Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
3 de Maio de 2024
    Adicione tópicos

    Adoção: 'eu sempre falei que quem escolheria meu filho seria meu coração'

    há 6 anos

    Em junho de 2012, Sueli Batista Pereira e seu marido, Otávio Pereira, adotaram o pequeno Lucas, na época com pouco mais de 3 anos. A trajetória desse casal começou anos antes ao tentar engravidar e descobrir que não podia. “Qualquer coisa mais na frente a gente adota, mãe é quem cria, quem dá amor, carinho”, conta Sueli, que argumentou, na época, com Otávio.

    Algum tempo depois, uma prima de Sueli ligou para o casal informando que conhecia uma mulher que queria entregar um bebê recém-nascido para adoção. Sueli e Otávio então pegaram a criança e ficaram com ela durante três dias. Contudo, o pai biológico apresentava sinais de que queria dinheiro para dar continuidade ao processo de adoção. Então, eles optaram por devolver o bebê.

    A partir dessa experiência, o casal decidiu se inscrever no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Ao procurar o Juizado da Infância e da Juventudade de Goiânia, eles deram início ao processo legal de adoção, participando também da Preparação Psicossocial e Jurídica (PPJ). Alguns meses depois, quando Sueli chegou do trabalho, foi informada que haviam ligado da unidade judiciária. A assistente social do juizado que telefonou deixou recado com a irmã de Sueli avisando que havia uma criança para adoção e que ela estaria um pouco fora do perfil estabelecido pelo casal. “A gente tinha colocado de 0 a 3 anos, independente de cor, de sexo, só queria que fosse saudável”, conta Sueli, ao explicar que a criança era um pouco mais velha do que haviam apontado.

    Logo depois de ser informada que havia uma criança disponível, Sueli foi até o juizado, onde se encontrou com Edvânia Freitas, hoje diretora da Divisão Psicossocial do Juizado da Infância e Juventude (JIJ) de Goiânia e na época assistente social, que explicou algumas questões da adoção. Edvânia esclareceu ainda que daria andamento no processo de adoção e pediu para Sueli voltar com Otávio para conhecer o pequeno Lucas. Foi ai que ela disse que surgiram na sua mente muitas indagações: “e se a gente não gostar dele? e se eu não souber conduzir a história?", conta.

    Segundo Sueli, tinha uma psicóloga para os ajudar, mas ela estava com medo de como ia ser, a expectativa era grande."Eu estava de costas e escutei ele chegando. Meu marido falou ‘ele é lindo’. Aí quando eu virei e o vi eu também disse que ele é lindo."Ela perguntou: posso te dar um abraço? Aquele abraço, afirma," matou tudo, eu sempre falei que quem iria escolher meu filho era o meu coração, não houve um segundo sequer de rejeição, foi um encontro de almas ". Ela conta que disse para a criança"sabia que você é muito bonito e cheiroso? Ele falou assim ‘eu sabo’”.

    O casal continuou visitando Lucas por alguns dias. Edvânia explica que aquele momento era o namoro e que eles precisavam namorar, noivar e casar. Segundo os pais, no terceiro dia de visita, Lucas já pediu para ir embora com eles. “Ele ficou chorando e eu, também. A psicóloga me disse que eu não podia chorar, então eu questionei o porquê e falei que o choro não desmerece a gente e que se ele viesse pra gente iria me ver chorando de alegria, raiva, emoção, por tudo, afinal ele vai ser parte da minha família”, relata Sueli.

    Sueli conta que machucou o pé e teve que ficar uma semana sem visitar Lucas, foi quando, numa sexta-feira, a assistente ligou e informou que a guarda provisória havia sido concedida ao casal. No sábado, às 8 horas, o casal buscou Lucas. Ao chegar em casa, todos os amigos e parentes estavam à espera do novo membro da família. “Ele olhava tudo a sua volta, passava a mão, parecia que ele não estava acreditando. Então eu falei pra ele: agora você tem um papai, você tem uma mamãe... Você tem uma família que te ama e que vai cuidar de você para o resto da vida...”, relembra Sueli.

