BANCÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO COLETIVA DO CONSUMIDOR. 1. LEGITIMIDADE ATIVA. INSTITUTO DE DEFESA DO CIDADÃO. ASSOCIAÇÃO QUE PRETENDE, POR MEIO DA PRESENTE AÇÃO COLETIVA DO CONSUMIDOR ( CDC , ARTIGOS 82 , INCISO IV E 91 ), DEFENDER, DE FORMA GENÉRICA, OS DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS DOS CONSUMIDORES DO ESTADO DO PARANÁ, ASSIM CONSIDERADOS TODOS AQUELES QUE RECEBEM SEUS PROVENTOS ALIMENTARES POR MEIO DE CONTA CORRENTE (CONTA SALÁRIO) JUNTO ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS ORA DEMANDADAS, DE MODO QUE OS POSSÍVEIS OFENDIDOS SÃO GENERICAMENTE BENEFICIADOS PELA SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DO PEDIDO PATROCINADO PELA PRESENTE ASSOCIAÇÃO CIVIL, SOB O REGIME DE SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO DOS ASSOCIADOS OU DE EXPRESSA AUTORIZAÇÃO ASSEMBLEAR. PRECEDENTES DO STJ. REFORMA DA SENTENÇA PARA RECONHECER A LEGITIMIDADE ATIVA DA ASSOCIAÇÃO. 2. CUMPRE AO TRIBUNAL, AO AFASTAR FUNDAMENTO ADOTADO NA SENTENÇA, EXAMINAR OS DEMAIS FUNDAMENTOS INVOCADOS PELA PARTE PARA SUSTENTAR A IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INDENIZATÓRIO ( CPC , ART. 1.013 , § 2º ). DIREITO ORA TUTELADO QUE NÃO SE ENQUADRA COMO DIREITO COLETIVO OU INDIVIDUAL HOMOGÊNEO. EVENTUAL ILEGALIDADE OU ABUSIVIDADE NA RETENÇÃO DAS VERBAS ALIMENTARES DEPOSITADAS EM CONTA BANCÁRIA PARA O PAGAMENTO DE CONTRATOS E DÉBITOS BANCÁRIOS, BEM COMO SUPOSTA LESÃO, CASO EXISTENTE, QUE DEPENDEM DO EXAME DE DIVERSOS FATORES EM CADA SITUAÇÃO EM CONCRETO. DIREITO DISPONÍVEL E HETEROGÊNEO. EXTINÇÃO DO FEITO, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, POR AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR ANTE A INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA ( CPC , ART. 485 , VI ).RECURSO PROVIDO.(a) Na ação coletiva do consumidor, em que a associação atua no feito na condição de substituta processual, na qual a legislação prevê expressamente a possibilidade de terceiros defenderem em juízo direito alheio em nome próprio, a autorização para a defesa do interesse coletivo é estabelecida nos objetivos institucionais, como se verifica do estatuto da presente associação, portanto, desnecessária na hipótese dos autos autorização expressa dos associados ou deliberação assemblear específica para esse fim.(b) Eventual ilegalidade ou abusividade na retenção de verbas alimentares para o pagamento de contratos e débitos bancários depende do exame de cada situação em concreto e de diversos fatores, tais como a modalidade contratual, a existência de autorização expressa para débitos automáticos em conta corrente para o pagamento dos débitos bancários, a situação financeira de cada correntista (lembrando que os rendimentos são inegavelmente variáveis), entre outros. Desse modo, verifica-se que a alegada lesão aos consumidores correntistas, ora substituídos, acaso existente, não é regular e padronizada para todos. Além disso, a tese do superendividamento exige análise particularizada de cada consumidor.Desse modo, conclui-se que o direito ora tutelado não se trata de direito individual homogêneo, mas, sim, de direito disponível e heterogêneo de modo que não pode ser tutelado pela via eleita pelo autor. (TJPR - 16ª C.Cível - XXXXX-76.2009.8.16.0001 - Curitiba - Rel.: Desembargador Lauro Laertes de Oliveira - J. 26.06.2019)