7 Dicas para advogados iniciantes
SEM JURIDIQUÊS
Não use juridiquês, seja em suas peças, seja no trato com o cliente, a não ser que isso seja absolutamente necessário e não exista outro jeito.
Escreve de forma simples e usual, mas sem incorrer em vulgaridade.
No trato com o cliente, em vez de falar de contestação, fale em defesa; em vez de agravo de instrumento, fale em recurso para segunda instância. Em vez de lucro cessante, fale em “o que você deixou de ganhar enquanto não pôde trabalhar”.
Em suas peças, você pode abrir mão do juridiquês, sem incorrer em vulgaridade ou excesso de informalidade, sobretudo na narrativa dos fatos. Escreva como se estivesse narrando uma história, sem querer ornamentar ou parecer ornamentar. Seja simples.
No entanto, o uso de certas expressões técnicas é algo inescapável. Julgamento antecipado da lide, nexo causal, dolo eventual, dentre outras coisas, são coisas bem específicas, da qual você terá que explicar ao seu interlocutor, dependendo da situação.
ESCREVA BEM
Escreva bem. Saiba usar os pronomes relativos. Evite o uso de mesmo, tal como “fulano de tal estaria bem com o benefício se o mesmo não tivesse sido negado”. É feio. Soa feio. Basta saber usar os pronomes relativos, que soa bem melhor, como “fulano de tal estaria bem se o seu benefício não tivesse sido negado”. Ficou bem melhor.
Saiba pontuar. Não separe o sujeito do predicado com vírgula. Pontue no momento certo. Não escreva frases demasiado longas sem vírgula mas também não coloque vírgula a cada situação. Por exemplo, a frase “eu, hoje mesmo, vou para casa, quem sabe descansar”, fica com uma leitura mais fluida se for escrita “hoje mesmo eu vou para casa, quem sabe descansar”.
NÃO LEIA SÓ DOUTRINA
Não lei só doutrina ou só tenha leituras sobre direito. Isso empobrece a sua vida e o seu vocabulário. Leia literatura. Muitas das vezes você encontrará soluções, tanto para sua vida quanto para a sua profissão, somente com literatura. Leia Machado de Assis, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Nelson Rodrigues, e mais o que for. São grandes escritores que, além de propiciar grandes experiências literárias, possuíam grande técnica de escrita.
SEJA BREVE
Seja Breve. Não faça um Embargos de Declaração de 17 páginas se você pode fazê-lo em 3. Não faça uma petição inicial de 20 páginas se ela pode ter muito bem 7 páginas. Se parecer pra você que uma petição está mais do que boa com 3 páginas, então ótimo.
Como diria Schopenhauer, “é preciso ser econômico com o tempo, a dedicação e a paciência do leitor, de modo a receber dele o crédito de considerar o que foi escrito digno de uma leitura atenta e capaz de recompensar o esforço empregado nela”. Não se vexe em parecer muito breve e seco. Aliás, não se vexe em parecer qualquer coisa, mas tenha bom senso.
No entanto, não é uma regra absoluta. Se for necessário escrever uma petição de 20 páginas ou mais, faça-o somente por que o caso o exige, e não para parecer que fez um bom trabalho. A petição não é uma redação onde se deve ter um mínimo de páginas ou linhas.
SEJA CORDIAL COM OS MENOs FAVORECIDOS E IMPESSOAL COM OS MAIS FORTES – SEJA RECÍPROCO
Ser um gatinho com os menos favorecidos, mas um leão contra os poderosos é um lema quase que inexistente hoje em dia.
Enquanto advogado, você deve ser gentil com os menos favorecidos. Aqui digo menos favorecidos não referindo a coitadinhos, mas de pessoas que, de algum modo, não têm o mesmo status e posição de um advogado. Então você deve sempre ser gentil com o estagiário do fórum, com o servidor da secretaria, com o segurança do fórum, com a funcionária do cartório, e por aí vai. Tal postura deve ser desinteressada e adotada como regra, ainda que tal pessoa o tenha frustrado.
Por outro lado, se deve ser um leão com os grandes. Mas não seja um cavalo. A princípio, seja impessoal. Nada de chamar um magistrado de Excelentíssimo Senhor Doutor juiz de direito. Faça só o que é do seu dever: Excelência ou Senhor (a). Tal impessoalidade deve ser adotada sobretudo se a pessoa for um juiz: nada mais constrangedor para um magistrado do que ter o seu saco puxado por um advogado. Mais constrangedor isto do que lidar com um advogado insolente.
Falando em insolência, isto faz parte do advogado. Não queira ser burguês e parecer equilibrado e educado em todas as situações. Diante do ofensivo, aponte e manifeste a ofensa. Respeite o que é respeitável e desrespeite tudo aquilo que merece. Ser educadinho em todas as situações é aviltante para si mesmo. Lembre que você é advogado, você é a voz do seu cliente, você é a instância entre a condenação e absolvição do seu cliente.
Lembre também de ser recíproco. Se um juiz é educado com você, seja também. Qual a razão para não ser? Mas se um juiz, delegado ou qualquer autoridade for hostil, ligue o sinal de alerta.
SEJA PRÁTICO
Se ver que é possível apresentar uma impugnação de um parágrafo, por exemplo, faça.
2 Comentários
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Excelentes dicas!! continuar lendo
Errata: os pronomes isto, isso e aquilo não são relativos, são demonstrativos. Apesar do equívoco, a dica é válida. continuar lendo