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2 de Maio de 2024
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    Ainda sem provas materiais - Jornal do Commercio (Cidades)

    ITAÍBA Uma semana após a execução de Thiago Faria, a polícia não tem evidências materiais como a arma ou o carro usados no crime

    Uma semana depois da morte do promotor de Justiça de Itaíba, Thiago Faria Soares, 36 anos, a Polícia Civil ainda continua numa busca incessante por provas materiais que reforcem a linha de investigação de que o promotor foi assassinado pelo agricultor Edmacy Ubirajara, a mando do fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, por causa de disputa de terras. Na prática, a polícia tem, até agora, apenas o reconhecimento de Edmacy pela principal testemunha ocular do assassinato, a noiva do promotor, a advogada Mysheva Freire Ferrão Martins. Não há provas materiais. Nem o carro nem as armas usadas no crime ainda foram localizados. Na ânsia de encontrar provas para fundamentar o inquérito, a polícia passou a manhã de ontem às voltas com a localização de um carro do mesmo modelo do veículo suspeito de ter sido usado para praticar o crime, um Corsa hatch escuro, encontrado completamente carbonizado a dois quilômetros do Centro de Águas Belas, no Agreste Meridional pernambucano.

    A localização do Corsa queimado e a expectativa da polícia de que fosse o carro do crime mobilizou as equipes que investigam o caso e, principalmente, a cúpula da Secretaria de Defesa Social (SDS), que enviou uma peritos criminais de helicóptero até a cidade para periciar o veículo. Em pouco mais de uma hora os profissionais chegaram a Águas Belas e, para frustração de todos, constataram que o Corsa carbonizado era branco e foi incendiado pelo próprio dono, quando estava embriagado. A placa do veículo era KEU-2402, ano 2003.

    O carro foi queimado na madrugada de ontem e localizado no Loteamento Dirceu Raimundo, por trás do INSS de Águas Belas. "Conseguimos resgatar parte do chassi do veículo e da placa, apesar da forte combustão. Fizemos um comparativo com o documento do carro e comprovamos que não se tratava do mesmo veículo tido como suspeito. No documento ele está registrado como branco e nós conseguimos comprovar ao identificar a cor original, apesar da forte combustão", explicou Fernando Benevides, chefe dos peritos criminais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

    O carro suspeito, segundo a polícia, seria um Corsa Hatch cinza escuro ou preto, segundo afirmações de Mysheva Martins, que já definiu o veículo como um Uno, depois um Celta e, agora, um Corsa.

    Na madrugada de ontem também aconteceu um homicídio na zona rural de Águas Belas, levantando mais suspeitas de uma possível ligação com o crime. Mas a vítima, Sérgio Teixeira de Andrade, foi morto a pedradas e tinha envolvimento com drogas, o que foge ao perfil do possíveis assassinatos do promotor.

    O delegado que preside o inquérito, Rômulo Holanda, desconversou sobre a falta de provas materiais. "De fato nós acreditamos que poderia ser o mesmo veículo, até porque é muita coincidência um carro com as mesmas características ser incendiado na cidade. Mas continuamos trabalhando para localizar mais provas", disse. Na versão do delegado, pelo menos por enquanto, a noiva do promotor não tem apresentado contradições no depoimento. "Ela reconheceu o Edmacy Ubirajara como autor dos disparos e essa é a principal prova que temos", confirmou.

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    Gol de Edmacy está em Iati

    O Gol preto, que a família de Edmacy Ubirajara garante ser dirigido por ele no dia em que o promotor Thiago Faria foi assassinado, de fato existe e está desde a segunda-feira do crime guardado na garagem do agricultor, em Santa Rosa, distrito de Iati, a 35 quilômetros de Águas Belas. A reportagem esteve na fazenda e encontrou o veículo estacionado ao lado da casa grande, com dois pneus murchos e aparentemente sem ser usado há uma semana. O carro aparece em três das cinco imagens gravadas por câmeras instaladas no comércio de Águas Belas, que estão sendo usadas como álibi da defesa do agricultor, o único suspeito de envolvimento no crime preso até agora.

