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5 de Maio de 2024
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    Audiência pública: Ministro Lewandowski elogia nível do debate

    Publicado por COAD
    há 14 anos

    A audiência vai subsidiar o julgamento de dois processos que contestam a utilização de critérios raciais para o acesso a vagas nas universidades públicas

    O ministro Ricardo Lewandowski é o relator das ações e foi o responsável pela convocação da audiência pública

    Após encerrar o primeiro dia da audiência pública que discute a o sistema de cotas raciais em universidades públicas, o ministro Ricardo Lewandowski concedeu entrevista coletiva e afirmou ter ficado extremamente bem impressionado com o alto nível e a qualidade dos debates.

    Em sua opinião, tanto os expositores que falaram a favor quanto os que falaram contra as cotas apresentaram intervenções substantivas que vão contribuir muito para que os ministros desta Corte façam um juízo mais abalizado pela ocasião do julgamento da ação.

    Além da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, ajuizada pelo Democratas (DEM) será julgado em conjunto o Recurso Extraordinário (RE 597285), interposto por um estudante do Rio Grande do Sul que se sentiu prejudicado pelo sistema de cotas adotado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

    O ministro Lewandowski explicou que o RE teve repercussão geral reconhecida e, com isso, deixou de interessar apenas ao estudante e se tornou de interesse nacional. Como os dois processos discutem a possibilidade ou não, do ponto de vista constitucional, da reserva de vagas nas universidades públicas a partir do critério de minoria ambos tem o mesmo princípio e por isso serão julgados em conjunto.

    Temos que primeiramente examinar se é possível do ponto de vista constitucional estabelecer critério que privilegie um grupo que historicamente não tem tido acesso às universidades, seja por razões econômicas, raciais, deficiência física ou outra, disse o ministro.

    Ele afirmou ainda que não há previsão para o julgamento, mas, considerando o interesse da sociedade em torno do tema, reunirá esforços no sentido de que seja julgado o mais rápido possível.

    Farei esforços para que esse tema venha a ser julgado por esse plenário ainda este ano, disse.

    FONTE: STF

    NOTA - Equipe Técnica ADV : Confira os principais destaques e argumentos trazidos durante a solenidade de abertura da audiência pública sobre políticas de ação afirmativa para reserva de vagas no ensino superior, na Sala de Sessões da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. A audiência segue até esta sexta-feira (5/3).

    Secretaria Especial de Direitos Humanos defende cotas por considerar um fracasso as políticas tradicionais de acesso ao ensino superior

    O coordenador-geral de Educação em Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) e doutor em Educação pela Unicamp, Erasto Fortes de Mendonça, defende atuação do Estado para criar oportunidades iguais para as pessoas vítimas de discriminação. Segundo ele, é justo que se busque ações afirmativas de instituição de cotas raciais para o ingresso no ensino superior, uma vez que as políticas universais de acesso não lograram êxito no sentido de incluir essa parcela.

    Para advogado-geral da União, política de cotas é consentânea com a Constituição Federal

    As políticas de cotas raciais revelam uma atuação estatal amplamente consentânea com a Constituição Federal, pois foram elaboradas a partir da autonomia universitária, com o propósito de projetar para a realidade os valores e objetivos estabelecidos pela Constituinte. A declaração foi dada pelo advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.

    MEC e Funai expõem argumentos a favor do sistema de inclusão por cotas

    De acordo com a secretária de ensino superior do MEC, Maria Paula Dallari Bucci, existe uma distância histórica no campo da educação e essa distância se reproduz ao longo dos anos quando se compara os dados educacionais entre negros e brancos.

    Em sua opinião, esse dado esvazia a tese de que, para a inclusão dos negros, o ideal seria melhorar o ensino como um todo, pois, historicamente, essa melhora não diminuiu a desigualdade histórica e persistente entre os dois grupos. Um gráfico apresentado pela secretária demonstrou que essa distância permanece intocada nos últimos vinte anos.

    Ministro de promoção da igualdade racial defende cotas raciais em universidades públicas

    Entendo que este é um momento de grande importância histórica para o nosso país e que o Supremo Tribunal Federal sabiamente convoca a sociedade para escutá-la sobre uma matéria cuja decisão terá um impacto muito grande. Com essa avaliação, o ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, iniciou sua exposição na solenidade de abertura da audiência pública.

    Ao fazer referência aos dados da última Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio, que revelou que os cidadãos brasileiros declarados negros ou pardos correspondem a 50,06% da população do país, Edson Santos destacou: Mostra-se que aqui está se tratando de um tema que vai ao encontro da maioria da população. O Brasil, ainda em tempo, está recuperando um debate que ocorreu no final do século 19, quando ocorreu a campanha abolicionista.

    Advogado defende critério do mérito para acesso ao ensino superior

    Um dos expositores da audiência pública, Caetano Cuervo Lo Pumo advogado do estudante Giovane Fialho, que se sentiu prejudicado pelo sistema de cotas adotado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) defendeu a adoção do critério do mérito para balizar o acesso de estudantes às universidades públicas no país.

    Ao cumprimentar e parabenizar a Suprema Corte pela brilhante iniciativa de realizar a audiência pública, o advogado disse lamentar que nenhuma discussão parecida tenha ocorrido quando da implementação do sistema de cotas nas universidades. Na opinião de Lo Pumo, não houve debate a respeito do tema, o que deveria ser imprescindível.

    Especialista explica razões que levaram a UnB a adotar sistema de cotas

    O professor da Universidade de Brasília (UnB), José Jorge de Carvalho, iniciou sua explanação explicando as razões pelas quais a UnB adotou o sistema de cotas para o ingresso em seus cursos de graduação.

    José Jorge explicou que o sistema de cotas foi adotado na UnB em 2003, em resposta a uma constatação de que o espaço acadêmico da universidade era altamente segregado racialmente, mais ainda, também como consequência a essa segregação foi criado um ambiente hostil aos estudantes negros que dele faziam parte.

    Segundo o professor, em censo preparado na universidade, foi constatado que em 20 anos de existência do Departamento de Doutorado em Antropologia, não havia sequer um estudante negro. José Jorge observou que a mesma exclusão se verificava em outros departamentos.

    Para professora da UFRGS, ações afirmativas contribuem para a promoção da cidadania

    Na visão da professora do Departamento de Antropologia e Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Denise Fagundes Jardim, a adoção de ações afirmativas, além de reverter os preconceitos raciais que causam impacto na estrutura social, constituem importante contribuição às políticas públicas de promoção à cidadania por sinalizarem direitos constitucionais da coletividade que foram relegados às margens da dignidade humana.

    Pesquisador do IPEA defende sistema de cotas raciais para fomentar igualdade racial

    O diretor de Cooperação e Desenvolvimento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Mário Lisboa Theodoro, afirmou que estudos do instituto indicam que a desigualdade racial no Brasil é persistente ao longo da História e que as políticas de cotas no ensino superior são hoje o principal mecanismo de equalização desse problema na sociedade brasileira, que convive com o preconceito.

    O diretor de Cooperação e Desenvolvimento do Ipea apresentou dados estatísticos do instituto que apontam que há hoje no Brasil 571 mil crianças entre 7 a 14 anos fora da escola. Dessas, 62% são negras. Outro dado mostra que um trabalhador negro ganha em média metade do que um trabalhador branco ganha; que o percentual de negros abaixo da linha de indigência é duas vezes e meia maior do que o percentual de branco (71% dos indigentes do país são negros) e que 70% dos pobres são negros.

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/audiencia-publica-ministro-lewandowski-elogia-nivel-do-debate/2103879

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