Página 1496 da Judicial - 1ª Instância - Interior - Parte II do Diário de Justiça do Estado de São Paulo (DJSP) de 12 de Maio de 2021

instrumento, o qual ela não viu exatamente o que era. Apenas afirma com certeza que viu a ré guardando um instrumento na bolsa. O Policial Militar Samuel C. Saraiva, ouvido na fase inquisitória (fl. 35), disse que na data do dia 23/08/2014 eu estava de serviço momento em que fui acionado Via Copom para atender uma ocorrência de agressão à faca, sendo que a vítima havia sido socorrida ao Pronto Socorro Mairiporã. Eu compareci até o Pronto Socorro e entrevistei a vítima Marília, sendo que a mesma me informou que estava no salão Malu, momento em que a Priscila, cunhada da dona do salão, lhe agrediu com um estilete, sendo que esse fato foi presenciado pela testemunha Ana Marta Roberto Peres. Marília me informou que Priscila alegou que a vítima estava tendo um caso amoroso com o seu marido e, após uma discussão, ela lhe agrediu e após fugiu do salão. A vítima ainda me disse que não tinha o endereço da autora, porém a mesma residia no município de Guarulhos/SP. (sic). Em Juízo, o policial Samuel ratificou integralmente a versão apresentada por ele no inquérito. Por seu turno, ouvida somente em Juízo, a testemunha de Defesa Fabiana S. da Silva declarou que conheço a Marília. Já tem vários anos que não tenho mais contato com ela, mas por uns 02 (dois) anos ela era minha manicure, eu fazia a unha com ela toda sexta-feira. Já tive problema com ela. O problema que eu tive com ela é que ela foi minha manicure, por 02 anos eu fiz unha com ela e, algumas vezes, acho que umas duas vezes, ela fez a unha do meu atual marido, e foi o suficiente, acredito eu, para os dois terem um envolvimento, por isso que eu não faço mais unha com a Marília, assim que eu fiquei sabendo o que aconteceu entre os dois eu me afastei, não dava mais para eu fazer unha com ela, foi complicado, continuo com o meu marido, mas ela fez isso comigo, eu era cliente dela e amiga, eu considerava ela como amiga, inclusive eu ajudei ela, na época que aconteceu o problema. Ela não ficava me importunando por telefone. Eu conheço a ré Priscila. O marido dela, o Maurício, pinta minha casa há anos, e ela pinta também, ela esta sempre ajudando ele. A Priscila sempre frequenta a minha casa, principalmente quando ela vem pintar a minha casa com o Maurício, eles ficam aqui coisa de uma a duas semanas, minha casa é grande, é chácara. Eu pinto minha casa todo ano, é chácara então eu tenho grade, portão. Eu frequentava o salão da Marília em 2.015 ou 2.016, por dois anos frequentei o salão dela. Eu soube que a Priscila lesionou a Marilia. Há princípio eu fiquei sabendo pela Marília, que a Priscila grávida e nervosa, entrou no salão onde a Marília trabalhava e as duas discutiram, e acabou acontecendo que a Marília se machucou a mão com alguma coisa que a Priscila na hora tinha lá, o que ela pegou na frente, acho que a Marília para se defender colocou a mão e se machucou, foi o que a Marília me contou. Nessa época ela tinha tido um caso com o meu marido, mas eu não sabia, e o meu marido vendo que eu fui visitar a Marília no hospital, nós éramos amigas, ela fazia minha unha, me compadeci com a situação dela, meu marido foi junto e ele não quis entrar, devido a ele ver que eu estava sentindo dó da Marília, ele acabou confessando que ele teve um caso com a Marília, mas só depois que tudo isso aconteceu. O meu suposto caso com o marido, não tem nada a ver com esse caso, mas é a índole da Marília. A Priscila nunca disse que queria matar a Marília por causa de ciúmes. (sic). Por fim, ouvido apenas em Juízo, a testemunha de Defesa Maurício D. Lopes disse que tive conhecimento de tudo que aconteceu com a minha companheira e a Marília só de tarde, quando cheguei do trabalho. O motivo de tudo que aconteceu foi que eu e a Marília tínhamos um caso juntos e já tinha um tempo que a gente estava se relacionando até esse fato acontecer, eu acho que como a Priscila deve ter visto mensagem no meu celular, que a Marília me ligava, ela mandava mensagem, ela me chamava para fumar na época que eu fumava um chá, a gente vinha se encontrava no rotary, fumava um baseado, depois a gente ficava, eu ia para casa e voltava. A Priscila não é uma pessoa agressiva. Eu acho que a Priscila estava alterada pela gravidez, pelo fato que ela ficou sabendo, não sei como ela ficou sabendo, mas ela ficou sabendo disso, e ela deve ter agido na emoção da briga, pelo que ela me falou a Marília também xingou ela no dia, e as duas saíram uma empurrando a outra, teve agressão, então pelo fato que eu sei pela parte da Priscila foi isso que aconteceu. A Marília ligou, mandava mensagem no celular da Priscila, ‘estou com seu