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26 de Abril de 2024
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    Homicídios / Onde é mais fácil morrer/Homicídios / Colombo é a mais violenta da RMC/Homicídios / Dados excluem 151 mortes/Segurança pública / Tráfico migrou de Foz para a capital, diz Delaza

    Dados oficiais mostram que o Paraná tem seis regiões com índice de assassinatos superior ao do estado de São Paulo

    Seis das 23 regiões do Paraná têm taxas de homicídio superiores a 30 casos por 100 mil habitantes, ultrapassando a média estadual (27,1) e de estados considerados violentos, como São Paulo. O mapa do crime, divulgado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) na última terça-feira, mostra que a região de Foz do Iguaçu - que engloba sete municípios - é a mais violenta, com 58,7 homicídios por 100 mil habitantes em 2008 - taxa superior à do Rio de Janeiro. A região metropolitana, que concentra 22 cidades, vem em seguida, com índice de 48,9.

    Os números divulgados pela Sesp são altos, comparados com as taxas divulgadas no relatório de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Brasil 2008, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pelo estudo, o Brasil tem um índice de 26,9 homicídios por 100 mil habitantes. São Paulo, por exemplo, tem 28,5. O Rio de Janeiro é o estado mais violento, com 50,8. O índice tolerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de 10 assassinatos para cada 100 mil habitantes.

    Com a segunda taxa mais alta do Paraná, a região metropolitana de Curitiba tem situação preocupante. O índice de homicídios saltou de 39,2, em 2007, para 48,9 no ano passado. Em Curitiba, a taxa subiu de 30,5 para 32,7 no Paraná. Foz do Iguaçu passou por situação inversa - o índice caiu de 78,2, em 2007, para 58,7 no ano passado.

    A explicação da Sesp para a alta de 9% dos números de homicídios dolosos em Curitiba em 2008, comparando o mesmo período de 2007, é que 80% dos casos estão ligados ao tráfico de drogas. Os assassinatos cresceram 7% no estado e 18% na região metropolitana de Curitiba.

    Ações Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a taxa de homicídios no estado é altíssima, mas é possível reduzir a violência tomando como exemplo ações feitas em São Paulo, onde o número de homicídios caiu pelo nono ano consecutivo. Eles também afirmam que é prematuro dizer que o tráfico de drogas é o vilão da escala dos homicídios, como aponta a Sesp.

    A versão é contestada pelo sociólogo Pedro Bodê, Coordenador do Centro de Estudos sobre Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná. "Eles não têm evidências disso. É um número cabalístico, pois o mal das drogas atinge todas as classes sociais. A vida vale pouco e a vida de pobre vale menos, principalmente quando os índices de elucidações de homicídios são muito baixos", afirma.

    Em São Paulo uma das razões para a queda constante de assassinatos nos últimos anos foi o forte investimento nas investigações de homicídios, em perícias, conseguindo desvendar muitas quadrilhas de justiceiros e matadores."A receita de São Paulo foi usar algumas leis fortes (toque de recolher na capital e o estatuto do desarmamento), fortalecer as delegacias de homicídios, usar técnicas avançadas de investigações e um serviço de inteligência. Isso pode diminuir os crimes de sangue, pelo menos aqui foi assim", disse o professor de Direito Nestor Sampaio Penteado Filho, que é delegado de Polícia em São Paulo e trabalha na Corregedoria da Polícia Civil paulista.

    Penteado explica que, a partir da década de 90, o governo de São Paulo dobrou as equipes de investigações de homicídios, passando de 10 para 20, e criou mais quatro delegacias especializadas."Pulamos de 20 para 50 delegados e de 100 para 250 policiais de rua - investigadores e agentes", informa.

    O pesquisador Marcelo Batista Nery, sociólogo e tecnólogo especialista em geoinformação, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, afirma que o ideal para reduzir a violência e os homicídios dolosos é observar o que acontece dentro dos municípios, as razões dos homicídios, olhando as estatísticas de cada cidade, sem regionalizar as informações."É preciso qualificar cada vez mais os dados para que a população possa contribuir com ações e ainda se prevenir."

    Nery também defende uma unificação nacional de critérios para registrar os casos de mortes violentas por arma de fogo, arma branca e agressão."O ideal seria ter um número fechado a cada ano, sem separar as definições jurídicas (homicídio doloso, latrocínio e outros) para tirar as melhores conclusões sobre a violência."