    O Gol de placa KLP-7124 foi periciado ano dia 14, data da morte do promotor, na própria fazenda de Edmacy. Os peritos buscavam indícios de que outras pessoas poderiam ter usado o veículo, além do agricultor. Caseiros da fazenda confirmaram que o Gol foi estacionado na garagem ainda na manhã do dia do crime, depois que Edmacy retornou de Águas Belas. O veículo, segundo a família do agricultor, é único carro que ele possui e faz parte do espólio da Fazenda Nova, da qual a irmã do agricultor, Jandira Cruz Ubirajara, é uma das várias herdeiras, e o irmão, Carlos Ubirajara, é o inventariante.

    A família Ubirajara apresentou imagens e testemunhos de que o agricultor não estava no local do crime. O material reúne cinco imagens de vídeos de câmeras existentes na cidade e o nome de 12 pessoas que estiveram com Edmacy durante o horário do assassinato de Thiago Faria na PE-300, entre funcionários e comerciantes locais, além de parentes.

    Ontem, o JC entrevistou outra testemunha apontada pela defesa de Edmacy, o agricultor Lúcio Raia, 59 anos, que conversou com o acusado entre as 8h30 e as 9h10. "Eu estava na frente da casa do concunhado de Edmacy, José Rodrigues, quando ele apareceu. Ficamos conversando um bom tempo. O promotor até passou por nós e o carro dele, muito imponente, chamou atenção. Eu perguntei e me disseram que pertencia ao promotor. Ficamos mais um tempo conversando e Edmacy foi embora. Eu saí em seguida. Eram 9h10", disse.

    O material Ubirajara mostra que entre as 8h e as 9h20 do dia 14 o acusado seguiu uma rota dentro de Águas Belas, comprovada nas imagens das câmeras e no depoimento das pessoas que estiveram ou falaram com ele. Segundo a Polícia Civil, Thiago Faria saiu de casa, ao lado da noiva, às 8h15 do dia 14, sendo assassinado por volta das 9h.

    Corregedoria envia equipe a Águas Belas

    A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) enviou, no último final de semana, uma equipe de seis pessoas ao município de Águas Belas, onde se concentra a investigação sobre a morte do promotor Thiago Faria Soares, 37 anos, ocorrida no último dia 14. Informações extraoficiais dão conta de uma suspeita de favorecimento à família de Mysheva Martins, noiva da vítima e sobrevivente do atentado.

    O grupo operacional é liderado pelo corregedor-auxiliar, Djalma Raposo, e conta com outros cinco policiais civis integrantes do órgão. O corregedor-geral da SDS, José Sidney Veras Lemos, negou qualquer indício de pressão ou influência por parte dos Martins no trabalho realizado pela Polícia Civil em parceria com o Ministério Público.

    "Não ficou constatado qualquer envolvimento ou influência da família Martins dentro da polícia. Sabemos que eles têm poder na região, mas não na atividade policial. Estamos com uma equipe lá justamente para evitar que haja esse tipo de coisa. Se a gente tivesse notícia de influência, nosso procedimento seria outro, enviando uma equipe de inteligência além da equipe de operação", afirmou Sidney Lemos. Ele informou que o objetivo principal da missão é "verificar a regularidade dos procedimentos". "Temos que trabalhar para não deixar problemas pendentes", frisou.

    Imagens não inocentam, diz Damázio

    O secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, minimizou ontem as imagens divulgadas no dia anterior pela família do agricultor Edmacy Ubirajara, 47 anos, e que tirariam da cena do crime o homem acusado de executar o promotor Thiago Faria Soares. Damázio disse que a Polícia Civil já possui, desde a última terça-feira, as mesmas gravações feitas por câmeras de segurança e garantiu que a análise do material, feita no Recife, não inocenta o suspeito.

    "A gente já tinha isso. Não é novidade para a polícia nem muda em nada. Checamos tudo e a análise do material põe Edmacy na rota no crime. O percurso dos carros já tinha sido analisado" , declarou Wilson Damázio. "Eles alegam que o carro foi para um lugar e voltou. Esse roteiro foi refeito pelos policiais. Mesmo se ele estiver dirigindo o Gol preto das filmagens, dá tempo de ele estar no lugar da execução." A SDS está tentando ampliar a imagem do Gol preto, para verificar se era mesmo Edmacy quem estava dirigindo. O vidro do motorista está aberto, o que pode facilitar os trabalhos.

    O dossiê da família do suspeito reúne cinco imagens de câmeras de segurança e o nome de 12 pessoas que estiveram com Edmacy no horário do assassinato na PE-300.

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