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16 de Junho de 2024
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    Ação na Internet denuncia ameaças contra blogueira

    Publicado por Âmbito Jurídico
    há 9 anos

    Mulher, professora, feminista. Há sete anos, Lola Aronovich começou a escrever em um blog opiniões sobre arte, política e, sobretudo, feminismo. Os textos ganharam repercussão por meio do Twitter, mas não geraram apenas debates.

    Desde 2011, a blogueira tem sido vítima de seguidas ameaças de estupro, tortura e até mesmo morte. As tentativas de intimidação se intensificaram nos últimos meses, levando-a a procurar a polícia pela segunda vez para registrar um boletim de ocorrência.

    Hoje (9), internautas usaram a rede social para manifestar apoio à Lola e às mulheres vítimas de opressão também no ambiente virtual. Utilizando a frase Porque não me calo, elas promoveram um tuitaço para repudiar as ações dos que Lola aponta serem masculinistas que defendem os direitos dos homens, muitas vezes contra as mulheres e afirmar que não aceitaram ser coagidas.

    "Porque o machismo mata todos os dias #PorqueNãoMeCalo", "Basta de violência online contra as mulheres" e "porque quase semanalmente mulheres são expostas em vídeos e fotos íntimas por parceiros e são humilhadas e xingadas" foram algumas das frases usadas na rede, quando a campanha se tornou um dos assuntos mais comentados do dia.

    As publicações dos masculinistas variam de fotos editadas, muitas vezes humilhantes, coação contra comentaristas, e até defesa do estupro corretivo ou de assassinato de mulheres, mas também de negros e homossexuais. No caso de Lola, junto às ameaças eles costumam publicar informações pessoais, como endereço residencial, foto da casa, CPF, placa do carro, entre outras.

    No começo, eram os trolls [pessoas que interferem em publicações de forma deliberada] normais, que sempre incomodam e são chatos, mas você descarta e não leva muito a sério, tanto que nos primeiros quatro anos do meu blog eu não tinha moderação de comentários. Mas chegou a um nível insustentável, diz a professora, e acrescenta que não se deixa abater, porque eu sei que é o modus operandi deles. É o que eles fazem. Não só aqui no Brasil.

    Em 2012, quando pela primeira vez procurou a polícia, ela denunciou dois homens que acabaram sendo processados e presos. Apesar das ameaças, ela não pretende parar de escrever. Não é uma opção, porque se não seria dizer que eles ganharam, afirma Lola, reiterando a reivindicação que circulou hoje no Twitter: não nos assediem.

    Na avaliação dela, o anonimato acaba facilitando a ação dessas pessoas. É muito fácil você intimidar e perseguir essas pessoas usando o anonimato, avalia, e acrescenta que faltam mecanismos de combate, investigação e resposta rápida em relação às ameaças sofridas no ambiente virtual.

    Hoje, quem se sentir ameaçado pode procurar a polícia ou registrar a queixa pelo telefone para o Disque 100, enviar carta para a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos ou usar a própria rede, acessando a SaferNet Brasil. Apenas em 2013, a SaferNet registrou 8.328 denúncias de crimes de ódio praticados na Internet.

    O crescimento desse tipo de situação levou a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República a criar grupo de trabalho com o objetivo de mapear crimes de ódio na Internet, em novembro do ano passado.

    Procurada pela Agência Brasil para saber se o grupo acompanha o caso de Lola, a assessoria da SDH explicou que não pode divulgar os casos analisados de forma específica, uma vez que aqueles identificados como de fato envolvendo violações à Legislação são encaminhados às autoridades competentes para investigação. O órgão informou, contudo, que o grupo deve ser reunir ainda este mês para debater as ações em curso, que serão fortalecidas neste ano.

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/acao-na-internet-denuncia-ameacas-contra-blogueira/160040429

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