    Homicídios / Colombo é a mais violenta da RMC

    Aline Peres

    A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) não divulga as estatísticas por município. O mapa do crime aponta os homicídios apenas por região. O balanço das ocorrências registradas no Instituto Médico-Legal, porém, revela quais são os municípios da região metropolitana com maiores índices de assassinato.

    Em números absolutos, Colombo é a cidade mais violenta. No ano passado, 106 pessoas foram assassinadas no município, de acordo com o IML. O número engloba as mortes por armas de fogo, armas branca e agressão. Em seguida, vem São José dos Pinhais, com 97 homicídios registrados em 2008.

    Na proporção de 100 mil habitantes - medida indicada para estatísticas sobre violência - a pequena Adrianópolis, com pouco mais de 6 mil habitantes e que teve cinco homicídios cometidos no ano passado, ficou em primeiro lugar, com 74,5 crimes por habitante, seguida de Almirante Tamandaré, com 60; Piraquara, com 58,5, Campina Grande do Sul, com 50,8; e Pinhais, com 49.

    Para o cientista político Pedro Bodê, o cálculo estatístico sobre violência tem de ser feito por 100 mil habitantes. Mas em cidades com população pequena, como Adrianópolis, a referência deve ser o número absoluto, a fim de dar dimensão mais fiel.

    Impune Na opinião de Bodê, as estatísticas revelam fraquezas das políticas de segurança pública. O argumento de que a maioria dos crimes é causada pelo tráfico de drogas, diz Bodê, é inconsistente. "É uma argumento (da Sesp) para justificar moralmente essas mortes", afirma. "Falta investigação e falta preparo dos policiais. As chances de um crime ser cometido e ficar impune são muito grandes."

    Outro problema, diz ele, é o fato de os confrontos policiais não entrarem nos dados oficiais. No IML, por exemplo, vítimas de confronto com a polícia entram em "casos a apurar". "Estamos aceitando uma forma de pena de morte extrajudicial", diz Bodê.

    "Por que a nossa polícia não quer que os números entrem nesse cômputo? Se forem incorporados, teremos valores muito maiores e realistas da violência", diz.

    Homicídios / Dados excluem 151 mortes

    João Natal Bertotti

    O mapa do crime de 2008 divulgado pelo governo estadual não inclui, no total de 1.265 homicídios dolosos, 151 mortes violentas ocorridas em Curitiba e na região metropolitana. São casos de lesão corporal seguida de morte, confronto com a polícia, latrocínio, legítima defesa e achado de cadáver. Isso ocorreu porque a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) mudou a forma de contabilizar os registros de crimes.

    Com as alterações, os dados mostram 598 casos na capital e 667 nas cidades vizinhas. Além disso, houve mais 111 mortes violentas com uso de arma de fogo, arma branca e agressão em Curitiba, e mais 40 situações na região metropolitana.

    De acordo com a secretaria, a atualização das estatísticas ocorre após o término dos inquéritos policiais - uma suspeita de homicídio doloso pode virar um suicídio e vice-versa. A Sesp informou ainda que os números dos homicídios dolosos da região metropolitana de Curitiba (relatório de 2007) ainda podem ser alterados, por causa da atualização que ainda não terminou.

    O pesquisador Marcelo Batista Nery, sociólogo e tecnólogo especialista em geoinformação, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, disse que a classificação diferente das mortes violentas não é tão simples como parece. "Ela também depende da interpretação de cada delegado ou policial durante a investigação."

    Segurança pública / Tráfico migrou de Foz para a capital, diz Delazari

    Entrevista com Luiz Fernando Delazari, secretário de estado da Segurança Pública

    Denise Paro, da sucursal

    Foz do Iguaçu - Embora ainda seja a região do Paraná com maior índice (58,7%) de homicídios por 100 mil habitantes, Foz do Iguaçu vem conseguindo reverter o quadro. Em 2007, segundo o mapa do crime divulgado na terça-feira pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), foram registrados 327 homicídios dolosos na região de Foz, contra 254 em 2008 - uma redução significativa de 22,32%.

    Para o secretário estadual da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, a redução do crime em Foz tem relação direta com o aumento dos índices de homicídio em Curitiba, embora as duas cidades estejam distantes 630 quilômetros. "Os criminosos funcionam assim: a polícia aperta em determinada região para determinado tipo de crime, e eles migram para outra região com outro tipo de crime" , disse.

    Delazari esteve ontem em Foz do Iguaçu para participar do seminário "Crise - Desafios e Soluções para a América do Sul". Na ocasião, falou à Gazeta do Povo sobre os dados da criminalidade.