    Muitos abraços

    O casal destaca que mesmo tendo pouco mais de 3 anos, Lucas falava com todos os amigos e familiares e abraçou a todos. “Não tem um dia sequer que ele não fala que me ama. Não tem um dia que ele não olhe e dia ‘você é linda, você é cheirosa’. Ele tem uma ligação muito forte com o pai também”, destaca Sueli. Para o casal, Lucas veio ocupar um espaço que estava reservado para ele.

    A primeira e única vez que Lucas perguntou se tinha saído da barriga de Sueli, o casal conta que tratou a situação com naturalidade e explicou que ele realmente não havia saído de dentro dela, mas que ele era um filho de alma e que essa ligação é mais forte do que qualquer laço de sangue. Para eles, Lucas também os escolheu e por esse motivo eles decidiram que nunca iriam mentir sobre a adoção.

    Em relação à idade de Lucas, eles nunca se arrependeram da adoção. E mesmo ele não sendo, na época, um bebê, o que realmente importava para eles era a linguagem do coração. “Minha família é muito grande: vovó, primo, tio. Eu sempre quis um irmãozinho. Hoje, eu brinco com a mamãe que quero um irmão e ela diz que vai arrumar esse ano. Eu amo muito meu pai e minha mãe, eles representam um amor inexplicável”, declara Lucas animado.

    Adoção

    A Adoção é uma das formas previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente para colocação de criança/adolescente em família substituta. De acordo com o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), há 40.484 pretendentes disponíveis para adotar no Brasil, enquanto o número de crianças e adolescentes disponíveis é 4.800. Ainda, segundo o CNA, em Goiás, há 115 crianças disponíveis para adoção e 1.338 pretendentes habilitados. O número de pessoas interessadas em adotar não é suficiente devido ao perfil de crianças desejado.

    “A Adoção de crianças mais velhas, grupos de irmãos, crianças com algum tipo de problema grave de saúde, sem dúvida alguma é mais difícil de ocorrer. Atualmente, o CNA tem preferencialmente o perfil de uma a duas crianças de 0 a 3 anos de idade”, esclarece Edvânia Freitas. Entre as 4.800 crianças disponíveis no Brasil há apenas 115 com a idade de 0 a 3 anos.

    Procedimento

    Os interessados em se cadastrar para adoção que residem em Goiânia deverão agendar entrevista com a Equipe Interprofissional do Juizado da Infância e Juventude de Goiânia, pelo telefone (62) 3236-2714 / 3236-2700 ou comparecer pessoalmente na Rua T-47, esquina com Rua T30, nº 669, no Setor Bueno. Nesta entrevista, os candidatos serão orientados a respeito da documentação necessária e sobre a tramitação processual.

    Após providenciarem os documentos exigidos, os interessados deverão formalizar o processo de inscrição para adoção, entregando a documentação no protocolo e assinando um requerimento. O próximo passo é a entrevista com a equipe interprofissional do JIJ. Na ocasião, será preenchida a ficha de pré-inscrição para a Preparação Psicossocial e Jurídica (PPJ), conforme § 3º, do artigo 50, da Lei nº 12.010/2009. Posteriormente, receberão visita do Juízado para verificar as condições de moradia. Quando for definida a PPJ (composta por 5 módulos), os interessados serão contatados para confirmarem sua possível participação. "Nosso objetivo é promover o encontro entre famílias e crianças/adolescentes, que sejam plenos de amor e sucesso, multiplicando a cultura da adoção na nossa sociedade, através de laços de efetivo pertencimento", destaca Edvânia.

    Relatório de Pretendentes Disponíveis / Relatório de Crianças e Adolescentes Disponíveis - Fonte: Cadastro Nacional de Adoção (CNA), relatórios gerados no dia 19 de março, às 15h. (Texto: Jhiwslayne Vieira - Estagiária / Fotos: Aline Caetano - Centro de Comunicação Social do TJGO)

    • Publicações18748
    • Seguidores492
    Detalhes da publicação
    • Tipo do documentoNotícia
    • Visualizações191
    De onde vêm as informações do Jusbrasil?
    Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/adocao-eu-sempre-falei-que-quem-escolheria-meu-filho-seria-meu-coracao/557491198

    0 Comentários

    Faça um comentário construtivo para esse documento.

    Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)