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8 de Maio de 2024
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    Faltam hospitais de referência para doença falciforme no ES

    Uma dor aguda e intermitente, em todas as juntas do corpo, dos pés até a mandíbula, é o que sente quem tem doença falciforme durante uma crise. No Espírito Santo, esse tipo de doente enfrenta, ainda, a falta de um hospital de referência, o que pode agravar o quadro.

    As unidades de urgência e emergência simplesmente não sabem para onde enviar o paciente, pois o hospital precisa ter um hematologista, explicou Vandete Ramos Fernandes, presidente da Associação de Portadores de Anemia Falciforme do Espírito Santo (Afes).

    Vandete expôs o problema durante audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (24), no Auditório “Hermógenes Lima da Fonseca”, na Assembleia Legislativa (Ales). O debate foi proposto pelo deputado Givaldo Vieira (PT).

    Vandete Ramos Fernandes

    “Tem médico que liga para mim para saber para onde mandar o paciente”, disse Vandete, acrescentando que há hospitais que não têm hematologista. “E esta é uma espera perigosa, porque se o doente não for imediatamente hidratado o quadro pode piorar, levando inclusive à morte”, explicou.

    O desconhecimento sobre a doença, e a falta de capacitação dos profissionais de saúde foram outros problemas apontados na audiência. “É fatal para o doente”, alertou a médica pediatra Joice Aragão, coordenadora da Equipe de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e Outras Hemoglobinopatias, do Ministério da Saúde.

    A médica salientou que cabe ao município conhecer o perfil da doença para planejar ações, inclusive a compra de medicamentos básicos necessários para o doente, todos de baixo custo. Além disso, é fundamental a capacitação dos profissionais.

    Joice Aragão salientou que visita o Espírito Santo há algum tempo, mas não tem observado avanços significativos na atenção à doença falciforme, que acomete uma em cada 1,8 mil crianças capixabas nascidas vivas. No Brasil, 0,1% nascem com a doença.

    Joice Aragão

    A Bahia apresenta o índice mais preocupante: um em cada 650 nascimentos. A doença é frequente entre afrodescententes, mas pode ocorrer em brancos, disse Joice. Ela explicou que a alteração seria uma resposta da natureza à presença da malária.

    Segundo Joice, há grande incidência no continente africano. Com a diáspora negra - por iniciativa própria ou pelo escravagismo - e a conseqüente miscigenação, a doença se espalhou e hoje está presente em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos. A Índia é o país com maior número de casos.

    O Espírito Santo já tomou iniciativas, como a realização do teste do pezinho, lembrou a médica. É o quarto Estado brasileiro a realizar o teste completo para detectar a doença falciforme, hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria e fibrose cística.

    O secretário de Saúde de Vitória e presidente do Fórum de Secretários Municipais de Saúde, Luiz Carlos Reblin, adiantou que o município promove a capacitação dos profissionais de saúde e monitora a maioria das crianças nascidas vivas.

    Além disso, na área de atenção farmacêutica mantém mais de 340 itens, inclusive para doença falciforme. Mas, no entender do secretário, as ações deveriam ser planejadas de maneira uniforme entre entidades como as Apaes, Prefeituras e o Estado.

    O deputado Givaldo Vieira propôs a realização de outra audiência, com a presença do secretário de Estado da Saúde, Anselmo Tozi, e de representantes de hospitais para viabilizar centros de referência, inclusive no interior.

    E o deputado Rodrigo Chamoun (PSB), que também participou do evento, destacou que o Brasil é referência na atenção à Aids e malária. “Bom seria se desse a mesma segurança à doença falciforme”, sugeriu.

    Também participaram da audiência a chefe do Departamento de Pediatria do Hospital das Clínicas, Cecília Maria Figueira, e os vereadores Roberto Carlos (PT-Serra) e Juarez Gonçalves (PSB-Vitória).

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