marido’, mensagens assim. Na época eu e a Priscila morávamos em Terra Preta. O salão em que a Marília trabalhava é perto da Sabesp, perto da padaria do Italiano. Eu acredito que não foi no dia dos fatos que a Priscila teve conhecimento da traição, foi pelas mensagens que a Marília me mandou, e ela ficou sabendo, ela me mandava mensagem direto, as vezes me ligava e eu não atendia porque eu estava perto da Priscila, a Priscila achava que eu falava com a Marília por causa que minha irmã tem o salão, e como direto minha irmã e a Marília tinha uma horta na Caceia, elas tomavam conta e eu ajudava elas a tomar conta dessa horta, a gente vendia alface e tudo, então a Priscila também não sabia, ela achava que meu vínculo com a Marília era só de amizade ou nem achava que a Marília ia lá onde a gente ia junto a minha irmã, que era nessa horta. Nesse dia que ela lesionou a Marília, ela não fez nada contra mim, ela só chegou em casa assustada e apavorada, e me contou que entrou em atrito com a Marília e que vou muito sangue e não sabe o que aconteceu. Ela disse que elas saíram na mão depois que discutiram. A Priscila estava com uns arranhões no braço, com marca de unha, e chegou passando mal, porque estava grávida, acho que com a tensão de tudo. Ela não procurou a delegacia por causa desses arranhões, não chegou a procurar, ela ficou passando mal, eu dei remédio para ela, no outro dia ela ficou com muita dor de cabeça e passando mal por causa da gravidez e acabou ficando em casa. Eu fui até visitar a Marília depois no hospital para saber o que tinha acontecido realmente, ela disse que a Priscila descobriu e foi tirar satisfação com ela, elas começaram a se xingar e começaram a se agredir, ela disse que ficou no hospital por causa que cortou a mão, a gente não sabe como cortou a mão, ela falou que não viu, ela falou que achava que era uma faca, um estilete ou alguma coisa, eu acredito que tenha sido algum tipo de anel, alguma coisa que estava usando. Não sei quanto tempo a Marília ficou sem trabalhar, porque logo a minha irmã saiu de sócia com ela do salão, ela foi trabalhar em outro lugar, mas eu acredito que coisa de 02 (dois) meses no máximo eu já tinha visto ela trabalhar já. (sic). Pois bem. O conteúdo da prova acima analisada permite dizer, com segurança, que a ré praticou o fato descrito na denúncia. Como sabido, em crimes da espécie, por serem normalmente cometidos na clandestinidade, as palavras da vítima merecem especial atenção. No presente caso, em ambas as oportunidades em que foi ouvida, a ofendida relatou os fatos de maneira semelhante, de modo que nada nos autos dá conta de que sua versão seja indigna de crédito. Nesse sentido, afirmou que a ré é cunhada de sua sócia e que, no dia dos fatos, adentrou o estabelecimento e questionou se sua sócia Luciana encontrava-se no local. A vítima, por sua vez, respondeu negativamente, momento em que a ré perguntou se poderia usar o banheiro. Logo em seguida, voltou a uma sala situada dentro do salão de beleza, na qual estava realizando procedimentos estéticos em uma cliente, qual seja, Ana Marta. Após alguns minutos, a ré saiu do banheiro, parou na porta da referida sala e começou a proferir insultos contra sua pessoa. Por isso, saiu da sala, momento em que a ré a agrediu com um esbarrão e com um golpe de instrumento cortante, o qual atingiu sua mão direita, tendo se evadido na sequência. Depois, observa-se que as palavras da vítima não restaram isoladas. Ao contrário, primeiro, foi confirmada pela fala do policial que atendeu a ocorrência e a ouviu no Pronto Socorro de Mairiporã, ainda no calor dos fatos, quando ela disse que a ré desferiu-lhe um golpe de estilete em sua mão, sob o fundamento de que mantinha um suposto caso amoroso com seu marido. Segundo, a versão da vítima foi confirmada de forma mais contundente pela fala da testemunha Ana Marta, a qual estava presente no dia dos fatos. Com efeito, disse ela que se encontrava no referido salão de beleza realizando procedimentos estéticos, momento em que a ré ingressou no local e a vítima foi atendê-la, solicitando que esperasse na recepção. Na sequência, a vítima retornou à sala para prosseguir o atendimento de Ana Marta, momento em que a denunciada veio atrás da vítima e iniciou uma discussão. Desta feita, a vítima e a ré voltaram a recepção e Ana Marta permaneceu na sala. Na sequência, ouviu a vítima gritar por ajuda e, imediatamente, encontrou-a com a mão direita ensanguentada, em razão do que a acompanhou até o Pronto Socorro. Por fim, há que se mencionar que a negativa da ré

Figura representando 3 páginas da internet, com a principal contendo o logo do Jusbrasil

Crie uma conta para visualizar informações de diários oficiais

Criar conta

Já tem conta? Entrar