Curitiba / Cinco bairros concentram um terço dos homicídios
No ano passado, 298 pessoas morreram assassinadas no Cajuru, CIC, Sítio Cercado, Tatuquara e Umbará
Cajuru, Cidade Industrial (CIC), Sítio Cercado, Tatuquara e Uberaba são os cinco bairros mais violentos de Curitiba. Levantamento feito pela Gazeta do Povo, com base nos boletins emitidos pelo Instituto Médico-Legal, mostra que 298 pessoas morreram assassinadas nesses bairros no ano passado - um terço dos 901 homicídios por armas de fogo, armas brancas e agressão registrados na capital.
Os bairros já haviam sido apresentados como os campeões da violência em 2007, no mapa do crime divulgado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Na época, as cinco áreas respondiam, juntas, por 353 homicídios. De um ano para o outro, os bairros registraram uma redução de 15% no número de assassinatos, quando comparados o mapa da Sesp de 2007 e o levantamento do IML de 2008. O novo mapa anunciado pelo governo nesta semana, referente aos dados de 2008, não faz a divisão por bairros.
Embora os números mostrem uma redução do crime nesses bairros, a vice-presidente do Conselho de Segurança do Cajuru, Daisy de Lara de Souza, 70 anos, afirma que a percepção é de que a violência na região tem aumentado ano a ano. Fundadora do Conseg em 2000, ela diz que a grande maioria dos crimes ocorre nas áreas de invasão da Vila Trindade, Lotiguaçu, Jardim Acrópole e Marumby. "São áreas problemáticas onde as cobranças do tráfico são a principal causa dos crimes. Atirou na cabeça, a vítima estava devendo para o traficante" , alerta.
Segundo Daisy, a comunidade é orientada a denunciar problemas com traficantes, acionar os vizinhos e usar os apitos sonoros que existem em algumas ruas. "Você até chama a polícia, mas ela não vem rapidamente" , diz.
A Sesp não quis comentar os números do IML. Em março de 2007, quando os cinco bairros foram apontados como os mais violentos da cidade, a secretaria anunciou que "congelaria" o crime nessas regiões.
Alternativas Para o advogado criminalista e membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, de Brasília, Dálio Zippin, a violência nas áreas mais pobres tende a piorar com a crise econômica mundial e o aumento do desemprego. "Não é somente com polícia na rua que vamos combater a criminalidade. É preciso pensar em projetos que tirem o jovem da rua", sugere.
Zippin recorda que Bogotá, na Colômbia - considerada uma das cidades mais violentas da América Latina na década de 90 - apostou em ações sociais e educativas a partir de 1993. Cada bairro da capital tem bibliotecas e quadras esportivas que funcionam durante a madrugada. Em 1991, as taxas chegavam a 381 por 100 mil habitantes. Em 2007, caíram para 26 por 100 mil habitantes, segundo a Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla). Fonte: Gazeta do Povo
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