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15 de Maio de 2024
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    Apetite voraz de políticos vai custar R$ 2 bi ao ano

    Publicado por Expresso da Notícia
    há 17 anos

    "Eu recebi só R$ 6,5 milhões. Estão colocando R$ 4 milhões a mais na minha conta. Eles que expliquem para onde foi o dinheiro"Valdemar Costa Neto, deputado que renunciou durante a CPI doMensalão e retorna à Câmara na legislatura que se inicia em 2007

    Os salários de deputados e senadores passarão de R$ 12.847 para R$ 24.500 a partir de 1º de fevereiro de 2007. Diante das esperada reação da opinião pública, a Câmara dos Deputados divulgou matérias tentando "abafar" o impacto do "super-aumento" que deputados e senadores se "autoconcederam" no dia 14. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, garantiu que a medida "não vai significar aumento de despesas para a Casa", que promoverá cortes em várias rubricas. Na verdade, porém, o efeito cascata do aumento significará gastos próximos de R$ 2 bilhões ao ano. A decisão conjunta das mesas da Câmara e do Senado criou um aumento automático, vinculado aos vencimentos dos ministros do STF, e deflagrou um efeito cascata: a Assembléia Legislativa paulista não perdeu tempo e vai aplicar o mesmo porcentual. Seus deputados receberão R$ 18,3 mil, além, é claro, de uma significativa relação de vantagens e "subsídios". Na Câmara Municipal de São Paulo, um constrangido Ricardo Trípoli (sem partido), presidente da casa, anunciou que, a contragosto, deverá aplicar o reajuste aos vencimentos dos nobres edis. "Se não fizer isso, qualquer vereador entra na Justiça e ganha", lamentou, resignado, aparentando tristeza e decepção por ter de distribuir o substancial aumento a seus pares. Estima-se que 51.808 vereadores de todo o País não se farão de rogados e aceitarão (ou exigirão) o aumento.

    Aldo Rebelo tentou convencer a imprensa de que a "equiparação salarial" não representará aumento de gastos. Ele aponta medidas como a suspensão da reforma dos apartamentos funcionais e a construção do prédio do anexo 5. "A fixação desse subsídio implica e exige cortes de gastos na Câmara e no Senado para ficar dentro dos nossos orçamentos. Ou seja, não haverá aumento de despesa", insistiu, com uma convicção trêmula.

    Além desses supostos cortes, a Câmara prometeu que, em 2007, não arcará mais com a despesa das convocações extraordinárias, devido à aprovação da Emenda Constitucional nº 50 . A última convocação, ocorrida entre dezembro de 2005 e janeiro deste ano, teve um custo de R$ 62 milhões.

    Rebelo garantiu que, para compensar o inimaginável aumento de 91% nos 15 salários dos parlamentares, serão implantadas pela Câmara no próximo ano medidas propostas por estudo da Diretoria Geral e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que vão gerar novas economias com a racionalização e a transparência dos gastos. Ele não informou, porém, quais seriam as medidas, nem quanto custou aos cofres da Câmara o estudo da FGV.

    O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Março Aurélio de Mello disse que o aumento de 91% no salário de deputados e senadores provocará efeito cascata no serviço público. “A temporada está aberta”, disse.

    "Não somos menos"

    Enquanto o comunista Aldo Rebelo se esforçava para tentar justificar o monumental aumento de salário, o senador Ney Suassuna, líder do PMDB no Senado, recentemente absolvido na CPI dos Sanguessugas, saiu do mutismo que se submeteu durante as investigações e assumiu a defesa do aumento, de forma incisiva. "Não somos menos do que os ministros do Supremo”, disparou, dando a entender que a motivação do polpudo aumento decorre mais de um direito de equiparação do que da real necessidade dos parlamentares. O aumento seria, por esse peculiar raciocínio, uma forma de auto-afirmação dos parlamentares, que podem ficar atrás de quaisquer outros poderes da República.

    O jovem Rodrigo Maia, líder do PFL, filho de Cesar Maia, justificou à Rede Globo que não se trata de aumento salarial, pois os parlamentares recebem" subsídios ". Dramático, o líder do PTB, deputado José Múcio Monteiro (PE), disse ao jornal O Estado de S. Paulo que sem o aumento salarial a Câmara e o Senado correriam o risco de atrair apenas parlamentares interessados em se valer do mandato para atividades desonestas.

