Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
19 de Maio de 2024

Como se podem Arruinar Democracias

Direitos Fundamentais

há 5 anos

A completa destruição de valores democráticos, dar-se-á por aplicação da Psicologia do Inconsciente com mensagens subliminares e estratégias de dominação do discurso, basta assegurar ao povo qualquer meio de comunicação de massa e de forma velada e sutil, implantar em suas mentes as armadilhas que seduzem o subconsciente conservador (SUPEREGO) da maioria.

Aliado a isso, sugere-se encontrar um “inimigo” natural da coletividade, e bombardear de informações desconexas e levianas as massas.

Excluir as minorias, fazendo com que se transformem em personagens à margem da sociedade, pelo simples fato de serem minorias, e com isso, não possuírem quaisquer direitos a serem preservado, já que nessa leitura míope, o poder do discurso é da maioria Opressora.

Desacreditar os sérios veículos de comunicação é sobremaneira arma hábil ao controle do discurso, e aproveitar que os fracos intelectualmente, e os de caráter duvidoso por meio de represálias, se unam ao poder para que possam como serpentes sorrateiras, espalhar a incúria com a verdade, fabricando uma massa ainda mais impotente e ignorante.

Desvalorizar Ciência e Tecnologia, e diminuir recursos para Educação são pontos relevantes para conquista do seu intento, o pensamento está concedido apenas para “verdades pré-fabricadas” e os Filósofos, Sociólogos, Advogados, Historiadores, Geógrafos, Artistas e Professores, passam a fazer parte dos naturais inimigos, por representam a “subversão” ou a “anarquia” aos padrões da Família Tradicional.

Com discursos Delirantes, mas vibrantes e envolventes, tudo é arma poderosa ao ardil, a religiosidade, a moral, a família, os valores patrióticos e os discursos de ódio, são mote para o controle total.

Sem esquecer de um slogan, uma saudação ou mesmo um bordão, como alguns já conhecidos “o petróleo é nosso”.

A história nos empresta caminhos de dor já outrora experimentados à saber.

o dia 10 de maio de 1933, foram queimadas em praça pública, em várias cidades da Alemanha, as obras de escritores alemães inconvenientes ao regime. Hitler e seus comparsas pretendiam uma "limpeza" da literatura.

Maio de 1933: multidão se aglomera na praça Bebelplatz, em Berlim, para assistir à queima de livros[1]

O dia 10 de maio de 1933 marcou o auge da perseguição dos nazistas aos intelectuais, principalmente aos escritores. Em toda a Alemanha, principalmente nas cidades universitárias, montanhas de livros (ou suas cinzas) se acumulavam nas praças. Hitler e seus comparsas pretendiam uma "limpeza" da literatura.

Tudo o que fosse crítico ou desviasse dos padrões impostos pelo regime nazista foi destruído. Centenas de milhares de livros foram queimados no auge de uma campanha iniciada pelo diretório nacional de estudantes.

Stefan Zweig, Thomas Mann, Sigmund Freud, Erich Kästner, Erich Maria Remarque e Ricarda Huch foram algumas das proeminências literárias alemãs perseguidas na época.

O poeta nazista Hanns Johst foi um dos que justificou a queima, logo depois da ascensão do nazismo ao poder, com a "necessidade de purificação radical da literatura alemã de elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã".

Assim como desde a pré-história, se acreditava nos poderes purificadores do fogo, o regime do mestre da propaganda – Joseph Goebbels – pretendia destruir todos os fundamentos intelectuais da por ele tão odiada República de Weimar.

A opinião pública e a intelectualidade alemãs ofereceram pouca resistência à queima. Editoras e distribuidoras reagiram com oportunismo, enquanto a burguesia tomou distância, passando a responsabilidade aos universitários. Também os outros países acompanharam a destruição de forma distanciada, chegando a minimizar a queima como resultado do "fanatismo estudantil".

Entre os poucos escritores que reconheceram o perigo e tomaram uma posição esteve Thomas Mann, que havia recebido o Nobel de Literatura em 1929. Em 1933, ele emigrou para a Suíça e, em 1939, para os Estados Unidos.

a Faculdade de Filosofia da Universidade de Bonn lhe cassou o título de doutor honoris causa, ele escreveu ao reitor: "Nestes quatro anos de exílio involuntário, nunca parei de meditar sobre minha situação. Se tivesse ficado na Alemanha ou retornado, talvez já estivesse morto. Jamais sonhei que no fim da minha vida seria um emigrante, despojado da nacionalidade, vivendo desta maneira!"

