TJ-RJ - HABEAS CORPUS XXXXX20208190000 202005937377
HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSO PENAL. CONSTITUCIONAL. PACIENTE QUE, PRESO EM FLAGRANTE E INDICIADO PELO COMETIMENTO DO INJUSTO PREVISTO NO ART. 37 , DA LEI 11 . 343 /0 6 , FOI SOLTO POR OCASIÃO DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA. ULTERIORMENTE, CONTUDO, FOI DENUNCIADO PELA PRÁTICA, EM TESE, DOS CRIMES DE TRÁFICO E DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO, AMBOS COM A INCIDÊNCIA DA CAUSA DE AUMENTO RELATIVA AO EMPREGO DE ARMA DE FOGO. IRRESIGNAÇÃO DO IMPETRANTE QUE ALEGA, ALÉM DE QUESTÕES MERITÓRIAS, TAMBÉM AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A DEFLAGRAÇÃO DA PERSECUTIO CRIMINIS, INÉPCIA DA EXORDIAL ACUSATÓRIA E FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO QUE RECEBEU A DENÚNCIA. No que tange às questões meritórias, como sabido e consabido, estas são insuscetíveis de análise nesta via, cuja estreiteza obsta o revolvimento e cotejo de provas, razão pela qual sequer serão aqui conhecidas. No que concerne à indigitada ausência de justa causa, falece razão ao impetrante. O Superior Tribunal de Justiça já assentou que a falta de justa causa para a ação penal só pode ser reconhecida quando, primus ictus oculi, ou seja, de plano, sem a necessidade de exame valorativo do conjunto fático ou probatório, evidenciar-se a atipicidade do fato, a ausência de indícios a fundamentarem a acusação ou, ainda, a extinção da punibilidade, hipóteses não verificadas na presente quaestio facti. Precedentes Jurisprudenciais, verbi gratia, RHC 129774 / RJ - Relatora: Min. ROSA WEBER Julgamento : 1 0/ 11 / 2 0 15 ; HC 84 . 738 , Relator o Ministro Marco Aurélio , DJ 25 . 2 . 2 00 5 ; RHC 46823 / MT ¿ Relator : Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA ¿ DJe 15 /0 4 / 2 0 16 ; RHC 651 0 6 / SC ¿ Relatora: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA ¿ DJe 14 / 12 / 2 0 15 Quanto à alegação de inépcia da denúncia, de melhor sorte não goza o impetrante. A prefacial acusatória descreve as condutas delituosas imputadas ao ora paciente, relatando, em linhas gerais, os elementos indispensáveis para a demonstração da existência dos crimes em tese praticados, bem assim os indícios suficientes para a deflagração da persecução penal, de modo a permitir o exercício do direito à ampla defesa que lhe é constitucionalmente assegurada. Outrossim, na linha dos precedentes das Cortes Superiores, não é necessário que a denúncia apresente detalhes minuciosos acerca da conduta supostamente perpetrada, pois os pormenores deverão ser esclarecidos durante a instrução processual, momento apropriado para a análise aprofundada dos fatos narrados pelo titular da ação penal. Por fim, no que concerne à decisão que recebeu à denúncia, a orientação pretoriana é no sentido de que, se o magistrado considerou estarem presentes indícios mínimos a justificar o prosseguimento da ação penal, não há como exigir-lhe a exposição pormenorizada dos elementos que o levaram a tal conclusão sob pena de imiscuir-se no mérito , antes da instrução dos autos. Ademais, consoante consignado pelo insigne Ministro Ayres Britto , por ocasião do julgamento do Inq. 2646 , DJe 7 . 5 . 2 0 1 0, ¿ o exame prefacial da denúncia é restrito às balizas dos arts. 41 e 395 do Código de Processo Penal . Ou seja, a admissibilidade da acusação se afere quando satisfeitos os requisitos do art. 41 , sem que ela, denúncia, incorra nas impropriedades do art. 395 do Código de Processo Penal¿. Outrossim, ainda consoante julgado do Pretório Excelso, o que a Constituição exige, no art. 93 , IX, é que a decisão judicial seja fundamentada. Não que a fundamentação seja correta na solução das questões de fato ou de direito da lide. Declinadas no julgado as premissas, está satisfeita a exigência constitucional. No caso sub examine, a decisão vergastada, ao rejeitar as teses apresentadas em sede de defesa preliminar, o fez de forma concisa, de acordo com a sua natureza interlocutória. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO VISLUMBRADO. ORDEM QUE SE DENEGA.