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Sumário:
Tocou-se, em várias passagens deste livro, no problema ecológico. Mas, o que vem a ser, afinal de contas, a tão falada ecologia? Ela nada mais é do que o estudo dos sistemas biológicos de interdependência.
Todos os seres vivos nutrem-se de elementos produzidos ou sintetizados por outros seres, segundo uma cadeia de sistemas que pode atuar indefinidamente e se perpetuar, na ausência de intervenções exógenas. Assim, por exemplo, um certo número de algas num meio aquoso pode viver em intercâmbio com outros animais aquáticos. Estes se alimentam de parte da massa das algas e ao mesmo tempo absorvem oxigênio da água. Lançam à mesma bióxido de carbono e dejetos que servem de nutrientes às algas. Por seu turno, elas expelem o oxigênio que irá enriquecer novamente a água, fechando assim o ciclo. Este poderá se perpetuar indefinidamente, desde que interferências diversas não tornem o número de algas desproporcionalmente elevado ou diminuto em relação ao das outras espécies animais com as quais se mantêm em intercâmbio.
Pois bem, este mesmo tipo de intercâmbio é exercitado pela espécie humana com o meio ambiente que a envolve. Ele é composto por um conjunto de elementos naturais – águas, ar, terras, vegetação etc. – a comporem a chamada biosfera, de onde o homem retira oxigênio, alimentos, matérias-primas e a própria água, além de energia. Esses elementos todos são, de uma forma ou de outra, processados, transformando-se em bens destinados a prestar os mais diversos serviços ao homem, para, a seguir, serem devolvidos ao mesmo meio ambiente, como sucata ou produtos imprestáveis de todo o tipo. No próprio processo de produção ou ainda durante o seu uso, uma parte desses bens já retornará igualmente ao meio ambiente sob a forma de resíduos do processo de fabricação e consumo, tais como gases diversos, ácidos e outras substâncias líquidas lançadas por efluentes industriais, partículas em suspensão, fuligem ou calor resultante da transformação da energia.
Em tais condições, bem analisado, o sistema econômico atua como um mero intermediário entre o meio ambiente e... o meio ambiente. Por mais paradoxal que possa parecer esta afirmação, é o que, de fato, ocorre. A atividade econômica do homem consiste, em essência, no retirar da biosfera elementos que, mais cedo ou mais tarde, a ela retornarão, sob diversas formas ou modalidades. Duas consequências importantíssimas em termos conceituais derivam dessa constatação.
A primeira delas refere-se à maneira de encarar o sistema econômico. Tal como visto tradicionalmente, ele não passa, na verdade, de subsistema de uma cadeia de reações ecológicas. O mecanismo geral do seu funcionamento, tão bem retratado por uma matriz de insumo-produto, isto é, fatores a entrarem no processo produtivo e produto final dele resultante correspondem a apenas uma parte das relações relevantes, as quais extravasam os limites estritos do sistema econômico. E assim esta forma de apresentação da estrutura de um processo produtivo – a matriz de insumo-produto, também chamada de matriz de Leontief – vem sofrendo adaptações para incorporar a geração de poluentes no processo de transformação e a sua eventual eliminação, total ou parcial.
Mais direta, embora extremamente simplificada, é a representação sugerida por Daly abaixo reproduzida.
| Setor Humano | Setor Não Humano | |
| Setor Humano | (1) | (3) |
| Setor Não Humano | (2) | (4) |
Nessa pequena matriz, o campo (1) corresponde às relações decorrentes da operação do sistema econômico. Elas não levam em conta a origem e o destino final de todos os bens por ele transformados e que alimentam o intercâmbio entre os homens. Esse campo poderia ser desdobrado …
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