Antiga fazenda experimental da Syngenta Seeds abrigará centro de pesquisa do Iapar
A multinacional Syngenta Seeds doou uma fazenda experimental para o Governo do Estado nesta terça-feira (14), durante a reunião semanal da Escola de Governo. A fazenda que tem uma área de aproximadamente 120 hectares e está localizada no município de Santa Tereza do Oeste, vizinha do Parque Nacional do Iguaçu (Oeste do Estado), abrigará o novo centro de pesquisa do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que será destinado à produção de sementes.
Essas sementes têm uma destinação muito clara: Nós temos algumas sementes de feijão altamente produtivas, criadas pelo Iapar como produto de um trabalho de 30 anos, e esta área vai passar a multiplicar esse tipo de semente, disse o governador Roberto Requião.
De acordo com Requião, a produção de sementes de feijão na área será destinada aos agricultores paranaenses e para ações de ajuda humanitária. O Paraná vai produzir sementes para os nossos agricultores e vai produzir também para que possamos enviar sementes à Jamaica, ao Haiti e a Cuba, que foram devastados pelos últimos furacões, explicou.
O governador falou ainda, durante a assinatura da doação, que será retirada da área a produção de transgênicos, mas que o Estado não dispensa o conhecimento da Syngenta na produção de sementes. O Paraná se opõe a transgenia, mas não esconde o respeito que tem pelos que produzem sementes, os que pesquisam isso há muito tempo. E deixando de lado a transgenia, a Syngenta é extremamente bem vinda nessa parceria com o Iapar, disse.
Para o diretor de Assuntos Cooperativos para a América Latina da Syngenta, Valter Brunner, a área será muito útil para o Estado nesse projeto de pesquisas e desenvolvimento. É um projeto que com certeza vai beneficiar o agricultor e a agricultura do Paraná, avaliou. De acordo com ele, o Paraná é um dos estados mais importantes para o país, que tem na agricultura um de seus pilares.
Ele falou que uma futura parceria entre a multinacional e o Governo do Estado ainda poderá ser feita a partir da Fundação Syengenta, que já vem desenvolvendo algumas atividades em outras regiões do país. Essa projeto precisa ainda ser construído e deve ser conversado a partir de hoje, disse.
Odacir Klein, presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) considera a doação importante. O Estado vai usar a área na pesquisa oficial e para fins específicos, disse. Termina um conflito que havia no passado e que teve efeitos desastrosos. Agora, uma área que era questionada, passa a ser usada dentro de normas de pesquisa pública, avaliou.
O secretário da Agricultura e Abastecimento, Valter Bianchini, explicou que o novo centro do Iapar passa a funcionar a partir desta quarta-feira (15) e que trabalhará na pesquisa de sementes florestais e da agricultura sustentável. As sementes são um símbolo importante dessa semana do Dia Mundial da Alimentação (16 de outubro), porque permitem a segurança alimentar e a solidariedade, disse.
José Augusto Teixeira de Freitas Picheth, diretor-presidente do Iapar, destacou que a área doada já está preparada para o desenvolvimento de pesquisas. Segundo ele, dentro da propriedade há uma área de cerca de 80 hectares preparada para a produção agrícola, além de áreas de reflorestamento, mata nativa e instalações.
Segundo o secretário especial para assuntos de reflorestamento, Nivaldo Krüger, encerra-se um conflito para trazer um benefício à população paranaense. Ele disse ainda que com o diálogo, que durou cerca de cinco meses, foram encerradas as pendências judiciais entre a multinacional e o Governo do Estado.
A fazenda doada foi destaque na mídia a partir de 2006, quando foi utilizada para a realização de pesquisas de transgenia e por ser ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em 2007, um confronto entre seguranças e sem terras culminou com a morte de duas pessoas e pelo menos seis feridos.
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