TJ-RJ - MANDADO DE SEGURANÇA: MS XXXXX20168190000 RIO DE JANEIRO ITABORAI 3 VARA CIVEL
MANDADO DE SEGURANÇA MANEJADO POR TERCEIRO ESTRANHO À RELAÇÃO LITIGIOSA DA AÇÃO DE COBRANÇA AJUIZADA ENTRE PARTICULARES. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA LIMINAR QUE DEFERIU O SEQUESTRO DE VERBAS PÚBLICAS DO IMPETRANTE. 1. O juízo de primeiro grau fundamenta sua ordem de sequestro no instituto da tutela provisória, tal como disciplinado no Livro V do NCPC . Trata-se, nos termos do decisório de tutela assegurativa por meio da qual pretende resguardar a futura satisfação pecuniária da pretensão resistida. Não se desconhece a ampla margem de discricionariedade (que não se confunde com arbitrariedade) que se reconhece ao juiz para avaliar a amplitude dos efeitos da tutela pretendida, com evidente força mandamental. 2. A ordem para sequestro possui caráter satisfativo, pois realiza a transferência forçada de soma pecuniária dos cofres públicos para o patrimônio da parte, revelando a sua natureza executiva. Nessa linha de ideias, tal medida, consoante reiterada jurisprudência do E. STF somente é admissível na estrita hipótese de quebra da ordem cronológica dos precatórios ( RCL XXXXX/CE , Rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 19/03/2004) RMS XXXXX/PR , Rel. Min. Castro Meira, DJ de 06/09/2004; RMS XXXXX/PR , Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 13/12/2004); RCL XXXXX/PA , Rel. Gilmar Ferreira Mendes, considerando-se o montante a ser sequestrado. 3. Via de regra, no caso de tutela antecipada pecuniária, as normas sobre cumprimento de sentença funcionam como parâmetro operativo para a efetivação da medida, observados os requisitos legais, que são vinculantes para todos, principalmente, no que diz respeito aos entes públicos. A partir delas, o juiz procede de maneira discricionária com simplificação sumarizante, construindo um procedimento atípico para a decisão antecipatória, determinação que deve conter-se nos estreitos limites da legalidade. 4. Em se tratando de tutela antecipada pecuniária contra a Fazenda Pública, há regras a serem observadas: 1) expedição de precatório caso se trate de parcela vencida ou superior a 60 SM (dívida federal); 40 SM (dívida estadual ou distrital) ou 30 SM se a dívida for municipal, salvo outro limite estabelecido na lei do respectivo ente, tudo, nos termos da Lei n.º 12.153 /09; 2) dispensa da expedição de precatório para o caso de parcela vencida igual ou inferior a esses valores. O segundo não é o caso dos autos. 5. A cobrança das obrigações assumidas pelos entes públicos segue rito próprio, exigindo o ajuizamento de execução contra a Fazenda Pública e pagamento pelo regime de precatórios. CONCESSÃO DA SEGURANÇA PARA ANULAR A DECISÃO JUDICIAL LIMINAR PROFERIDA NO PROCESSO DE CONHECIMENTO, LIBERANDO-SE PARA O IMPETRANTE EVENTUAIS REPASSES DOS RECURSOS FINANCEIROS DEVIDOS À ORGANIZAÇÃO SOCIAL EM RAZÃO DO DISPOSTO NO CONTRATO E NA FORMA PREVISTA NO ART. 12 DA LEI N.º 9.837/1988 QUE PORVENTURA TENHAM SIDO DEPOSITADOS EM JUÍZO.