    Os índices de homicídio aumentaram em Curitiba e caíram em Foz. A que o senhor atribuiu essa redução?

    À sazonalidade do crime. Os criminosos funcionam assim: a polícia aperta em determinada região para determinado tipo de crime, e eles migram para outra região com outro tipo de crime. A redução em Foz do Iguaçu é muito significativa porque a cidade era tida como o símbolo do crime, alguns chegaram a dizer que a situação estava fora de controle, e nós estamos provando que não é verdade. A polícia do Paraná tem trabalhado muito. Temos realizado muitas operações, prendido muitos criminosos. A maioria desses crimes de Curitiba e região metropolitana está diretamente relacionada ao tráfico de drogas, que muitas vezes vem dessa região aqui (Foz do Iguaçu). Eu acredito que, enquanto tivermos essa política de combate ao tráfico de drogas, que é uma política do mundo inteiro, é difícil de segurar (a violência) porque o consumo de drogas aumenta. 80% dos crimes contra a vida estão diretamente relacionados ao tráfico. É o consumidor que deve para o traficante, e a cobrança acaba sendo feita através da execução. É o traficante que disputa com o traficante a droga ou o ponto. E isso está gerando um aumento da demanda por conta do tráfico de drogas, que é o mal do século.

    Com a repressão policial, parte dos criminosos de Foz migrou para Curitiba?

    Essa sazonalidade faz parte de um comportamento. Estamos falando de um aumento de 8% em Curitiba que respeita um momento histórico. Se você olhar os 12 últimos anos de Curitiba vai perceber que os crimes de homicídio em Curitiba variam de 500 a 600, então está dentro da margem dos dois últimos anos. O ano que mais teve foi 2002, com cerca de 610 homicídios. Ao passo que nesse mesmo período a população aumentou 30% em Curitiba. Então acho que dentro desse padrão, com este tipo de análise, o resultado é satisfatório. Estou falando da frieza de números, não de uma vida humana perdida. Toda vida humana perdida é lamentável.

    No balanço da Sesp, por que não foram considerados confrontos com polícia ou latrocínios?

    Um confronto com policial não é um homicídio, é uma resposta que a polícia dá a uma legítima defesa. Uma lesão corporal seguida de morte não é homicídio, mas está no campo da lesão corporal seguida de morte. O que existe é que, em um primeiro momento, um crime é capitulado como homicídio, mas durante a apuração se descobre que é uma lesão corporal seguida de morte. Portanto ele deixa de ser homicídio. A estatística tem essa mobilidade. Num primeiro momento você imagina que é um crime, posteriormente descobre que é outro. Você por exemplo encontra um corpo que está com perfuração de bala de fogo na cabeça. Pode ser homicídio, suicídio, acidente, confronto com a polícia, depende. Nós estamos falando de crimes diferentes. Latrocínio é um roubo seguido de morte, a lesão corporal é uma briga seguida de morte, e o homicídio é o homicídio simples, é a morte. Não há uma diferença de critérios, isso é colocar a coisa certa no local certo.

    Mas isso não mascara os números?

    Em hipótese nenhuma. Pelo contrário, não existe situação mais transparente e cristalina do que a nossa. Eu não posso divulgar errado, uma lesão corporal seguida de morte como homicídio, porque está errado. Então estou somando ou diminuindo coisas que não são reais, são inverídicas. A estatística é mutável. Muda de acordo com a investigação e com alguns processos. Todos estados adotam o mesmo critério que nós. O que nós não temos aqui em grande número é o achado de cadáver. São Paulo, por exemplo, divulga uma estatística com um número 'X' de homicídios. E um número 'X' parecido com de achado de cadáveres. No Paraná, se tivermos 20 achados de cadáver no estado inteiro é muito. Porque buscamos catalogar todos os crimes, mesmo que tenha que mudar a classificação deles.

    Pesquisas mostram que o número de homicídios está caindo no Rio de Janeiro e em São Paulo. Por que no Paraná aumentou?

    Mas está aumentando o achado de cadáver (no Rio e em SP). Eles encontram o corpo com seis, sete tiros, não sabem o que aconteceu e, a princípio, colocam como achado de cadáver nas estatísticas. Mas se você olhar Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os dois estados tiveram aumento parecidos com o do Paraná em crimes contra a vida. Isso se atribui ao aumento do consumo e tráfico de drogas. Fonte: Gazeta do Povo

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