    Ocorre que, segundo o senador Jefferson Péres (PDT-AM), esta é a pior legislatura que o Congresso já teve. Para ele, nunca o Parlamento presenciou uma legislatura detão baixo nível, apontando o"recorde"de escândalos e investigações de atos de corrpução praticados por parlamentares como na atual legislatura. Péres classificou o ato do Congresso de"vexaminoso".

    José Múcio Monteiro lamentou que, antes do aumento, o salário líquido de um deputadonão ultrapassava R$ 8,5 mil. Por isso, continua o deputado," se não receber, terá de vir para ca com patrocínio de empresas, de associações patronais ", previu."Os pobres não serão representados, será uma casa de ricos e de representantes de ricos. Se o político vai receber,tem de ser um valor digno, que o mantenha na atividade de forma séria", argumentou.

    O impacto da dinheirama

    A soma dos gastos decorrentes do aumento dos salários (ou" subsídios ") dos parlamentares atingirá o valor de R$ 1.928.117.550 ao ano. A astronômica soma representa o gasto com salários (ou" subsídios ") com 594 parlamentares (senadores e deputados federais), 224 aposentados e pensionistas do Congresso, 1059 deputados estaduais e 51.808 vereadores.

    Ao que tudo indica, não foi apenas o apetite voraz dos políticos que gerou o aumento urdido na surdina. O aumento resultará na recondução de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) - afundando de vez as pretensões de Arlindo Chinaglia (PT-SP) - à presidência da Câmara. Renan Calheiros também pretende a ser reconduzido à presidência do Senado e também se esforçou para justificar a dinheirama que brotará no contracheque privilegiado de seus pares.

    Afinado com aldo, Renan afirmou que o aumento será possível sem acarretar aumento de gastos para o Senado, por causa de medidas de contenção de despesas. Renan registrou os cortes de despesas no último biênio no Senado. Em 2005, segundo ele, foram cortados R$ 24 milhões em gastos de custeio, repetindo o tom das justificativas coradas de Aldo.

    Ao contrário do que vinha sendo dito pelos deputados, quando o aumento ainda era tratado como" boato ", o reajuste será concedido sem corte nas verbas extras que os congressistas recebem todo o mês. Senadores e deputados recebem várias cotas mensais: R$ 15 mil de verba indenizatória, R$ 4.268 para selos e telefones, R$ 3.000 de auxílio moradia, R$ 50.815 de verbas de gabinete, além de uma cota de passagens aéreas que vai de R$ 4.147 a R$ 24 mil (depende da origem do parlamentar). Mesmo parlamentares eleitos pelo Distrito Federal recebem passagens aéreas. Além disso, deputados e senadores recebem 15 salários anuais.

    Ao assumir, no início da legislatura, os parlamentares recebem, também, uma mala de cor preta, luxuosa, para o transporte de documentos. A regalia foi enfatizada por Maria Christina Mendes Caldeira, ex-mulher do deputado Valdemar Costa Neto (SP), durante depoimento na CPI do Mensalão, onde ela compareceu para depor sobre episódios relacionados com os valores negociados entre PT e PL.

    Quem votou a favorSENADORES

    - Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado;

    - Ney Suassuna (PB), líder do PMDB;

    - Ideli Salvatti (SC), líder do PT

    - Demóstenes Torres (PFL-GO);

    - Tião Viana (PT-AC);

    - Efraim Moraes (PFL-PB).

    DEPUTADOS

    - Aldo Rebelo (PCdoB-SP), presidente da Câmara;

    - Wilson Santiago (PB), líder do PMDB;

    - Rodrigo Maia (RJ), líder do PFL;

    - Miro Teixeira (RJ), líder do PDT;

    - José Múcio Monteiro (PE), líder do PTB;

    - Inácio Arruda, líder do PCdoB;

    - Arlindo Chinaglia, líder do governo;

    - José Carlos Aleluia (BA), líder da minoria (oposição);

    - Luciano Castro (RR), líder do PL;

    - Bismarck Maia (CE), vice-líder do PSDB.

