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4 de Maio de 2024

Crime de Racismo: Microcefalia é usada como ataque a nordestinos

Mais uma vez, a história de discriminação e preconceito contra nordestinos, infelizmente se repete. Fato lamentável.

Publicado por Fátima Burégio
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As redes sociais foram palco, mais uma vez, de preconceito contra o Nordeste. Desta vez, a agressão contra a região foi motivada pelo aumento inusitado no número de casos microcefalia, uma anomalia congênita em que o tamanho da cabeça do bebê é menor do que o normal para a idade. Pernambuco concentra o maior número de casos: 141 até o momento. Mas também há registros na Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e Piauí.

Preconceito é espalhado nas redes sociais

No Twitter, as mensagens xenofóbicas direcionadas aos nordestinos, em sua maioria, associavam a região com o Partido dos Trabalhadores. Mais de 60 tweets foram registrados relacionando o PT, a microcefalia e os nordestinos. Veja abaixo alguns exemplos:

XENOFOBIA É CRIME

A xenofobia, bem como racismo e intolerância religiosa, pode ser definida como prática, indução ou incitação de preconceito de raça, cor, etnia e religião. O crime está previsto no artigo 20 da Lei nº 7716/89, com pena de reclusão, que pode variar de 1 a 3 anos e multa. Conforme o parágrafo 2º da mesma Lei, se o crime for cometido através de meios de comunicação, como a internet, a pena pode ser agravada de 2 a 5 anos e multa. Leia a matéria completa aqui

Outros casos de preconceito

Em maio deste 2011, as internautas Amanda Régis e Lucian Farah, de Santa Catarina, também foram investigadas por atacarem nordestinos após jogo entre Flamengo e Ceará. Amanda Régis publicou: “Esses nordestinos pardos, bugres, índios, acham que tem moral. Cambada de feios. Não é atoa que não gosto desse tipo de raça (sic).

Em outubro de 2010, Gabriel Resende e Rodrigo Rech, de Minas Gerais, foram responsáveis por ataques após o vazamento de parte da prova do Enem. Em página do Twitter, Gabriel Resende postou o seguinte comentário: “Se fosse eles soltava uma bomba no Nordeste e matava quem antecipou a prova e todos os nordestinos (sic)”

Em outubro de 2010, a estudante de direito Mayara Petruso usou perfil no microblog Twitter para escrever frases manifestando preconceito contra os nordestinos após o anúncio da vitória de Dilma Rousseff como presidente do país. “Nordestino não é gente, faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado (sic)”.

Causas?

Ódio, rancor ou ignorância? O que leva um internauta a postar comentários preconceituosos endereçados aos nordestinos? Questionada sobre a atitudes como estas, a socióloga e professora do Departamento de Ciências Sociais da UFPE Maria Eduarda Rocha afirmou na época que várias são as respostas para essas questões. “Primeiramente, devemos entender que o preconceito contra os nordestinos é uma discriminação de classes sociais. Isso porque o Nordeste foi um grande fornecedor de mão de obra, desde o ciclo da borracha até a industrialização. Assim, as pessoas veem os nordestinos como inferiores, pois, historicamente, os nordestinos ocuparam postos tidos como subalternos”.

Para a professora, outros dois fenômenos podem causar os ataques. “A primeira questão é a facilidade que as novas tecnologias trazem para figuras anônimas emitirem opiniões. Essas manifestações, muitas vezes, acontecem sem a autocensura dos autores”, esclareceu. “Outra possível razão é o crescimento do Nordeste, região que se desenvolve acima da média nacional. Isso causa uma mudança no equilíbrio de forças entre as regiões, o que faz com que alguns se sintam incomodados”, completou.

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