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16 de Junho de 2024
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    A audiência de mentira

    Publicado por Espaço Vital
    há 16 anos

    Na Vara do Trabalho, o juiz dá início à audiência, mantendo rápido diálogo com dois dos presentes:

    - O senhor é da parte do reclamante?

    - Sou sim, senhor!

    - E o senhor? É da parte do reclamado?

    - Sim, doutor.

    - Vamos, então, dar início à audiência.

    O magistrado constatando que o procurador do reclamante está presente, vira-se para o "reclamado" e indaga:

    - Seu advogado ainda não chegou? Quem sabe o senhor dá uma olhada fora da sala de audiências...talvez ali no saguão.

    Surpreso, o "reclamado" responde:

    - Ué... não sabia que eu tinha que trazer advogado; ninguém me falou isso...

    O juiz adverte:

    - Então a sua defesa vai ficar prejudicada! Será prudente fazer um acordo.

    - Acordo? Pagar? Mas eu sou uma pessoa de poucas posses. Só com o sacrifício da minha família! Vou ter que pensar...

    O magistrado então suspende a audiência por cinco minutos; vai então a seu gabinete. No retorno, pergunta:

    - Acertaram-se?

    - Doutor, não temos condições de fazer um acordo - responde o "reclamado". O homem aí tá pedindo cinco mil reais e eu não tenho como pagar isso.

    - Senhor, se não fizerem um acordo, provavelmente irá perder a ação. Aí o senhor será executado, seus bens serão penhorados. Vai ser pior para o senhor. Tentem de novo. Quem sabe, as partes transigem?

    Nova interrupção, outras gestões. Afinal, o acordo por dois mil reais.

    Já feito o cheque, o "reclamado" se dirige ao juiz:

    - Doutor, aqui está o cheque! Mas eu quero fazer um protesto: a gente vem pensando que está fazendo um favor para um amigo e cai numa fria dessas. Ninguém me falou que tinha que trazer advogado, que eu seria executado, que meus bens seriam penhorados... Eu que já não entendia nada dessas coisas de justiça, não gostei dessa história de ser testemunha, não!"

    - Mas o senhor não é dono ou preposto da empresa reclamada? - questiona, então atônito, o juiz.

    - Eu sou vizinho da sede da firma do filho do meu compadre. E ele me chamou para ser testemunha da empresa.

    Desesperado, o juiz lamenta para a escrevente:

    - Pára... Pára tudo! Vamos cancelar este termo. Vamos riscar essa audiência da história.

    Constatados os erros nas expedições das notificações, a solenidade é suspensa e nova data é designada. Na semana que vem tem a audiência de verdade.

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/a-audiencia-de-mentira/92924

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