Professor de Illinois faz palestra para servidores da Fazenda
Se o Brasil conseguir liberar recursos para realizar os investimentos em infraestrutura e continuar no caminho da redução da taxa de juros, há chances de a demanda doméstica crescer e combater a crise. A avaliação é do economista Werner Baer, PhD e professor da Universidade de Illinois que esteve em visita à Secretaria de Fazenda do Rio de Janeiro, conferindo palestra nesta quinta-feira (12) para os servidores.
Crítico do excesso de liberdade do mercado, ele detecta como sendo este o problema desencadeador da crise em seu país, os Estados Unidos. Como forma de combate à liberdade excessiva, defende um estado mais regulador, cuidando de preservar a concorrência. O empresário é monopolista por natureza. Se não houvesse tanta liberdade aos bancos, não teriam emprestado indiscriminadamente (nos EUA) , diz.
Além disso, também acredita que o estado tem papel fundamental no fomento das políticas de desenvolvimento e deve desempenhá-lo.
No Brasil, ele destaca que o BNDES terá papel fundamental para que o tão sonhado desenvolvimento sustentado seja alcançado e que o governo deveria traçar metas de longo prazo. O estado é importante. Teve participação na criação de empresas brasileiras como as do setor siderúrgico, a Embraer e outras. Na época, muitos achavam que era loucura, lembra.
Além disso, ele acredita que o país necessita tomar cuidado com o nível de inadimplência já elevado e que pode continuar na escalada se o consumo for incentivado sem a paralela divisão de renda, aumento da taxa de investimento, incluindo investimento em pesquisas, e a melhoria da qualidade da educação. A estrutura da sociedade tem que mudar, resume.
Ainda analisando o Brasil, ele desconfia do desenvolvimento a partir da sociedade de consumo. É importante verificar a taxa de endividamento. No caso brasileiro, está em cerca de 50%, um número alto, avalia. Também na opinião do especialista, a taxa de inadimplência não poderá continuar crescendo como no passado recente.
Baer foi um dos primeiros economistas americanos a estudar as questões brasileiras. Seu livro A Economia Brasileira, em inglês, já teve a sexta edição publicada e a sétima está sendo trabalhada. O livro foi também publicado no Brasil pela Nobel e esta na terceira edição.