E M E N T A – APELAÇÃO CRIMINAL – RECURSO INTERPOSTO POR CARLOS AUGUSTO PAIM – CRIME DE RESPONSABILIDADE – APROPRIAÇÃO INDEVIDA DE VERBA PÚBLICA – PRETENSÃO DE ABSOLVIÇÃO – AUTORIA E MATERIALIDADE DEMONSTRADAS – AFASTADA – PEDIDO DE REDUÇÃO DA PENA-BASE – VALORAÇÃO DE CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL E PATAMAR DE ELEVAÇÃO DA PENA-BASE ADEQUADOS À REPROVAÇÃO E PREVENÇÃO PELO CRIME PRATICADO – RECURSO DESPROVIDO. 1. Há no âmbito dos presentes autos, elementos de convicção suficientes no sentido de consubstanciar os fatos imputados aos apelantes na denúncia. Na situação, as provas são suficientes quanto a prática da infração penal. 2. Na etapa inicial da dosimetria, o magistrado deve fixar a pena-base considerando a avaliação das circunstâncias judiciais estabelecidas no art. 59 do Código Penal , com base em elementos concretos, o que ocorreu na hipótese dos autos, pelo que devem ser mantidas as circunstâncias judiciais valoradas como desfavoráveis ao réu. A elevação da pena-base não se mostra desproporcional, estando em sintonia ao princípio da razoabilidade. Além disso, respeitou a discricionariedade vinculada do magistrado e, sobretudo, as diretrizes estabelecidas pelo princípio constitucional da individualização da sanção penal. EMENTA – RECURSO INTERPOSTO POR RAUL MARTINEZ FREIXES – CRIME DE RESPONSABILIDADE – APROPRIAÇÃO INDEVIDA DE VERBA PÚBLICA – PRELIMINAR DE NULIDADE - AFASTADA - PRETENSÃO DE ABSOLVIÇÃO – AUTORIA E MATERIALIDADE DEMONSTRADAS – AFASTADA – DO PEDIDO DE REDUÇÃO DA PENA-BASE – VALORAÇÃO DE CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL E PATAMAR DE ELEVAÇÃO DA PENA-BASE ADEQUADOS À REPROVAÇÃO E PREVENÇÃO PELO CRIME PRATICADO - AFASTAMENTO DE AGRAVANTE DE VIOLAÇÃO DE DEVER INERENTE AO CARGO - POSSIBILIDADE – ELEMENTAR DO TIPO PENAL - PEDIDO DE RECONHECIMENTO DO CRIME CONTINUADO – REJEITADO - ALTERAÇÃO DO REGIME PRISIONAL – REGIME APLICADO MANTIDO - REDUÇÃO DO PRAZO DE INABILITAÇÃO PARA OCUPAR CARGO OU FUNÇÃO PÚBLICA – PRAZO PREVISTO EM LEI PELO LEGISLADOR - IMPOSSIBILIDADE - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O requerimento admitido pelo art. 402 do Código de Processo Penal , deve se referir a diligência cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução, ou seja, se a necessidade da diligência já existia à época do início do processo, não se tem como admitir o deferimento da referida diligência, pelo que não há que falar em ofensa ao princípio do contraditório e da ampla defesa. 2. Há no âmbito dos presentes autos, elementos de convicção suficientes no sentido de consubstanciar os fatos imputados aos apelantes na denúncia. Na situação, as provas são suficientes quanto a prática da infração penal. 3. Na etapa inicial da dosimetria, o magistrado deve fixar a pena-base considerando a avaliação das circunstâncias judiciais estabelecidas no art. 59 do Código Penal , com base em elementos concretos, o que ocorreu na hipótese dos autos, pelo que ficam mantidas as circunstâncias judiciais valoradas como desfavoráveis ao réu. A elevação da pena-base não se mostra desproporcional, estando em sintonia ao princípio da razoabilidade. Além disso, respeitou a discricionariedade vinculada do magistrado e, sobretudo, as diretrizes estabelecidas pelo princípio constitucional da individualização da sanção penal. 4. Sendo elementar do tipo do crime de responsabilidade praticado por Prefeito a violação do dever inerente ao cargo, caracteriza bis in idem o seu reconhecimento também como agravante, pelo que o seu afastamento é medida que se impõe. 5. O instituto do crime continuado tem relação direta com o princípio da proporcionalidade, e a sua aplicação deve sempre ser pautada por esse importantíssimo critério, qual seja, que a pena seja proporcional à lesão jurídica causada pelas condutas delituosas. Desse modo, não se tem como admitir a sua aplicação no presente caso. 6. Mensurado os limites da sanção corporal, estabelecer-se-á o regime prisional, à luz do que dispõe o art. 33 , §§ 2º e 3º , do Código Penal . No caso sob análise, a existência de circunstâncias judiciais desfavoráveis, sobretudo os antecedentes criminais, recomendam a manutenção do regime prisional fechado, pois necessário e adequado para alcançar a finalidade precípua do Código Repressivo, quais sejam, prevenção e repressão do delito praticado. AGRAVANTE DE VIOLAÇÃO DE DEVER É INERENTE AO CARGO COM RELAÇÃO AO CONDENADO CARLOS AUGUSTO PAIM MENDES – AFASTADO DE OFÍCIO. Os crimes de responsabilidade dos Prefeitos, previstos no Decreto-Lei n.º 201 /67, é de autoria exclusiva dos que exercem o respectivo cargo. Contudo, é possível a participação, como na hipótese dos autos. Por isso, sendo elementar do tipo do crime de responsabilidade praticado por Prefeito a violação do dever inerente ao cargo, caracteriza bis in idem o seu reconhecimento também como agravante, pelo que o seu afastamento é medida que se impõe.