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André Senador 1
Fabio B. Josgrilberg 2
É atribuído a Xenófanes (362 AC) um dos primeiros registros da palavra economia. Do grego “oikos”, casa ou ambiente, e “nomos”, norma ou lei, ou seja, a economia trata das normas que regem a organização da casa. No diálogo socrático Oeconomicus, o filósofo trata de tão variados temas quanto a relação homem e mulher, a vida urbana e a rural, escravidão, religião e educação 3 .
Na abertura do diálogo, Sócrates discute com Critoboulos, filho de Crito, o significado de riqueza. O filósofo, então, reflete sobre o fato de que o conceito não pode ser reduzido a posses, mas estará ligado ao bem-estar e à utilidade.
Mais de dois milênios depois, em 1969 DC, um outro sábio e filósofo, Jorge Ben Jor, mestre do samba- rock, leitor de São Tomás de Aquino, a quem inclusive dedicou uma música, anunciava em seu clássico eterno País Tropical: “lá em casa todos meus amigos, meus camaradinhas me respeitam, (Pois é) essa é a razão da simpatia, do poder, do algo mais e da alegria”. Bom, é possível depreender da letra que Bem Jor tinha respeito em sua casa (oikos), correto? Afinal, essa a origem da simpatia, do poder do algo mais e da alegria.
Meio século mais tarde, emergiu a urgência de gerirmos melhor a nossa casa globalmente, o planeta, em uma convocação a indivíduos e organizações a assumirem suas responsabilidades imediatamente. De alguma maneira, ao sugerir a reflexão sobre a definição de riqueza, Xenófanes antecipou algumas dimensões da discussão contemporânea sobre o propósito da atividade econômica.
É justamente o propósito da economia que Kate Raworth coloca sob escrutínio. De maneira breve, torna-se imprescindível rever o aumento do Produto Interno Bruno (PIB) como único indicador de riqueza e, complementarmente, a lógica do crescimento contínuo. Conforme explica Raworth, há um limite imposto, de um lado, pelas condições sociais necessárias à vida humana digna e, de outro, pelas condições ecológicas. A riqueza possível e necessária está entre esses dois limites 4 .
A busca do crescimento do PIB eternamente, sem tomar em conta o duplo limite, social e ecológico, está levando o planeta ao colapso de maneira irreversível. Trata-se de um caso daquilo que em filosofia é conhecido como falácia genética, quando a premissa inicial do argumento lógico é equivocada e, consequentemente, suas conclusões. Em contraposição a lógica perversa da perseguição do crescimento a qualquer custo, na teoria de Raworth, a dinâmica social e econômica deve ser orientada por um propósito; a necessidade de crescer, ou não, é contingente.
A iminência do colapso planetário provocou um tardio sentimento de urgência entre os mais diversos atores do sistema capitalista. Antes tarde do que nunca... O que era pauta de movimentos sociais de combate às diversas faces da desigualdade e degradação ambiental, nos últimos anos, entrou definitivamente para a agenda das organizações com e sem fins lucrativos. Não importa se por uma reação ao risco, por pressão social ou financeira, o fato é que sob a égide do ESG (environmental, social, governance, em português, ambiental, social e governança), empresas se viram obrigadas a responder mais assertivamente perguntas como:
1. Ambiental
a. Qual o meu impacto no planeta?
b. O que faço para neutralizá-lo?
c. O que faço para regenerar o que já foi destruído?
2. Social
a. Quanto …
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