“Quem somos nós para NÃO fazer Direito?” – um discurso jurídico em versos
No final da saga de 5 anos do curso de Direito, meus amigos de sala de aula sugeriram que eu fizesse um texto para nossa Mensagem Final na Colação de Grau. A intenção era finalizar com “chave de ouro”. Ou seja, o desafio era audacioso. Mas, desafio maior já tínhamos cumprido: estar se formando. Então, não fiquei com medo, encarei essa proposta e tive a ideia de escrever um discurso jurídico em versos.
Desse jeito, de um simples poeta me fiz um poeta jurídico (mas sem perder a simplicidade, apenas fui um pouco atrevido ao misturar Poesia com Direito). E tomei essa liberdade fazendo jus ao princípio da liberdade de expressão, sendo amparado pela Constituição. O Direito me permitiu e a Poesia me sorriu.
Assim, criei a “poerídica” (poesia jurídica) no instante que escrevi a homenagem poética para minha formatura. Nasceu, dessa maneira, uma nova forma de fazer poesia para mim, através dos ensinamentos jurídicos.
Intitulei de “Quem somos nós para NÃO fazer Direito?” a minha primeira poesia jurídica, que brinda e celebra todo o percurso do curso de Direito: cada avaliação, cada correção de prova, cada petição feita, cada trabalho realizado, cada artigo estudado, cada jurisprudência analisada…e etc.
Em resumo, as lições e os conhecimentos colhidos no curso de Direito me inspiraram bastante. Inspiraram-me tanto a ser uma pessoa, um profissional e um cidadão melhor, quanto a continuar fazendo poesias, agora poesias jurídicas, com muito prazer!
No dia da Colação, tive o privilégio de declamar “Quem somos nós para NÃO fazer Direito?” e a emoção foi intensa:
https://www.youtube.com/embed/e5z38TL6ltU
Poerídica:
“Quem somos nós para NÃO fazer Direito?”
“Quem garante a livre convicção e o senso de justiça perfeito? Se toda regra induz uma exceção, quem somos nós para fazer Direito?
Estudamos, a princípio, a Ciência Jurídica como uma unidade sistemática, robusta e coerente. Porém, nossos pensamentos e ideologias são flexíveis, não são como normas aplicadas em superfície carente.
Chame o legislador, o doutrinador, o professor… quem tem razão quando o mundo é controverso? Onde está a corrente majoritária ao nosso favor? Qual a solução para o contraditório inverso?
A nossa causa de pedir fundamenta-se no saber ilimitado, quem é aprendiz não se convence com o trânsito em julgado. Nós somos a prova principal do mais importante inquérito, pois temos no princípio da dignidade o nosso mérito.
A cada instância da vida, agravamos nossa vontade de sorrir. E diga-nos: qual legitimado não tem esse interesse de agir? A certeza não é o julgado procedente à argumentação, a única certeza é a dúvida que nos leva à reflexão.
Com base nas cláusulas pétreas fortalecemos a boa-fé e de ofício alcançamos voo além da previsão legal. Toda a ética profissional entregamos sem contrafé, pois não vivemos pelo litígio, e sim pelo convívio com a paz social.
Quem garante a livre convicção e o senso de justiça perfeito? Se toda regra induz uma exceção, quem somos nós para fazer Direito? Ou melhor, quem somos nós para NÃO fazer Direito?
Somos vários cidadãos e uma sociedade, somos todos intérpretes da solidariedade, somos os direitos e deveres da legislação, somos pura assistência, a sábia proteção.
Nós somos pedaços de um ‘Vade Mecum’ sem final, nós somos os capítulos da Doutrina atual, nós somos a prudência da sentença judicial, nós somos a esperança do que for constitucional!”
Rafael Clodomiro
21 Comentários
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Parabéns!
"Não há melhor maneira de exercitar a imaginação do que estudar direito. Nenhum poeta jamais interpretou a natureza com tanta liberdade quanto um jurista interpreta a verdade. Jean Giraudox" continuar lendo
Grande verdade Muna! ;-) continuar lendo
Parabéns !!! O mundo jurídico é algo inspirador, falou tudo Dr. Rafael.
A nós é dado a oportunidade de vivicarmos a letra morta a cada caso concreto, a lutar de um jeito discreto. A buscar sempre uma solução para aqueles que clamam, reclamam. Somos soldados, lutando pelo Estado Democrático de direito, a ordem constitucional somos a legalidade andante, letras vivas ainda não lida a proteger outras vidas, das ilegalidades da Lei, (Gsk.) continuar lendo
muito inspirador!! Obrigado Géssica!
Que lindo seu posicionamento, bem poético! :D continuar lendo
Prezado colega Rafael, depois de mais de 20 anos de profissão me senti muito honrada pela sua poerídica. Advogar é isso. Inovar, ser criativo nos momentos de pressão, amar a profissão e nunca se esquecer do prazer de estudar e ler...
O mundo jurídico muitas vezes nos tira a leveza de expressão, a naturalidade no falar e ainda relega a segundo plano nossa tão intrigante profissão.
Não imagino outro profissional mais camaleão que o advogado! Parabéns !!!! continuar lendo
Obrigado Claudia!! :D Fico muito feliz! O Direito, realmente, precisa preservar sua leveza, sua pureza. E o advogado deve ser atuante nessa missão! continuar lendo
Parabéns!!!!! continuar lendo
Obrigado Anne!! :D continuar lendo