Também Ricarda Huch retirou-se da Academia Prussiana de Artes. Na carta ao seu presidente, em 9 de abril de 1933, a escritora criticou os ditames culturais do regime nazista: "A centralização, a opressão, os métodos brutais, a difamação dos que pensam diferente, os autoelogios, tudo isso não combina com meu modo de pensar", justificou. Em 1934, a "lista negra" incluía mais de três mil obras proibidas pelos nazistas.

Como disse o poeta Heinrich Heine:

"Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas."

A construção de um inimigo imaginário é nada além de uma forma de conseguir o controle social e o apoio para a tomada de decisões que possibilitem violar direitos fundamentais e indisponíveis.

A política que caminha a par e passo, com a economia e dela se aproveita, invocando vantagens à custa da absoluta redução e esvaziamentos dos direitos sociais, ou seja, se demonstra a real importância que os desvalidos possuem para o Poder.

Em meio a tudo isso, classificações indicativas silenciosas, ataques de censuras veladas a artistas e emissores de opinião contrárias à do poder central, se espalham como rastilho de pólvora.

A aceitação de discursos de violência toma todos os lugares, e a morte é festejada em praça pública por todos, afinal, “Bandido bom é bandido morto”.

A tentativa de Ataques a Instituições, Suprema Corte colocada em dúvidas quanto à capacidade técnica e moral de seus Ministros.

O enfrentamento ao Poder Legislador, com truculência e frases de desmerecimento aos membros do Parlamento, atenta contra a independência dos poderes e a própria harmonia do Sistema.

O enxovalho moral de regiões com o corte de verbas para Universidades de Estados que fizeram clara oposição política.

O tratamento com a oposição governamental, como se fossem inimigos dignos de Novos Atos Institucionais – que nos lançaram aos anos de ferro.

O silêncio ensurdecedor de uma parcela privilegiada economicamente da população.

A aceitação de discursos de ódio e violência com direito de livre expressão, a criminalização dos entes protetores dos direitos humanos e da cidadania, os olhos cerrados para a violência ao meio ambiente e as mulheres, negros, índios, LGBTS...

O corte nas Verbas da Cultura o Esvaziamento da Educação com o medo espalhado aos professores que são responsabilizados por uma tal IDEOLOGIA que se quer, é definida!

E a afirmação de que tudo que é contrário ao pensamento Central é Absurdo, ou comunista!

Os valores democráticos são a base de uma sociedade justa livre e fraterna, nos termos da Carta Cidadã, Democracia não é nem pode ser considerado Regime de Adesão.

E valores Fundamentais são pilares de um povo em um certo tempo, não cabendo transigi-los, mesmo a conveniência do Poder Central, sendo por assim dizer intransponíveis.

A tentativa de rompimento com as Liberdades de Expressão e a Clara tentativa de Censura a Cultura (ADPF 614) são concretos flertes com o autoritarismo, e o retorno ao Despotismo Absoluto do regime de Exceção.

E a forma mais clara de revolta contra a opressão do Sistema Central, é através do Respeito a Educação e a Cultura como valores de identidade de um povo.

Não há violência maior do que a segregação do direito de expressão, do que a manutenção a educação e cultura de qualidade, para que as escolhas, sejam elas quais forem no campo político, possam ser respeitadas por tratar-se de Fundamentos desse Estado Democrático.

Viva a Liberdade de Expressão, Viva a Educação, a Cultura e a Democracia.

Viva aos Valores Históricos da Nação.

Daniel Benvenutti – Professor de Direito e Advogado.


[1] Fragmentos do Texto : https://www.dw.com/pt-br/1933-grande-queima-de-livros-pelos-nazistas/a-834005

  • Sobre o autorMestre em Educação e Direito e Doutorando em Direito
  • Publicações12
  • Seguidores52
Detalhes da publicação
  • Tipo do documentoArtigo
  • Visualizações234
De onde vêm as informações do Jusbrasil?
Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/como-se-podem-arruinar-democracias/777117510

4 Comentários

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)

Fico feliz, em meio ao turbilhão de notícias polarizadas e discursos vazios, algum bálsamo de conhecimento na internet, comprometimento com cultura , educação e respeito devem ser sempre o caminho norteador de todos os princípios da justiça e ética. Belas palavras, com embasamento histórico digno. continuar lendo

Muito verda quando se fala nos ataques de senaura silenciisos, belíssimo texto. continuar lendo

Desvio do erário para financiar campanhas políticas também é destruição da Democracia. continuar lendo

Parabéns pela lucidez. continuar lendo