INCLUSÃO DA UNIÃO NO POLO PASSIVO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO IMPROVIDO. (TJMS. N/A n. XXXXX-12.2021.8.12.0110 , Juizado Especial Central de Campo Grande, 2ª Turma Recursal Mista, Relator (a): Juiz Wilson Leite Correa, j: 25/02/2022, p: 04/03/2022) Com efeito, mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 46 da Lei n. 9.099 /95, com o consequente desprovimento do recurso inominado.