A nova Revolução Farroupilha
Por Evandro Tonin,acadêmico de Direito (6º Nivel da UPF)
Numa década sangrenta pela valorização do povo gaúcho, de 1835 a 1845, os revolucionários farrapos lutaram com o governo imperial, contra a exploração econômica e a exclusão desta terra. Altos impostos sacrificavam os produtores de charque, principal produto da economia gaúcha na época, dificultando o progresso das estâncias.
Hoje após toda essa luta, parece que o povo perdeu o arder do sangue farrapo em suas veias e se acomoda, sem revoltar-se com o achatamento que o governo deste Estado, mandato após mandato, vem causando, transformando tudo que se produz em arrecadação estatal.
Valentes homens e mulheres, principalmente estas, ainda mais discriminadas naquela época, ergueram-se contra os imperialistas que valorizavam apenas o eixo do café com leite, deixando o sul do país perecer. Pois era aplicando tal carga de impostos, que, mesmo com a supervalorização cambial, o charque importado era mais competitivo que o gaúcho, ou seja, nacional.
Emprenharam-se nas campinas e sem medo enfrentaram exércitos muito mais preparados para a guerra, mas sem o valor de lutar, motivo que para os farrapos sobrava. De sua vitória dependia o futuro das fazendas, das charqueadas, das estâncias e de todo o sul brasileiro.
Por meio da ponta da lança e do fio da espada alcançaram alguns de seus objetivos. Talvez se tivessem unido o peso da palavra à sua organização e à força que lhe sobrava, pois no seu sangue ferviam os ideais de porque lutar, e teriam alcançado objetivos ainda maiores. Mas deixaram para o tempo o seu exemplo de não acomodar-se enquanto se é explorado.
Hoje o Rio Grande do Sul carrega uma das mais altas cargas tributarias do país. O pior talvez seja que, desta vez, não são os imperialistas que impõe este fardo para que o povo gaúcho carregue e sim o próprio governo estadual - , e não apenas essa que agora governa, mas também seus antecessores que nada mudaram neste sentido.
Se hoje se tem a cesta básica de maior custo, se o combustível tem um preço exorbitante, com certeza se deve isto ao calculo de impostos. Principalmente ao olhar para os combustíveis de produção, que refletem diretamente nos produtos finais de consumo, o custo tributário torna de difícil acesso toda a cadeia produtiva e por conseqüência a de consumo. Sem contar que o dinheiro arrecadado que deveria retornar em forma de saúde, educação, segurança para o povo acaba se perdendo em pastas, detrans, selos etc
E o povo gaúcho, o mesmo sangue farrapo, desta vez se acomoda e trabalha cada vez mais simplesmente para conseguir pagar seus impostos.
Não tem este artigo, a intenção de fazer cada gaúcho empunhar sua espada ou garrucha novamente e sair lutando contra o Estado, mas de fazer cada um refletir sobre até onde trabalharemos para pagar impostos sem nos levantarmos e pedir por impostos justos, que sejam a contraprestação dos serviços que o Estado presta ao povo.
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evetonin@hotmail.com
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