    - Ciro Nogueira (PP-PI);

    - Inocêncio Oliveira (PL -PE);

    - Givaldo Carimbão (PSB-AL);

    - Mário Heringer (PDT-MG);

    - Jorge Alberto (PMDB-SE);

    - Sandro Mabel (PL -GO);

    - Coubert Martins (PPS-BA);

    - Carlos Willian (PTC-MG);

    - Sandra Rosado (PSB-RN);

    - Benedito de Lira (PP-AL).

    Quem votou contra- senadora Heloísa Helena (AL), líder do PSOL;

    - deputado Chico Alencar (RJ), líder do PSOL;

    - deputado Henrique Fontana (RS).

    Confira, abaixo, a lista dos parlamentares acusados de envolvimento em corrupção que disputaram as últimas eleições:

    Parlamentares citados na CPI do Mensalão

    deputado Sandro Mabel (PL -GO)- reeleito

    deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) - não

    deputado Professor Luizinho (PT-SP) - não

    deputado Pedro Henry (PP-MT) - reeleito

    deputado João Magno (PT-MG) - não

    deputado João Paulo Cunha (PT-SP) - reeleito

    deputado José Mentor (PT-SP) - reeleito

    deputado Josias Gomes (PT-BA) - não

    deputado Vadão Gomes (PP-SP) - reeleito

    deputado Valdemar Costa Neto (PL -SP)- reeleito

    deputado Paulo Rocha (PT-PA) - não

    deputado José Borba (PMDB-PR) - não

    PARLAMENTARES CITADOS NA CPI DOS SANGUESSUGAS

    deputado Amauri Gasques (PL -SP)- não

    deputado Carlos Nader (PL -RJ)- não

    deputado Coronel Alves (PL -AP)- não

    deputado João Caldas (PL -AL)- não

    deputado Júnior Betão (PL -AC)- não

    deputado Maurício Rabelo (PL -TO)- não

    deputado Paulo Gouveia (PL -RS)- não

    deputado Raimundo Santos (PL -PA)- não

    deputado Reinaldo Betão (PL -RJ)- não

    deputado Reinaldo Gripp (PL -RJ)- não

    deputado Ricardo Rique (PL -PB)- não

    deputado Wellington Fagundes (PL-MT)- reeleito

    deputado Wellington Roberto (PL -PB)- reeleito

    deputado Alceste Almeida (PTB-RR) - não

    deputado Carlos Dunga (PTB-PB) - não

    deputado Cleuber Carneiro (PTB-MG) - não

    deputado Edir Oliveira (PTB-RS) - não

    deputado Eduardo Seabra (PTB-AP) - não

    deputada Elaine Costa (PTB-RJ) - candidatura com recurso no TSE

    deputado Fernando Gonçalves (PTB-RJ) - candidatura com recurso no TSE

    deputado Íris Simões (PTB-PR) - não

    deputado José Militão (PTB-MG) - não

    deputado Jonival Lucas Júnior (PTB-BA) - não

    deputado Neuton Lima (PTB-SP) - não

    deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) - não

    deputado Ricarte de Freitas (PTB-MT) - não

    deputado Agnaldo Muniz (PP-RO) - não

    deputado Benedito Dias (PP-AP) - não

    deputado Cleonâncio Fonseca (PP-SE) - não

    deputado Enivaldo Ribeiro (PP-PB) - não

    deputado Érico Ribeiro (PP-RS) - não

    deputado Ildeu Araújo (PP-SP) - não

    deputado Irapuan Teixeira (PP-SP) - não

    deputado Pedro Henry (PP-MT) - reeleito

    deputado Reginaldo Germano (PP-BA) - não

    deputado Adelor Vieira (PMDB-SC) - não

    deputado Cabo Júlio (PMDB-MG) - não

    deputado João Correia (PMDB-AC) - não

    deputado João Magalhães (PMDB-MG) - reeleito

    deputado Marcelino Fraga (PMDB-ES) - não

    senador Ney Suassuna (PMDB-PB) - não

    deputada Celcita Pinheiro (PFL-MT) - não

    deputado César Bandeira (PFL-MA) - não

    deputada Laura Carneiro (PFL-RJ) - não

    deputado Marcos de Jesus (PFL-PE) - não

    deputado Isaías Silvestre (PSB-MG) - não

    deputado Marcondes Gadelha (PSB-PB) - reeleito

    deputado Paulo Baltazar (PSB-RJ) - não

    deputado João Grandão (PT-MS) - não

    deputado Pastor Amarildo (PSC-TO) - não

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